A vida humana em risco

Nesta segunda-feira, 16, o deputado federal Enrico Misasi (MDB) usou a sua rede social para chamar a atenção sobre a revogação de portarias do Ministério da Saúde feita pela nova gestão da pasta, três das quais, na opinião do deputado, “sinalizam uma mudança de curso, um grave retrocesso que coloca a vida humana em risco desnecessariamente”.

Uma delas, a que ganhou mais repercussão, estabelecia que médicos e profissionais de saúde deveriam comunicar à polícia indícios ou a confirmação do crime de estupro em pacientes. Essa norma toca sensivelmente o tema do aborto, já que a legislação brasileira exclui a ilicitude da prática após estupro.

Com a revogação, voltamos no tempo. Passa a ser mais difícil que crimes de estupro possam ser coibidos e punidos. Simultaneamente, abrem-se brechas para falsas alegações de crime, para a relativização do direito à vida e para que o País não tenha dados precisos sobre delitos. Anos atrás, a vítima foi desobrigada a apresentar boletim de ocorrência ao alegar estupro, bastando apenas sua declaração para realizar a prática do aborto. A polícia não era informada, o crime não era investigado e o aborto era realizado.

Em sentido oposto, ao tornar obrigatória a comunicação do estupro à polícia, impedia-se, por exemplo, que o abusador induzisse o aborto e voltasse a cometer o estupro, tendo em vista que grande parte das violações a crianças e adolescentes acontece na casa das vítimas. Evidentemente, protegiam-se as duas vidas. 

Outras duas portarias, agora extintas, criavam e detalhavam o funcionamento da Rede de Atenção Materna e Infantil, para amparar a mulher e a criança. À mulher conferia o direito ao planejamento familiar, ao acolhimento humanizado, do pré-natal ao puerpério, mesmo se houvesse perda gestacional; ao recém-nascido e à criança, o direito ao nascimento seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento saudável.

A justificativa dada pela nova chefe da pasta, ao defender, semanas atrás, a revogação de algumas medidas, foi que tais normas seriam “sem base científica, sem amparo legal, que contrariam princípios do SUS”.

É razoável, e premente, discordar de cada uma dessas adjetivações. Se defender a vida, coibir abuso sexual e desenvolver uma rede de atenção humanizada à mãe e à criança não são princípios da saúde pública que conferem dignidade à pessoa humana, o que mais será? E há outras perguntas: por que abolir as normas? E por que agora?

Infelizmente, mudar o curso e regredir na defesa da vida, tanto da mãe, quanto do bebê, desde a concepção, é partir rumo a um destino nefasto. A agenda política, social ou econômica, independentemente do espectro ideológico, não pode, jamais, sobrepor-se ao direito elementar à vida. Essa não pode ser a saúde pública que nosso país verá nos próximos anos. 

Sob a justificativa de romper o invólucro do “negacionismo”, não é possível que a vida humana se subjugue a diretrizes de governo. Irrefutavelmente, o nascituro, a mãe e a criança são pessoas, e a elas a legislação brasileira confere dignidade e direitos.

Defender a vida dos mais vulneráveis, como nos propõe a Igreja, exige também vigilância. Cabe repetir o apelo de São João Paulo II na Evangelium vitae, que se mantém atual: respeita, defende, ama e serve a vida, cada vida humana! Unicamente por esta estrada, encontrarás justiça, progresso, verdadeira liberdade, paz e felicidade!

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Maria Stela A.do Amaral
Maria Stela A.do Amaral
1 ano atrás

Não tire a vida de um ser que está sendo gerado em você ! Não se permita levar essa dor , essa ofensa à Deus o criador pela Sua vida afora !!!!
Essa dor !! Esse pecado de tirar uma vida não darão paz no coração pelo resto da sua vida !!!’

Júlia Roberto Barbi
Júlia Roberto Barbi
1 ano atrás

A Vida é o maior dom , que Deus nos confiou🙌

Pier Luigi A. Roberto
Pier Luigi A. Roberto
1 ano atrás

Nosso país e outros estão repetido as perversidades dos povos antigos, os quais provocaram a justa irá de Deus e foram punidos por isso, conforme vemos na Bíblia – Salmo 106:35,37-38,40-41 ‘Em vez disso, misturaram-se com elas e adotaram seus costumes. Chegaram a sacrificar aos demônios seus filhos e filhas. Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas. Ao oferecer sacrifícios aos ídolos de Canaã, contaminaram a terra com sangue. Por isso, a ira do Senhor se acendeu, e ele sentiu aversão por seu povo, sua propriedade. Entregou-os às nações, e foram dominados por aqueles que os odiavam.

Ligia Maria Barbosa de Carvalho de Carvalho
Ligia Maria Barbosa de Carvalho de Carvalho
1 ano atrás

O nosso Deus sabe de tudo e vê tudo! A legislação já admite o aborto em casos graves, porquê aumentar a possibilidade dando plena liberdade para o cometimento de mais esse crime imperdoável? Nem os animais irracionais agem assim! Já ñ basta descriminalizar os furtos ditos de pequena monta? A que se chega autorizar esse verdadeiro infanticídio?

Raul Alves
Raul Alves
1 ano atrás

A concepção da vida é uma obra de Deus, lembre-se que toda vida ė um elo para a evolução das gerações futuras. O que autoriza o ser humano quebrar essa evolução? Manter a vida ė agradecer a Deus.