Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor!

O tempo litúrgico do Advento (do latim adventus, “vinda”, “chegada”), que acabamos de começar, volta o nosso olhar à realidade da chegada do Senhor: por um lado, à sua chegada discreta de 2 mil anos atrás, no escondimento da gruta de Belém, quando apenas poucos pastores e os reis magos ficaram sabendo que o Messias enfim havia vindo; mas, por outro lado, a Igreja nos propõe igualmente, neste tempo que prepara o Natal, contemplarmos a segunda vinda de Cristo, em que Ele de novo há de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos.

De fato, as leituras que ouvimos no último domingo insistiram no tema do que acontecerá nos últimos tempos (cf. Is 2,2): já é hora de despertar, nos dizia São Paulo, pois a noite já vai adiantada e o dia vem chegando (cf. Rm 13,11-12). E o próprio Evangelho nos mostra Jesus nos colocando em alerta para a vinda do Filho do Homem: será como no tempo de Noé, em que veio o dilúvio e arrastou a todos os que viviam descuidados, preocupados somente com comer, beber e arrumar seus parceiros (cf. Mt 24,37-44).

É interessante notarmos que, sempre que fala de sua vinda futura, Jesus se preocupa em não nos dar detalhes precisos sobre como os acontecimentos se desdobrarão. Ele simplesmente alude a eventos e profecias do Antigo Testamento, e nos diz que será como no dilúvio – não porque a terra vá ser coberta pelas águas, mas porque muitos serão pegos desprevenidos. Essa postura de Nosso Senhor deve nos prevenir contra uma vã curiosidade sobre o Fim dos Tempos: no fundo, não nos importa tanto quantos dias, meses ou anos falta até o Juízo Final, ou quais serão os sinais nos céus, ou onde vão estourar as guerras… O que importa, de fato, é que eu e você estejamos prontos, espiritualmente, para este momento: que o fogo de nosso amor a Deus esteja aceso, e que tenhamos o óleo da fé. Já fazem quase 2 mil anos desde que a Igreja espera a volta do Senhor – e, até onde sabemos, pode ser que este evento demore ainda outros dois; o que sabemos, com certeza, é que nossa alma será levada ao encontro de Jesus no momento de nossa morte, e aquilo será, para nós, o juízo. 

Se o Senhor nos convida a ficarmos atentos, portanto, isso significa que devemos viver cada momento do nosso Hoje tendo em vista a eternidade. Este pensamento nos mostra o enorme preço do tempo: “O tempo é como que a moeda da eternidade”, nos diz Garrigou-Lagrange. Esta nossa breve vida tem um preço enorme: é “um tempo muito curto, de 60 ou 80 anos, do qual depende uma eternidade – é um brevíssimo prefácio para um livro sem fim” (La Providence et la Confiance en Dieu).

Aproveitemos este Advento, então, para alimentarmos nossa vida espiritual. Podemos aumentar o tempo de oração diária; ou quem sabe escolher alguma pequena penitência associada ao sono: assim como Israel vigiava à espera do Salvador, também nós podemos fazer pequenas vigílias por amor ao Menino que esperamos no Natal. E, se não estamos em dia com a Confissão, este é um maravilhoso presente para darmos ao Menino Deus, que trará grande júbilo ao Céu (cf. Lc 15,7). Assim preparados, cantemos alegres: Veni, veni, Emmanuel!

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