Amai-vos uns aos outros

Neste tempo litúrgico que estamos vivendo, continua ressoando em nossos ouvidos e no coração o “Aleluia Pascal”, que nos enche de paz e esperança, dons de Cristo Ressuscitado para a vida da Igreja e do mundo. São dias de júbilo em honra do Redentor, como nos diz a oração da coleta da Eucaristia do 6o Domingo da Páscoa, para que a nossa vida corresponda aos mistérios da fé que recordamos. 

A Palavra de Deus nos lembra de que Deus é amor, Jesus Cristo nos ama dando a sua vida por nós e o Santo Espírito continua infundindo nos corações o amor do Pai e do Filho. O amor de Deus se manifestou ao enviar seu próprio Filho único para que sejamos salvos, tenhamos Nele a verdadeira vida, vençamos a morte.  Neste domingo, tudo nos fala do amor. 

Na narrativa dos Atos dos Apóstolos (At 10,25-26.34-35.44-48), vemos que o amor gera a comunidade, superando todas as barreiras e divisões. Deus não faz distinção de pessoas, pois o dom do Espírito Santo foi derramado também sobre os pagãos. Somos chamados a viver no amor de Deus, em comunhão, e na prática da justiça. O temor de Deus se traduz na oração e na solidariedade com o povo sofredor. O Espírito Santo age e caminha à frente da comunidade, pois a missão depende essencialmente da obediência ao Espírito. A Igreja é semente do Reino de Deus, não deve discriminar, mas unir em torno do que é essencial, e no Batismo está a fonte da vida cristã: “E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (At 10,48). O amor de Deus pela humanidade não tem fronteiras, é sem limites. 

O Evangelho (Jo 15,9-17) nos revela que o amor é a essência mesma da vida de Deus e de cada pessoa. O Pai ama o Filho que lhe comunica o Espírito Santo. Há um laço estreito entre a Trindade e a comunidade cristã, na qual a vida trinitária circula e se expressa no relacionamento fraterno e solidário entre as pessoas. Jesus nos ama dando-nos o seu Espírito, fazendo-nos seus amigos, ao guardarmos seus mandamentos. Permanecer no amor de Jesus é assumir seu projeto de amor, as bem-aventuranças, a realização do Reino de Deus, especialmente no serviço e na doação da vida. Amar é viver o testemunhar o santo Evangelho, na comunidade, pois o amor produz a alegria de Jesus, que se torna a alegria da comunidade. O fundamento da missão é o amor: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos” (Jo 15,13). Jesus é o Mestre e o Senhor, Ele nos escolheu como seus colaboradores na missão, produzindo frutos de amor que permanecem. A única ordem é esta: “Amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17).

A primeira carta de João (1Jo 4,7-10) nos recorda que em Deus experimentamos o verdadeiro amor, pois “Deus é amor” (v. 8). Por diversas vezes, o texto usa a palavra “ágape” – amor solidário. Da prática do amor dependem a nossa fé, a esperança e a caridade. Sem o amor nada existe, nem Deus, pois Ele é o Amor. O amor vem de Deus e só quem ama é que pode se considerar filho de Deus. E no amor se conhece a Deus, se experimenta o seu amor, que se expressa no compromisso fundamental com os filhos e filhas de Deus, o seu povo.

Iluminados pela Palavra de Deus, fortalecidos pela Eucaristia, vamos viver no amor e nos amar uns aos outros, como Ele mesmo nos amou. E hoje, com gratidão, rezar pelas nossas mães, em seu dia, rendendo graças pelo dom de suas vidas, o amor com que nos amam, pois, segundo a semelhança de Jesus Cristo, nos deram a vida, e continuam nos amando com seu amor, tão humano, e tão divino, que só pode ser expressão do amor de Deus por nós.

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