Gravidez precoce: medo e dificuldade de evitá-la

Hoje em dia, um dos maiores medos dos pais de meninas é que elas engravidem precocemente. Antes o temor era de que as filhas mantivessem relações sexuais na adolescência, mas, ao longo dos últimos anos, muitos acabaram naturalizando essa realidade, como se isso se tratasse de um fato contra o qual não se pode lutar, e acabaram focando esforços a fim de evitar que engravidem precocemente.

Estatisticamente no Brasil, a taxa de nascimentos de crianças filhas de mães entre 15 e 19 anos é 50% maior do que a média mundial – no Brasil estão estima- das 68,4 gestações nessa fase da vida, conforme dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que podem ser acessados no link a seguir: https://cutt.ly/uKg9wWe.

Para enfrentarmos essa triste realidade corajosamente e com perspectiva de reais mudanças, é preciso que olhemos para a causa de tudo isso e estejamos dispostos a trabalhar para mudá-la. Enquanto a preocupação estiver centrada somente em um dos efeitos dessa sexualidade desenfreada, ou seja, nas gestações precoces, a ação educativa irá se centrar em informar e treinar as crianças e adolescentes para que saibam evitá-la, mas não estarão eles mesmos protegidos dos efeitos devastadores de viver de modo tão desequilibrado a sexualidade. Esse, sim, um grande mal.

Uma vida sempre é algo a se acolher com amor e celebrar com alegria; afinal, mais uma alma, mais uma pessoa única e irrepetível que deixará no mundo sua marca pessoal. Agora, vidas e vidas desestruturadas e devastadas por uma afetividade desordenada, adolescentes doentes física e emocionalmente, escrevendo suas biografias num contexto de desamor, de desvalorização de seus corpos preciosos – dotados de alma e espírito –, dignos de todo o respeito, cuidado e amor. Adolescentes vivendo um enorme engano sobre o que significa ser livre; afinal, usando essa suposta liberdade, acabam por comprometer todo o seu futuro com uma realidade para a qual não estão preparados. Isso não é, nem de longe, liberdade, e eles precisam ser formados para compreenderem isso.

Por isso, nós, pais, na nossa missão insubstituível e intransferível de educar os filhos, de ensiná-los a viver, precisamos assumir uma postura mais clara e bem formada no que diz respeito à orientação de sua afetividade. Mais do que educarmos os filhos para evitar a gravidez precoce, precisamos estar envolvidos em educá-los para serem capazes de amar; educá-los para que entendam o sexo como uma manifestação do amor vivido em sua dimensão conjugal, ou seja, quando homem e mulher se escolhem para formar um só corpo e escrever uma biografia juntos, chamada família. Essa família tem como um dos fins, o mais importante, transbordar o amor complementar de tal modo que gere novas vidas.

Olhando por essa perspectiva, fica mais fácil percebermos que o grande erro está no fato de que nos deixamos levar pelos valores e hábitos pagãos, modernos e hedonistas que tomam o homem somente em sua dimensão sensível, reduzindo-o a um comportamento animalizado, que busca prazer a qualquer custo e ainda se considera livre por agir assim. Nós, pais, precisamos resgatar os verdadeiros valores, investir na capacidade enorme que nossos filhos têm de identificar o bom, o belo e o verdadeiro, e colocar nossas forças e nossa dedicação em educá-los para isso. Que sejam pessoas educadas para amar, amar com temperança, com sabedoria; que saibam escolher o(a) parceiro(a) para dividir a vida e, mais do que isso, saibam ser um(a) bom(boa) parceiro(a) para aquele(a) que escolherem; que saibam que, por muito amar, é prudente esperar; que existe um valor enorme na espera e na construção de uma relação que não parte dos sentimentos e afetos desordenados, mas de uma decisão séria, pensada e determinada.

Para evitarmos, verdadeiramente, gravidezes precoces, precisamos educar melhor os afetos de nossas crianças. Sim, sei que isso parece utópico, parece irreal, mas acreditem, é possível. Basta nos determinarmos a alçar não somente nossos filhos ao máximo potencial, mas também nós mesmos buscarmos o nosso melhor para oferecer a eles.

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Kelly Cristina da Silva
Kelly Cristina da Silva
1 ano atrás

Texto muito esclarecedor, de extrema importância para formarmos bem nossos filhos, forma-los para o céu.
Com diálogo, amor e dedicação é possível sim orienta-los bem.
Obrigada pelo texto.