Arquidiocese terá uma nova igreja: Nossa Senhora de Guadalupe

Comunidade localizada na Chácara Klabin futuramente dará origem a mais uma paróquia de São Paulo

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No domingo, 12, às 17h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, abençoará a pedra fundamental da construção de uma nova igreja, que terá o título de Nossa Senhora de Guadalupe e que, futuramente, se tornará mais uma paróquia da Arquidiocese.

Localizada na Chácara Klabin, na região da Vila Mariana, no Centro-Sul da cidade, a nova comunidade atende a um desejo alimentado há alguns anos pelos bispos e padres que atuaram nessa região. Esse é um bairro relativamente novo, que tem sua origem em um loteamento feito pela família Klabin, na década de 1970. Nos últimos 20 anos, houve um vertiginoso crescimento imobiliário e, atualmente, é um bairro residencial.

No entanto, ainda falta a presença de uma igreja no local, que compreende o limiar entre as regiões episcopais Ipiranga e Sé, na confluência de cinco paróquias – Santa Cândida; Santa Rita de Cássia, em Mirandópolis; Nossa Senhora da Saúde; Santa Margarida Maria e Santa Rita de Cássia, na Vila Mariana.

Por isso, foi constituído um fundo regional para a captação de recursos, do qual parte foi destinado à construção da matriz da Paróquia Santa Paulina, em Heliópolis, em 2017. O restante foi voltado para a aquisição de um terreno na Chácara Klabin.

TEMPLO

Em dezembro de 2020, foi adquirido o terreno na esquina das ruas Lorenzo Valla e Ernesto de Oliveira. Depois, foram realizados um estudo de viabilidade técnica e o projeto arquitetônico de uma igreja. O templo contará com três pisos, sendo um salão, a própria nave da igreja, salas e uma residência.

O projeto é que, no futuro, a igreja se torne a matriz de uma paróquia territorial. Mas, para que isso aconteça, é preciso que exista uma comunidade estável e ativa. Então, começaram a ser realizadas reuniões com os párocos e fiéis das paróquias confinantes, para ser estudado um possível território e reunir lideranças católicas entre os moradores para começarem as atividades.

“Muitos desses moradores frequentam alguma dessas paróquias do entorno e, agora, são chamados a ser verdadeiros missionários responsáveis pelo nascimento de uma nova comunidade por meio de encontros, celebrações nas casas, atividades evangelizadoras e pastorais, além de constituir uma comissão para angariar fundos e acompanhar a construção da igreja”, explicou Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga.

COMUNIDADE MISSIONÁRIA

Dom Ângelo ressaltou, ainda, que essa experiência é um exemplo concreto de uma comunidade eclesial missionária na cidade, fazendo referência ao termo presente nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023).

Esse documento, aprovado na 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tem como objetivo: “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias”, reforçam as diretrizes, indicando a formação de pequenas comunidades eclesiais missionárias, nos mais variados ambientes, que sejam “casas da Palavra, do Pão e da caridade”.

“Isso mostra que a cidade é um campo fértil de missão, onde é possível reunir uma comunidade para celebrar a fé e anunciar o Evangelho. E seus integrantes já começaram o trabalho, divulgando a celebração do dia 12 na vizinhança e convidando as pessoas a participarem desse momento. Esses missionários já criaram um grupo no WhatsApp para se comunicar e articular os trabalhos. É muito bonito testemunhar o nascimento de uma comunidade”, sublinhou o Bispo Auxiliar.

PADROEIRA

O nome da padroeira da comunidade foi indicado pelo Cardeal Scherer, pelo fato de ainda não haver na Arquidiocese uma paróquia com o título de Nossa Senhora de Guadalupe. Por isso, foi escolhida a data de sua festa litúrgica para a constituição da comunidade e a bênção do local da futura igreja. Nessa ocasião, será entregue uma réplica da estampa com a imagem da padroeira da América Latina aos fiéis missionários e será fixada no terreno uma pedra trazida da colina de Tepeyac, lugar da aparição da Virgem de Guadalupe, no México.

Em seguida, será abençoada a pequena praça localizada em frente ao terreno. Por um decreto do prefeito Ricardo Nunes, passará a se chamar Praça Padre Napoleão dos Anjos Fernandes, sacerdote da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora do Sion, que atuou pastoralmente naquela região (leia mais ao lado).

“Esse novo templo será um sinal visível da presença da Igreja naquele bairro, lugar onde as pessoas se reunirão para celebrar a fé, nutrir-se dos sacramentos e da Palavra de Deus e alimentar a esperança. Será o lugar onde a comunidade é chamada a testemunhar o Evangelho na cidade”, completou Dom Ângelo.

QUEM FOI PADRE NAPOLEÃO?

Padre Napoleão dos Anjos Fernandes nasceu em 15 de fevereiro de 1941 em Monte Belo (MG). Aos 11 anos, ingressou no Seminário de Nossa Senhora do Sion, em São Sebastião do Paraíso (MG). Em 19 de fevereiro de 1963, professou os votos perpétuos de castidade, pobreza e obediência nessa mesma congregação religiosa, sendo ordenado sacerdote em 1965.

Como padre, trabalhou em diversas paróquias, dedicando parte de seu ministério à Paróquia São José do Ipiranga, onde chegou a atuar no Círculo Operário do Ipiranga.

Padre Napoleão foi vítima da esclerose lateral amiotrófica (ELA), grave doença degenerativa que provoca a destruição dos neurônios responsáveis pelo movimento dos músculos voluntários, levando a uma paralisia progressiva. Seus irmãos de congregação afirmam que esse Sacerdote deixou um grande legado espiritual e pastoral para todos aqueles que o encontraram.

Em 23 de setembro, foi aprovado na Câmara Municipal o projeto de autoria do vereador Camilo Cristóvão, que confere o nome do Padre Napoleão ao logradouro localizado na confluência das ruas Ernesto de Oliveira e Lorenzo Valla. O decreto foi promulgado pelo prefeito Ricardo Nunes em 3 de novembro.

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