Comunicar com o coração

Na mensagem para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, publicada no dia 24 de janeiro, o Papa Francisco propôs uma reflexão sobre o tema “Falar com o coração”.  No texto trata da necessidade de “comunicar cordialmente”, expressão que faz referência à palavra latina cordis (coração), para ressaltar que “é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora”. 

Como exemplo, o Papa recorda a imagem bíblica do peregrino – o próprio Cristo – que dialoga com os discípulos a caminho de Emaús, após sua paixão e morte na cruz. “A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido. De fato, eles podem exclamar com alegria que o coração lhes ardia no peito enquanto Ele conversava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras (cf. Lc 24,32)”, sublinha Francisco.

O Pontífice observa que, “em um período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol de uma comunicação ‘de coração e braços abertos’ não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um”. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor, exortados a “guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34,14), pois com ela – como ensina a Escritura – podemos bendizer o Senhor e amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus (cf. Tg 3,9)”. 

Como modelo de alguém que comunicava com o coração, o Papa indica São Francisco de Sales, bispo, doutor da Igreja e padroeiro dos jornalistas católicos. O Santo Padre destaca que a mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram desse Santo uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. 

“É a partir deste ‘critério do amor’ que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que ‘somos aquilo que comunicamos’: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser”, escreve Francisco, exortando os agentes da comunicação a se sentirem inspirados “por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas”.

Olhando para a Igreja e sua missão, o Papa afirma que “temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”, e completa: “hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade”. Ele nos recorda que, como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, “pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano”.

Por fim, o Papa pede que o Senhor Jesus nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial, a nos colocar à escuta do “palpitar dos corações” e a dizer a verdade no amor. 

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Monica
Monica
1 ano atrás

Estarmos à disposição de Deus por amor e com amor para que cada um de nós possa construir e vivenciar a Paz e amor em sua essência.Agradecendo e pedindo a Deus a misericórdia e perdão por nossas misérias a cada dia porque a perfeição só pertence a Ele