Educação sexual dos filhos: por onde começar?

Eis um assunto que preocupa bastante os pais, professores e todos aqueles que, de algum modo, estão envolvidos na educação de crianças e adolescentes. 

A realidade, hoje, é bastante complicada no que diz respeito aos estímulos que são oferecidos na área da sexualidade e, se os pais não estiverem atentos, quando menos esperarem, os filhos estarão deformados nesse aspecto. Por isso mesmo é preciso que os pais dediquem tempo para se formar e assim poder bem formar os filhos.  

Quando falamos de sexualidade, estamos tratando de um aspecto importante da vida humana, na medida em que se trata de um canal de complementaridade e procriação, ou seja, a forma como a espécie se mantém. Por meio da sexualidade, vivida no convívio conjugal, o dom da vida se faz possível e novos seres chegam ao mundo com toda a sua riqueza.

Até mesmo para podermos orientar os filhos com propriedade sobre os diversos desafios que estão colocados hoje em dia: homossexualidade, gestação na adolescência, aborto, relacionamento homoafetivo, manifestação sexual natural X opção sexual, abuso infantil, pedofilia, masturbação, precisamos entender a riqueza presente nessa dimensão humana e educá-los desde cedo para percebê-la. 

Mais do que isso, precisamos nos reeducar: será que sabemos ao certo em que acreditamos, ou vamos nos moldando ao que vai sendo oferecido como “normal” a cada momento? Sabemos identificar os nossos valores no que diz respeito à sexualidade e como manejá-la? Acreditamos que nossos filhos homens precisam iniciar o relacionamento sexual cedo? Pensamos que é natural que na adolescência os filhos iniciem a vida sexual e cuidamos somente de “protegê-los do risco da gravidez”? Nós nos entregamos à força dos impulsos que muitos tomam como naturais ou conseguimos identificar um bem maior do que simplesmente acompanhar o fluxo do “hoje em dia é assim mesmo”? 

Então, vamos lá: primeiro, busquem no fundo da consciência as verdadeiras crenças, os verdadeiros valores que têm conduzido suas ações e pensamentos nesse campo. Não podemos transmitir algo de que não tenhamos convicção; afinal, nesse caso, o jogo já começa perdido.

Feito isso, vamos pensar na ação com os filhos. A sexualidade está intimamente ligada à afetividade, ou seja, se queremos uma sexualidade bem-educada, bem direcionada, é fundamental que eduquemos a afetividade dos nossos filhos. E como fazer isso? Ajudando, desde cedo, as crianças a dominarem os excessos, os desejos desordenados. Sabemos que as crianças pequenas são movidas por desejos e que não têm controle sobre eles. O controle é exercido pelos pais, que vão direcionando as crianças ao que é bom. Esse trabalho precisa ser bem-feito, ajudando os pequenos a caminharem rumo à virtude da temperança. A busca dessa virtude esbarra necessariamente em outra também muito importante: a virtude da fortaleza. Há que se estimular a fortaleza nos pequenos para que eles possam resistir aos impulsos do desejo e aderir a um bem, pela via da obediência, uma vez que, a princípio, somente os pais têm consciência desse bem. 

A educação da afetividade, conforme vai acontecendo, cria a possibilidade de a criança aprender a amar o outro em vez de se centrar no amor a si mesma. É exatamente isso que vai levá-la a descobrir o verdadeiro amor: o amor de doação, o amor que é por excelência o amor humano. Aquele que deve estar na base de um relacionamento sexual saudável; afinal, a sexualidade é grande e preciosa demais para ser reduzida ao prazer, não acham?

Sendo assim, o segundo e importante passo é educar a afetividade dos filhos, ajudando-os desde cedo a caminhar rumo à temperança e à fortaleza. 

Um terceiro passo, também muito importante, é ter a consciência de que o melhor lugar para que eles aprendam sobre o amor humano em todas as suas dimensões, inclusive a sexual, é a família. Portanto, em casa, evitem os estímulos contrários ao que queremos ensinar – cuidado com as músicas, filmes, desenhos que instrumentalizam a sexualidade humana. Tratem esse assunto com sabedoria, relacionando-o ao amor. Falar com clareza, com o cuidado de responder ao que eles perguntam, sem se exceder em informações para as quais não estão preparados, é muito importante. Que percebam segurança nas informações e conversas que recebem em casa, para que tenham critérios seguros diante dos desafios que encontrarão. 

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A. P. A.
A. P. A.
1 ano atrás

Deus nos ilumine. Não tem sido fácil administrar a aceitação da diversidade sexual e condenar a homofobia, por um lado; e educar os filhos para se manterem leais aos limites que nos indica a fé católica . Tenho sido questionada: se a homofobia e o preconceito são hoje crimes, e a união civil homossexual é um direito, porque no seio familiar católico não indicamos nem aceitamos a homossexualidade como uma escolha possível ? Quais argumentos posso trazer aos meus Filhos , além da sacralidade da relação entre um homem e uma mulher, e de estar neles o dom da vida ? Não foram argumentos suficientes, ainda.