Para que existe a Igreja? Muitas podem ser as respostas a essa pergunta, mas todas elas podem ser resumidas nesta: ela existe para dar testemunho de Jesus Cristo no mundosobre quem Ele é, como viveu, o que fez e ensinou, como foi sua morte, ressurreição e glorificação e o que as testemunhas da primeira hora transmitiram sobre ele. Antes da ascensão ao céu, Jesus prometeu o Espírito Santo aos apóstolos e lhes ordenou: “Vós sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8).
O testemunho da Igreja, por certo, não pretende apenas informar sobre Jesus. Ela segue testemunhando sobre Jesus, anunciando o significado permanente Dele para cada pessoa e para toda a humanidade. O testemunho sobre Jesus é “boa nova de salvação”, chamado à conversão e ao seguimento de Jesus. No seu testemunho, a Igreja procura discernir sobre o modo de comunicar, em todos os momentos da história, em todos os ambientes culturais e em cada circunstância da vida, aquilo que ela crê sobre Jesus.
No tempo pascal, de maneira especial, a Igreja recorda a sua razão de existir: ser testemunha de Jesus, para que todos e em toda parte recebam o anúncio da Boa Nova da salvação e, pelo nome de Jesus, recebam a misericórdia de Deus e a vida eterna. Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos para lhes confirmar a fé e para reafirmar o chamado a segui-lo e a missão que lhes confiou. E a Igreja, a partir dos Apóstolos, com a ajuda do Espírito Santo, nunca mais deixou de dar o testemunho de Jesus à humanidade. Também em nossos dias, ela renova sua consciência de povo missionário, povo de testemunhas de Jesus Cristo Salvador.
Vai nessa mesma linha o que nossa Arquidiocese vive nesse período pós-sinodal, esforçando-se para viver o processo de “comunhão, conversão e renovação missionária”. Durante o sínodo, demo-nos conta de que precisamos trabalhar decididamente nessa direção, indo além de uma pastoral de mera conservação. Nas comunidades e estruturas paroquiais alcançamos, bem ou mal, apenas 30% dos nossos batizados católicos; os outros batizados e os muitos não batizados recebem pouco ou nada da ação da Igreja. Poderíamos dar-nos por satisfeitos, quando 70% das ovelhas do rebanho da Igreja andam desgarradas, expostas ao risco de serem vítimas dos lobos e dos ladrões? Como podemos ser comunidades verdadeiramente missionárias?
Após o sínodo, nossa Arquidiocese elaborou um Projeto Emergencial de Pastoral, para os anos de 2025 e 2026, com o objetivo de centrar os esforços em algumas práticas pastorais específicas, atendendo aos apelos do 1º sínodo arquidiocesano. A organização e coordenação pastoral foram renovadas, para expressar melhor a razão de ser das múltiplas pastorais e iniciativas da Igreja em São Paulo. Basicamente, toda ação pastoral destina-se a expressar a missão da Igreja em três dimensões, conforme a tríplice missão de Cristo e da Igreja: a) anunciar o Evangelho; b) glorificar a Deus e santificar a vida humana e do mundo; c) testemunhar a caridade de Cristo e a vida nova do Reino de Deus.
A partir dessas três dimensões essenciais da vida e missão da Igreja, foram organizadas três grandes Comissões para a organização e o acompanhamento da pastoral, em todos os níveis da Arquidiocese: Comissão Anúncio; Comissão Santificação; Comissão Testemunho. Todas as organizações e ações pastorais, de uma forma ou de outra, encaixam-se nessas três dimensões e comissões essenciais da vida e missão da Igreja, que devem andar juntas e se complementar.
A primeira etapa da assembleia arquidiocesana deste ano (2025) realiza-se nas paróquias nos dias 26 e 27 de abril e tem a finalidade de acompanhar a acolhida do Projeto Emergencial de Pastoral da Arquidiocese nas paróquias: se o Projeto já foi compreendido suficientemente; se as três comissões pastorais (anúncio, santificação e testemunho) já foram formadas e estão atuantes. Cada grupo ou expressão pastoral na paróquia deve ter consciência clara sobre sua parte na vida e missão da Igreja. Nas assembleias paroquiais devem participar todos os membros dos Conselhos Paroquiaisde Pastoral (CPP) e, de forma ampliada, também outros integrantes das pastorais, movimentos, associações, novas comunidades e outras expressões de vida eclesial existentes na paróquia.
As assembleias são parte de um processo sinodal de escuta, partilha, discernimento e percepção daquilo que o Espírito Santo vai dizendo a cada comunidade paroquial, a partir do Projeto Pastoral Emergencial da Arquidiocese. Ao mesmo tempo, as próprias assembleias paroquiais são expressão da Igreja sinodal, que se coloca de forma aberta e generosa, diante da tríplice missão que lhe é própria, no desejo de corresponder a ela e às orientações do Espírito Santo, que é o mestre, animador e guia da Igreja.