Alerta: País tem expansão de casos de dengue

Em SP, ocorreram 13 óbitos pela doença nos dois primeiros meses de 2023; A mais recente vacina aprovada pela Anvisa contra a dengue ainda não está disponível no País

Prefeitura Municipal de São Paulo/Divulgação

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e com maior incidência de casos em épocas mais chuvosas e quentes do ano, a dengue está em expansão em diferentes partes do Brasil. Nos dois primeiros meses de 2023, o número de casos foi 46% maior em relação ao mesmo período de 2022. No ano passado, a doença ceifou 1.016 vidas e houve cerca de 1,5 milhão de casos, conforme dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

No estado de São Paulo, em janeiro e fevereiro, cerca de 21 mil pessoas foram diagnosticadas com a dengue e houve 13 óbitos. A maioria dos casos foi no Noroeste paulista, mas também há números expressivos de infecções na capital paulista. Até 13 de março, nas dez primeiras semanas epidemiológicas do ano, foram confirmados 1.193 casos de dengue na cidade, alta de 32,85% em relação aos 898 casos no mesmo período do ano passado.

“Nessa época do ano já é esperado que haja maior número de casos, e tivemos neste início de 2023 um aumento substancial no volume das chuvas, um calor intenso também, o que favorece a proliferação do mosquito e, por consequência, mais casos da doença. Precisamos ainda ver qual será o comportamento da curva de contágio até o final do período desta sazonalidade, ou seja, até o final do outono. Esperamos que haja um declínio”, explicou, ao O SÃO PAULO, Gladyston Carlos Vasconcelos Costa, biólogo da Divisão de Vigilância de Zoonoses da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Prefeitura de São Paulo.

COMBATE AO MOSQUITO

A principal estratégia para o combate à doença continua sendo evitar que haja locais ou recipientes que acumulem água e, assim, se transformem em criadouros do mosquito.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em nota à reportagem, informou que as ações de prevenção e combate à dengue têm ocorrido de forma rotineira em todas as regiões da cidade e são realizadas pelas Unidades de Vigilância em Saúde (Uvis). “Nos casos de imóveis vazios e abandonados [potenciais locais com criadouros do mosquito], as Uvis contatam as subprefeituras para localização do proprietário e viabilização da vistoria do imóvel”.

A SMS informou, ainda que neste ano já foram realizadas 761 mil ações de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, incluindo visitas a casas, vistorias em imóveis e pontos estratégicos, bloqueios e nebulizações – aplicação de inseticidas pelo ar (o popular fumacê), feito por meio de equipamentos instalados em veículos como pick-ups ou máquinas costais menores, carregadas pelos agentes da vigilância em saúde.

“Toda vez que um caso de dengue é notificado, as nossas equipes da vigilância em saúde vão a campo com os equipamentos e insumos necessários para fazer a nebulização para matar o mosquito. Não importa se houve um caso apenas ou mais em um local, o procedimento é o mesmo”, assegurou Gladyston Costa.

Ao longo do ano, os agentes fazem um trabalho preventivo, de casa em casa, dando orientações aos munícipes e verificando se há recipientes com água parada que podem se tornar criadouros do mosquito. Também há divulgações sobre as medidas preventivas por meio da imprensa, sites e redes sociais da Prefeitura, e por meio da distribuição de panfletos nas casas e em locais de grande circulação de pessoas, como escolas, unidades básicas de saúde e estações de trens e metrô.

Qualquer pessoa pode denunciar criadouros de mosquitos e pedir a vistoria de um local, seja pelo telefone 156, seja pelo site https://sp156.prefeitura.sp.gov.br, buscando o serviço “Pernilongo/Mosquito – Solicitar vistoria em local infestado”. O prazo de espera pode chegar a até 60 dias.

UMA NOVA VACINA, MAS AINDA NÃO DISPONÍVEL

No dia 2, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma nova vacina contra a dengue. O imunizante Qdenga, produzido por uma farmacêutica chinesa, é composto de quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença.

O imunizante foi desenvolvido após estudos clínicos que envolveram mais de 28 mil pessoas, incluindo crianças e adultos, em áreas endêmicas para a dengue – como o Brasil – e localidades não endêmicas. A vacina apresentou eficácia de 80,2% para prevenção de casos leves da doença e de até 95% contra hospitalizações e mortes.

A Qdenga é recomendada para pessoas de 4 a 60 anos, em esquema de duas doses, com um intervalo de três meses entre as aplicações. Trata-se de uma cobertura maior que a do outro imunizante já autorizado no Brasil, a Dengvaxia, encontrada apenas na rede privada, a preços que variam de R$ 200 a R$ 300. São necessárias três doses para a imunização, em pessoas entre 9 e 45 anos e que já tenham tido dengue anteriormente.

O novo imunizante ainda não está à venda no Brasil, algo que só deve ocorrer a partir do segundo semestre, e não há projeções de quando estará no Programa Nacional de Imunizações, condição necessária para que passe a ser disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 Na avaliação do biólogo da Divisão de Vigilância de Zoonoses da Covisa da Prefeitura de São Paulo, à medida que a vacina se tornar mais conhecida pelas pessoas, será preciso intensificar os alertas para que não haja descuidos com as medidas de combate ao mosquito. “Preocupa-nos que possa haver este relaxamento nos cuidados. E é importante que as pessoas não se esqueçam que o Aedes aegypti é um vetor não apenas para a dengue, mas também para a chicungunha, zika vírus e a febre amarela”, avaliou.

ESTEJA ATENTO AOS SINTOMAS DA DENGUE

A dengue é uma doença viral transmitida aos humanos por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti – um arbovírus também responsável pela transmissão da chicungunha, zika vírus e febre amarela. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue e quem se infecta com um deles e se recupera fica protegido para sempre deste sorotipo, mas não dos demais, ou seja, pode ter dengue novamente. O sintoma mais característico da doença é febre alta (acima de 38°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias. Ela vem acompanhada de:

Dor de cabeça;

Dores no corpo e articulações;

Mal-estar (fraqueza, moleza)

Falta de apetite;

Dor atrás dos olhos;

Manchas vermelhas na pele.

Quem apresentar esses sintomas deve procurar uma UBS o mais rápido possível ou buscar orientação pelo Disque Saúde: 136.

COMBATA OS CRIADOUROS DO AEDES AEGYPTI

Estes são alguns dos locais onde o acúmulo de água potencializa a proliferação do mosquito:

– Calhas em telhados [frequentemente ficam entupidas com folhas de árvores e sujeiras]

–  Ralos em áreas abertas [quase nunca são higienizados ou desentupidos]

– Vaso sanitários de ambientes à parte da alvenaria principal das casas [como as edículas ou o ‘quartinho no fundo do quintal’]

– Piscinas [se o uso não for frequente, o melhor é sempre esvaziá-las]

– Pratinhos sob os vasos de plantas

– Garrafas PET, embalagens, tampinhas de garrafas e outros recipientes descartados a céu aberto

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