A conversão que mudou a história da Igreja

Em 25 de janeiro, celebramos a Conversão de São Paulo Apóstolo e, também, o aniversário de fundação da cidade que, em homenagem a ele, ganhou o seu nome. 

A ocasião convida-nos a refletir sobre a importância da vida e conversão de São Paulo e o quanto a sua ação missionária determinou os rumos da história do Cristianismo. Tanto é assim que a Igreja Católica dedica a ele duas datas comemorativas: a de sua conversão e a de seu martírio, em 29 de junho, quando celebramos também o martírio de São Pedro Apóstolo. Ambos são considerados as colunas da Igreja. Enquanto Pedro é venerado por ser a “pedra” sobre a qual o Senhor edificou a Igreja (razão pela qual se celebra a Cátedra de Pedro em 22 de fevereiro),  Paulo é o apóstolo responsável pela expansão do Evangelho aos diferentes povos, missão essa que não existiria sem a experiência transformadora vivida no caminho para Damasco.   

Quando falamos da conversão de São Paulo, não nos referimos apenas a um esforço meramente humano de mudança de vida. Saulo, como antes era conhecido, não encontrou o Cristo, mas, sim, foi encontrado por Ele e teve a sua vida interiormente transformada. Se o pescador Simão se tornou Pedro, a pedra para a edificação da Igreja de Cristo, Saulo, ao ser alcançado pela graça e misericórdia de Deus, tornou-se Paulo e, de perseguidor implacável da Igreja, tornou-se um incansável apóstolo do Evangelho de Cristo.

Não temos como precisar quanto tempo durou o processo de conversão de São Paulo, mas sabemos que não foi imediato. Sabe-se que, após a experiência de Damasco, ele viveu três anos na Arábia antes de se encontrar com os outros apóstolos. É como se ele precisasse amadurecer a experiência vivida. Além disso, dado quem ele era, as pessoas não iriam acreditar de imediato na sua transformação radical. Era preciso um tempo para assimilar essa existência transfigurada.

Imaginemos se ele tivesse vivido em nossos tempos, quando cada passo, ou atitude, fica registrado nas redes sociais. Será que daríamos credibilidade à pregação de alguém como Paulo, após vermos seu histórico de perseguição aos cristãos? Acreditaríamos em sua conversão? Talvez, Paulo seria “cancelado” como acontece com muitas personalidades públicas hoje em dia. 

Porém, imaginamos que aqueles que tiveram contato com esse apóstolo logo perceberam que sua conversão não consistiu apenas na mudança de alguns aspectos, hábitos ou discursos. Foi algo muito mais profundo que deu credibilidade ao seu apostolado. Houve uma mudança radical que o levou a um amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo, a quem ele não só passou a servir e anunciar, como também buscou configurar toda a sua vida a ponto de afirmar: “Já não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Não temos dúvida de que a Igreja não existiria hoje sem o testemunho dos apóstolos transmitido de geração em geração. Ao contemplarmos a pessoa de São Paulo, ousemos nos perguntar: o que seria da Igreja de Cristo sem aquele encontro transformador que fez Saulo “cair por terra” e o impulsionou a levar a pregação cristã aos “confins do mundo” da época?

Como São Paulo, patrono de nossa Arquidiocese, deixemo-nos também nós ser alcançados por Jesus Cristo, o único capaz de transformar as nossas vidas e nos tornar suas testemunhas nesta cidade e no mundo.

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