Fé e amor à Eucaristia

21º Domingo do Tempo Comum – 22/08/2021

Os ensinamentos mais importantes do Senhor Jesus foram frequentemente incompreendidos pelos homens. Mesmo entre os discípulos, não raramente palavras importantes do Mestre – ditas com cristalina clareza – se tornaram ocasião de escândalo e controvérsia. Afinal, Ele fora destinado a ser causa de queda ou de ressurreição (cf. Lc 2,34). 

Nem mesmo São Pedro aceitou inicialmente que Jesus deveria sofrer a Paixão e Morte. Ao falar da indissolubilidade do Matrimônio, Nosso Senhor teve que afrontar perplexidade até entre Apóstolos! Explicando o celibato por amor ao Reino dos Céus, o Senhor logo alertou que “nem todos podem suportar esta palavra” (Mt 19,11). Ainda hoje, desprovidos do dom da caridade e da ciência, a maioria dos homens se escandaliza com essas coisas. 

Também a Igreja, ao pregar o Evangelho, depara-se com o escândalo de consciências carnais. São Paulo foi desprezado pelos atenienses quando anunciou a Ressurreição. São João teve de refutar com força os que, escandalizados com os sofrimentos do Senhor, sustentavam que Ele não poderia ter assumido a carne humana. Santo Atanásio sofreu perseguições e exílio da parte daqueles que, influenciados por Ário, abandonaram a fé apostólica e negavam a divindade de Cristo. 

Um dos ensinamentos que mais causa tropeço é a doutrina sobre a Eucaristia. Jesus não podia ter sido mais explícito: “Minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55s). Imediatamente, porém, muitos que lhe nutriam simpatia ou que até o seguiam, disseram: “Esta palavra é dura. Voltaram atrás e não andavam mais com ele” (Jo 6,60.66). E, ao longo da história, tentativas mais ou menos sutis buscaram atenuar a reta consciência católica sobre a presença real do Senhor na Eucaristia. 

Berengário, Lutero e teólogos modernos procuraram negar o milagre que se dá diariamente em cada Santa Missa às palavras da consagração, qual seja a conversão do pão e do vinho no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. Como antídoto a esses erros, a Igreja propõe um termo: Transubstanciação. Quando as palavras da Consagração são pronunciadas sobre o pão e o vinho, estes se transubstanciam: as substâncias do pão e do vinho dão lugar à substância do próprio Cristo. A aparência permanece igual, mas ali já não há pão e vinho; a Eucaristia é o Senhor, é Deus! 

Também certas práticas atenuaram a consciência do Mistério da Fé: o abandono da oração de joelhos diante da Eucaristia, os abusos na liturgia, o descuido com os fragmentos das partículas consagradas, as comunhões irreverentes e sacrílegas… Tudo isso ofende a Deus e afasta os fiéis da adoração devida ao Santíssimo Sacramento. A essas coisas devemos opor nossa reverência, amor e adoração a Jesus eucarístico. 

“Jesus, porém, sabia quem não tinha fé e quem haveria de entregá-lo” (Jo 6,64). Que o Senhor nos dê fé, amor e reverência à Eucaristia. E sua presença real seja para nós ressurreição, não tropeço! 

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