A Rosângela Almeida, do Sacomã, é catequista e conta que quase sempre as crianças catequizandas perguntam sobre como era o aspecto físico de Jesus.
Minha irmã, nada se sabe sobre o verdadeiro rosto de Jesus. O que existe é uma carta que teria sido escrita por um tal Publius Lentulos, governador da Judeia ao imperador romano descrevendo Jesus mais ou menos como a arte sacra o representa: com os cabelos compridos, com barba. Eu até penso que os artistas se inspiraram nessa carta para representar Jesus.
O certo é que em Israel havia um grupo de pessoas chamadas nazireus e que eles não cortavam o cabelo. Não se deve, porém, confundir a palavra nazireu com a palavra nazareno. Nazireu significa alguém consagrado a Deus e que faz um voto de não cortar os cabelos. Nazareno eram as pessoas que nasceram ou viviam na cidade de Nazaré. Por isso, Jesus era conhecido como Jesus de Nazaré. Teria sido Jesus um nazireu? Quem sabe…
Em todo o caso, só por curiosidade, aqui vai um pequeno trecho da tal carta atribuída a Publius Leutulos: “Existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente, de grandes virtudes, chamado Jesus… É um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade no rosto que aqueles que o veem são forçados a amá-lo ou a temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, distendidos até às orelhas e das orelhas até às espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade…”.
Repito. Embora não seja reconhecido como histórico, esse texto nos mostra um Jesus muito parecido com aquele que é retratado na arte sacra.