Vem crescendo o chamado bed rotting (apodrecer na cama), especialmente entre os jovens, e é importante que os pais entendam o que significa e quais impactos isso pode gerar na vida dos filhos e da família, para que encontrem forças para levar os jovens ao que realmente os transformará em homens e mulheres de verdade.
É um fato que a qualidade de sono piorou bastante tanto entre jovens quanto entre adultos, e não só no Brasil. De acordo com a mais recente pesquisa Mattress Firm Sleep Index, 53% dos norte-americanos avaliam como ruim a qualidade de seu sono, e associam tal piora ao estresse do trabalho; na população que ainda não tem atividades de trabalho, atribui-se ao uso intensivo de telas e ao acesso excessivo a informações.
Certamente o bed rotting não parece ser uma saída eficiente de autocuidado e descanso perante a piora na qualidade do sono. Nele, a ideia é permanecer por horas na cama, rolando o feed no celular ou maratonando séries com o intuito de descansar, recarregar as energias. Na verdade, porém, trata-se de um costume que gera muito mais prejuízos do que ganhos. Muitos jovens têm aderido a essa prática e divulgado nas redes como um autocuidado. No entanto, trata-se de um movimento de fuga, de autossabotagem, de preguiça disfarçada de autocuidado.
Essa prática pode piorar consideravelmente a qualidade do sono na medida em que enfraquece a associação entre cama e sono, desregula o ritmo circadiano (atrasa o acúmulo de sono e torna mais difícil dormir à noite), aumenta a fadiga ao invés de reduzi-la; afinal a atividade física e a exposição ao sol, à luz natural, ajudam a regular os níveis de energia. Outro fator também deve ser considerado: quanto mais se passa tempo na cama em atividades que não seja dormir, mais o cérebro associa a cama à atenção e não ao descanso.
Por isso, é preciso que pais se informem e se posicionem para formarem bem seus filhos, inclusive os maiores que pensam já saber definir o melhor para suas vidas. Para ter vida mais saudável e tempo de descanso efetivo, continuam valendo as antigas práticas virtuosas: priorizar o movimento matinal (levantar-se, expor-se ao sol ou à luz natural pela manhã regulam o ciclo biológico), usar a cama somente para dormir, manter horário regular para adormecer e acordar (rotina saudável promove descanso mais adequado).
Quando os pais são permissivos, excessivamente compreensivos com o “cansaço” do adolescente e coniventes com o uso quase compulsivo de telas, acabam não implementando práticas um pouco mais exigentes para tirar os filhos da zona de conforto e prepará-los para os desafios reais da vida adulta. O que se cria é uma geração preguiçosa, pouco comprometida com o crescimento próprio e o serviço aos demais. Pessoas que não estão buscando um sentido verdadeiro para a vida estarão mais vulneráveis à depressão, ansiedade e doenças psíquicas mais graves, além de não conseguirem escrever uma biografia da qual possam se orgulhar.
Esta é uma missão fundamental da família: ensinar os filhos a viver, levá-los a desenvolver ao máximo o potencial que têm. Entretanto, estamos falhando gravemente nela. Os pais estão muito preocupados com os sentimentos e conforto emocional dos jovens, e pouco conscientes de que preparar para a vida é fortalecê-los para não se escravizarem pelo prazer e conforto, mas que sejam capazes de transcendê-los e buscar a verdadeira felicidade e liberdade, as quais somente encontrarão quando forem capazes de vencer a si mesmos, de encontrar propósito para vida e de criar meios de alcançá-los.
Coragem, pais, vale a pena!






