‘Ele tomou a firme decisão de partir’

13º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Esta frase marca o início da subida de Jesus a Jerusalém no Evangelho de São Lucas. Literalmente, o texto grego diz que o Senhor “franziu o cenho” para partir. Tendo acabado de anunciar a sua Paixão e sabendo que havia chegado o tempo de morrer e ressuscitar, Jesus começou, com ânimo resoluto, a subida em direção ao Calvário. Ele quis assim mostrar uma atitude necessária para cumprirmos a vontade do Pai: a firme decisão de praticar o bem e de nos sacrificarmos. Quem quiser observar os Mandamentos de Deus, perseverar na vida de oração, superar as adversidades, desânimos e inconstâncias deverá ser muito determinado. 

É impossível carregar a cruz de cada dia e seguir o Senhor (cf. Lc 9,23), sem o contínuo exercício da virtude da fortaleza. Esta se pratica mediante duas atitudes: a paciência diante das dores, esperas, dificuldades e frustrações; e a coragem diante dos perigos e adversidades. Se nos abrirmos à ação da graça, por meio de uma vida intensa de oração, o Espírito Santo virá em nosso auxílio com o dom da fortaleza. Conferir-nos-á, então, uma força sobrenatural em cada situação da vida. Precisamos pedir a Ele: “Dá-me de novo um espírito decidido” (Sl 50,12)!

A chave da perseverança na fé, na esperança e na caridade é a perseverança na oração. Sobre ela, Santa Teresa ensina: “Importa muito, e acima de tudo, uma grande e muito determinada determinação (…) venha o que vier, suceda o que suceder, custe o que custar, murmure quem murmurar, ainda que se morra pelo caminho, e ainda que o mundo venha abaixo” (Caminho de Perfeição, 21). Sem a decisão firme de orar continuamente, por meio de um plano de vida espiritual diário, é impossível progredir. 

Todavia, Deus nos pede uma determinação rija, mas não rígida. É preciso saber adaptar-se às mudanças de planos, aos sofrimentos e imprevistos com bom humor e certo espírito esportivo. Devemos atuar na vida espiritual como um lutador que emprega todas as sua forças num combate, mas sabe se manter sempre alerta, ágil e flexível, e jamais “engessado” ou duro. É preciso repelir o medo de “apanhar”, pois as “surras” fazem parte do percurso e concorrerão a nosso favor. É preciso empregar o esforço necessário, mas com a certeza de que tudo está nas mãos de Deus. 

Nesse caminho, as preocupações são o que mais pode nos enrijecer e afastar do objetivo. Por isso, temos de abandonar o presente nas mãos de Deus; não temos lugar algum onde reclinar a cabeça senão Nele próprio. Abandonamos a Ele também o futuro, renunciando à preocupação acerca do que pode ocorrer conosco e com nossa família. E, uma vez que pusemos a mão no arado, não olhamos para trás; abandonamos os pecados ao sacramento da Confissão e as escolhas já realizadas à Providência. 

A subida até a vida eterna é íngreme e se faz por um caminho estreito (cf. Mt 7,14). Mas “o Senhor deu uma ordem aos seus Anjos para em todos os caminhos te guardarem” (Sl 90,11); cumpre a nós nos decidirmos a seguir adiante.  

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