A missão como Prefeito da Congregação para o Clero

No dia 30 de outubro de 2006, o Cardeal Cláudio Hummesfoi nomeado pelo Papa Bento XVI como Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano, cargo que exerceu até 7 de outubro de 2010, quando pediu renúncia por limite de idade.

A Congregação para o Clero tem diversas atribuições que estão indicadas nos artigos 93-98 da Constituição Apostólica Pastor bonus, sendo articulada em quatro seções: Clero, Seminários, Administrativa e Dispensas.

Após a missa de despedida da Arquidiocese de São Paulo, em 26 de novembro daquele ano, Dom Cláudio viajoupara Roma no dia 3 de dezembro, para assumir o cargo no Vaticano.

No ano seguinte, em 2007, na carta escrita por ocasião pelo Dia Mundial de Oração pela Santificação Sacerdotal, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, em 15 de junho, Dom Cláudio lembrou aos padres que “o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes oferece uma oportunidade para refletir sobre o dom do nosso ministério sacerdotal, compartilhando a sua solicitude pastoral por todos os crentes e para a humanidade inteira, e especificamente para a porção do povo de Deus confiado aos seus ordinários, dos quais você é o colaborador mais valioso”.

Ele explicou também sobre o tema daquele ano: “O sacerdote, alimentado pela Palavra de Deus, é um testemunho universal da caridade de Cristo”. Está de acordo com o recente Magistério de Bento XVI e, em particular, com a exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis (22 de fevereiro de 2007). Nela, o Santo Padre escreve: “Não podemos abraçar o amor que celebramos no sacramento, que exige que sua natureza seja comunicada a todos”. O que o mundo precisa é o amor de Deus, é encontrar Cristo e acreditar nele. Por essa razão, a Eucaristia não é apenas a fonte e a culminação da vida da Igreja, mas também da sua missão: “Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária”.

AMPLAS REFLEXÕES

Ainda na carta escrita por ocasião do Dia Mundial de Oração pela Santificação Sacerdotal de 2007, o Cardeal Hummes recordou também as origens do celibato sacerdotal e o seu desenvolvimento histórico, citando os diversos sínodos, ao longo da história, que trataram sobre o tema. Chegando ao Concílio Vaticano II, o Cardeal citou a declaração Presbyterorum ordinis, e “o vínculo estreito entre celibato e Reino de Deus, vendo no primeiro um sinal que anuncia de modo radioso o segundo, um início de vida nova, a cujo serviço o ministro da Igreja é consagrado”.

Dom Cláudio salientou que, “na encíclica Sacerdotaliscaelibatus, Paulo VI apresenta inicialmente a situação em que se encontrava naquele tempo a questão do celibato sacerdotal, quer sob o ponto de vista do seu apreço quer das objeções. As suas primeiras palavras são determinantes e ainda atuais: ‘O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor mesmo nos nossos tempos, caracterizados por uma transformação profunda na mentalidade e nas estruturas’. Paulo VI revela o que ele mesmo meditou, interrogando-se sobre o assunto para poder responder às objeções, e conclui: ‘Julgamos,portanto, que a lei vigente do celibato consagrado deve,ainda hoje, acompanhar firmemente o ministério eclesiástico; deve tornar possível ao ministro a sua escolha exclusiva, perene e total do amor único de Deus e ao serviço da Igreja, e deve ser característica do seu estado de vida, tanto na comunidade dos fiéis como na profana’”.

Um aspecto interessante desta reflexão de Dom Claudio é que ele aponta também meios para a fidelidade ao celibato. Um deles, por exemplo, é a importância da formação espiritual do sacerdote chamado a ser testemunha do Absoluto. “O amor ao Senhor é autêntico quando tende para ser total: enamorar-se de Cristo significa conhecê-lo profundamente, frequentar a Sua pessoa, identificar-se e assimilar o Seu pensamento e, finalmente, acolher sem reservas as exigências radicais do Evangelho”, diz o texto.

Em 2008, na carta escrita pela mesma ocasião, Dom Cláudio fala sobre a necessidade de “recordar a prioridade da oração em relação à ação, porque dela depende a incisividade da ação”. Ele insiste em que a missão deve ser precedida pela oração e fala sobre o perigo do ativismo e da secularização: “Não nos cansemos de haurir da Sua Misericórdia, de O deixar ver e curar as nossas chagas dolorosas do nosso pecado para ficarmos estupefatos diante do milagre, sempre novo, da nossa humanidade redimida.”

E continua: “Na insuprimível e ardente sede d’Ele, a dimensão mais autêntica do nosso Sacerdócio é a súplica, a oração simples e contínua, que se aprende na oração silenciosa; ela caracterizou sempre a vida dos santos e deve ser pedida incessantemente. Esta consciência da relação com Ele é cotidianamente submetida à purificação da prova. Todos os dias, de novo, nos apercebemos que este drama não é poupado nem sequer a nós, ministros que agem in Persona Christi Capitis: não podemos viver um só momento na Sua presença, sem o doce anseio por reconhecê-Lo, conhecê-Lo e aderir de novo a Ele. Não cedamos à tentação de olhar para o nosso ser sacerdotes como para um inevitável e indelegável peso, já assumido, o qual se pode cumprir ‘mecanicamente’, até com um programa pastoral organizado e coerente. O Sacerdócio é a vocação, o caminho, o modo por meio do qual Cristo nos salva, com o qual nos chamou, e nos chama agora, a viver com Ele”.

A RENÚNCIA

O Papa Bento XVI acolheu, em 7 de outubro de 2010, a renúncia apresentada, por limite de idade, pelo Cardeal Cláudio Hummes, do cargo de Prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano.

No cargo de Prefeito da Congregação para o Clero, o Cardeal Hummes foi responsável por mais de 400 mil sacerdotes espalhados pelos cinco continentes. Um trabalho enorme, que ele cumpriu com dedicação, solicitude e obediência ao Santo Padre. 

Na função, teve que enfrentar questões difíceis e complicadas, como os casos de pedofilia e o abandono do sacerdócio por parte de uma parcela dos padres. 

No cargo como Prefeito da Congregação para o Clero,Dom Cláudio contribuiu para a aprovação do Acordo Brasil – Santa Sé, trabalhou em prol da canonização do Apóstolo do Brasil, Beato José de Anchieta [algo que seria efetivado em 2014], dedicou dias e noites na organização e realização do Ano Sacerdotal.

(Apuração e redação: Nayá Fernandes)

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