‘Jesus subiu à montanha para rezar’ (Lc 9,28)

2º DOMINGO DA QUARESMA 13 DE MARÇO DE 2022

São Lucas inicia a narrativa da Transfiguração ressaltando que Jesus havia subido ao monte com os discípulos “para rezar”. Justamente “enquanto rezava”, eis que “seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 9,28-29) e, então, ouviu-se a voz do Pai: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz” (Lc 3,35).

Após o Batismo, o Senhor também rezava quando “o céu se abriu” (Lc 3,21) e ouviu-se a voz do Pai: “Tu és o Meu Filho amado. Em Ti coloquei minha complacência” (Lc 3,22). O Pai Se manifesta enquanto Cristo reza! São João conta que, após uma oração de Jesus (“Pai, glorifica o Teu Nome!”), a voz divina se manifestou: “Já o glorifiquei e o glorificarei uma vez mais” (Jo 12,28). É característico da sua filiação divina falar continuamente com o Pai.

Não à toa, Nosso Senhor rezou nos momentos decisivos: antes de escolher os Apóstolos (cf. Lc 6,13); antes da confissão de Pedro (cf. Lc 9,18); antes da Paixão (cf. Lc 22,41). Até mesmo na Cruz ele orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (…) Pai, em Tuas mãos entrego o Meu espírito” (Lc 23,34.46). Enquanto multidões o procuravam, “afastava-se para lugares desertos e orava” (Lc 5,16). Vendo-o rezar tanto, os discípulos espontaneamente pediram: “Mestre, ensina-nos a orar!” (Lc 11,1). Cristo deixou-nos o maior exemplo de oração!

Entre as três obras da Quaresma – esmola, jejum e oração –, a primeira a ser praticada é a oração. Se ela faltar, as esmolas não serão caridade, mas filantropia; e o jejum não passará de dieta ou exercício de autocontrole. A oração nos “transfigura”, nos une a Deus e direciona a Ele nossas intenções e afetos. Por ela, as ações – mesmo pequenas e cotidianas – podem se transformar em uma oferenda agradável ao Senhor. Somente por meio da oração – falar com Deus e escutá-Lo – é possível alcançar o arrependimento dos pecados, o fruto tão esperado da Quaresma.

A oração amolece o coração, capacita a per- doar e a querer bem mesmo as pessoas com as quais não simpatizamos. Quem ora aprende a aproveitar ocasiões para mortificar os apetites e exercer a caridade em favor do próximo. Quem reza espera em Deus! Enxerga a sua grandeza e o valor de cada ser humano, criado à sua imagem. Torna-se sensível aos sofrimentos de Cristo e de todos os homens. A oração aquece o coração, renova as forças e descansa a alma. Podemos esperar tudo dela!

Mas como orar? Com orações vocais: o Terço, os Salmos, novenas e as orações pertencentes à tradição da Igreja. Ou ainda por meio da oração mental, em silêncio, no quarto fechado ou diante do Santíssimo. Olhe fixamente para o crucifixo ou para o Sacrário; deixe-se perscrutar por Deus; reconheça que Ele nos vê, ouve e conhece; conte-lhe aquilo que Ele já sabe; louve-o, agradeça-lhe, adore-o, peça… A oração é um mundo infinito de liberdade, que cabe a cada um explorar. A regra é que a pratiquemos! Não deixemos para depois! Todos os dias, o Senhor nos aguarda!

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