Adentramos nesta quarta-feira, 7, em um momento crucial na vida da Igreja: a escolha de um novo Sucessor de Pedro, pelos cardeais reunidos em Conclave. Nesse momento, é fundamental para nós, católicos, decidir, desde já, ter uma firme devoção ao homem que Deus vier a designar para este cargo sublime. Esta devoção não é opcional, mas uma parte essencial de toda a piedade cristã.
Isso porque, no fundo, a vida de cada cristão não é outra coisa senão a própria participação na vida de Jesus Cristo. A vida de Cristo sobre a terra, no Israel de dois mil anos atrás, durou 33 anos. Nosso instinto cristão pode ser, à primeira vista, de lamentar não termos vivido naquela época: e, então, nós nos colocamos a imaginar todas as mostras de carinho que daríamos ao Senhor, seguindo-O pelos povoados, ouvindo Suas pregações, ajudando-O com as tarefas práticas de modo que Ele tivesse tempo para se dedicar às multidões… Mas, como dizia o Padre William F. Faber, “aqui entra a grande maravilha da vida cristã. Essas coisas não são um mero desejo, um sonho romântico ou um artifício irreal de amor. Os 33 anos não acabaram. Jesus continua conosco. Aqui e agora, como na Judeia de antigamente, serviços pessoais e reais a Jesus são os meios pelos quais nos santificamos” (On Devotion to the Pope, 1860).
E se nós temos esses anseios de amar Jesus não apenas em nosso coração, mas também de forma visível e pessoal, Nosso Senhor deixou na terra algumas presenças visíveis de Si mesmo, para que, nelas, pudéssemos servi-Lo como os apóstolos.
A presença mais maravilhosa e direta de Jesus é o Santíssimo Sacramento, que O torna presente e ao qual servimos por meio da adoração. Mas além desta presença sacramental, Jesus escolheu outros “Eus” visíveis: os pobres, para que sirvamos a Ele por meio de nossa generosidade amorosa (cf. Mt 25,40); as crianças, de modo que atos de bondade religiosa para com os pequenos são atos de bondade para consigo mesmo (cf. Mt 18,5-6); e aos nossos próximos.
Para satisfazer essa necessidade de tê-Lo como Mestre visível, Jesus nos deixou o Papa (cf. Mt 16,18; Jo 21,15-18). O Papa é, também, uma presença visível de Jesus entre nós. Ele é o Vigário de Jesus na terra; seu ofício emana da mesma profundidade do Sagrado Coração que deu origem ao Santíssimo Sacramento.
Portanto, a devoção ao Papa não é uma questão de mera conveniência de governo eclesiástico, como quem diz, “desse Papa eu gosto; deste outro, nem tanto”. É uma doutrina e uma devoção essencial, parte integrante do plano de Nosso Senhor. O que é feito ao Papa, a favor ou contra ele, é feito a Jesus mesmo. Tudo o que é real, tudo o que é grandioso, tudo o que é sacerdotal em Nosso Senhor é reunido na pessoa de Seu Vigário.
Ao iniciarmos este novo período na vida da Igreja, enquanto aguardamos a escolha do Vigário de Cristo, sejamos fiéis a este chamado à devoção. Rezemos incessantemente para que Deus escolha um Pastor santo, um homem segundo o Seu Coração, capaz de guiar a Igreja nos caminhos do Evangelho. E, igualmente importante, peçamos a Deus a graça da verdadeira devoção ao Santo Padre que for eleito, independentemente de qual seja. Que nossos corações estejam sempre abertos para amá-lo, honrá-lo e defendê-lo, pois ao fazê-lo, estamos amando, honrando e defendendo o próprio Jesus Cristo.