Basílica Menor de Sant’Ana e Vicentinos promovem ações em favor de famílias carentes

Com o aumento do desemprego, da inflação e da pobreza, intensificados pela pandemia de COVID-19, tem crescido o número de pessoas que estão em risco de passar fome.

Diante dessa realidade, a Conferência Vicentina Nossa Senhora da Salette, atuante na Basílica Menor de Sant’Ana há 108 anos, vem promovendo e estimulando as ações no combate à fome das famílias carentes no entorno paroquial. As várias famílias beneficiadas são contempladas com o recebimento de cestas básicas, roupas, remédios, kits de higiene e, ainda, a visita dos voluntários Vicentinos em suas casas, para acompanhar a realidade familiar e promover a inclusão de acordo com as necessidades de cada uma delas e, assim, contribuir com a luta contra esse desafio humanitário.

SACIAR A FOME

A Conferência Vicentina Nossa Senhora da Salette foi fundada em 1914, na Paróquia Sant’Ana. É uma organização civil de leigos, homens e mulheres, dedicada ao trabalho cristão de caridade.

Neusa Evaristo Teixeira, presidente dessa Conferência Vicentina, ressaltou que além de atuar em situações emergenciais, provendo alimentos, roupas e remédios para pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social, a “Sociedade de São Vicente de Paulo busca encontrar formas de promoção das pessoas que ajudam, visando a torná-las independentes e produtivas, procurando manter contato próximo com os assistidos, realizando visitas às famílias”.

“A fome nos desafia e também nos desinstala. É preciso agir! Não é possível ficarmos parados diante do mandato de Jesus e do grito da realidade dos nossos irmãos que pedem um alimento para saciar a fome”, afirmou Neusa, recordando a passagem de Mateus 14,19.

“Nossas ações são um pequeno grão de areia diante da gritante realidade que nos cerca. Mas, ficar de braços cruzados não está nos planos dos sete membros da Conferência Nossa Senhora da Salette”, disse ela, que há 12 anos é voluntária vicentina.

AÇÕES CONCRETAS

“Há muita gente lutando contra a fome no Brasil. No entorno paroquial, a cada dia cresce o número de pessoas em situação de rua e que moram embaixo do viaduto do metrô. As comunidades Cingapura e Zaki Narchi estão cheias e com situações de fome extrema. Diariamente, o Cristo na figura do pobre faminto e sedento de alimentos, roupas e água bate à nossa porta”, disse o Padre José Roberto Abreu de Mattos, mais conhecido como Padre Beto, Reitor da Basílica Menor de Sant’Ana.

Ao O SÃO PAULO, o Sacerdote ressaltou a importância da atuação dos Vicentinos e as várias campanhas realizadas na Basílica no combate à fome. “‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ é o lema da Campanha da Fraternidade, pelo qual somos convocados a intensificar nossas ações e, sobretudo, a olhar com amor e compaixão para o rosto do pobre que vem ao nosso encontro. E só é possível ajudar graças à atuação dos voluntários Vicentinos, voluntários das pastorais sociais e dos paroquianos que contribuem com as doações”, disse.

Além dos trabalhos dos Vicentinos na Basílica, são distribuídas, mensalmente, em média, 800 cestas básicas. Existe também a Pastoral do Café da Manhã dos Pobres, que distribui, diariamente, de forma gratuita, o café da manhã para mais de 100 pessoas em situação de rua.

“Temos a convicção de que o pouco que fazemos, mesmo sendo no atendimento pontual de saciar a fome, estamos atendendo o mandamento de Jesus ‘partiu o pão e deu aos discípulos’, e, com as doações recebidas, somos testemunhas da multiplicação que sacia e acalenta os irmãos carentes”, falou o Padre Beto, mencionado a necessidade de agir para transformar a realidade da fome.

A REALIDADE DA FOME

A escalada da fome no Brasil está em rápida ascensão e se expressa em pratos cada vez mais vazios. Estima-se que cerca de 33 milhões de pessoas não têm o que comer. Faz parte dessa estatística Josefa Elizabete, 64, que está desempregada e sem o benefício da aposentadoria. Ela bateu à porta da Basílica em busca de alimentos durante a pandemia. “Desempregada e sem renda, cheguei ao ponto de não ter nada em casa para comer. Desesperada e com fome, uma amiga me disse que os Vicentinos poderiam me ajudar. Desde então, recebo uma cesta básica que sacia a minha fome. Toda vez que venho buscar os alimentos doados, sinto a mão de Deus me abençoando”, disse, emocionada, enquanto recebia uma cesta básica.

Edilene Santos, 33, está desempregada há alguns anos e encontrou nas ações dos Vicentinos esperança e suprimentos. “Como mãe, é difícil ver os filhos pedir comida e não tê-la. Com os alimentos doados, consigo manter as refeições da minha família”, disse a mãe do Mateus, de 9 anos, que, com o incentivo dos voluntários, ingressou na Catequese.

Reinilda da Silva Costa, 38, tem dois filhos. Desempregada, ela depende da ajuda dos Vicentinos que visitam sua casa: “A visita é um momento de partilha das dificuldades enfrentadas, mas, sobretudo, de renovação da fé e reavivamento na esperança de dias melhores”.

Roseane Welter

Luiz Antonio Alexandre de Oliveira é representante dos Vicentinos na Basílica há 35 anos. Ele salientou que as ações desempenhadas são frutos da dedicação dos voluntários e do incentivo do Pároco. “Cada visita realizada, cada cesta doada, cada história compartilhada é a expressão de amor de Deus por nós”, disse, contando histórias de famílias que, com as atividades, puderam reconstruir suas vidas, saindo da situação em que se encontravam.

Oliveira mencionou a importância da atuação da Igreja, dos movimentos sociais, das ONGs e outras instituições que estão empenhadas no combate à fome.

O texto-base da Campanha da Fraternidade reforça que “é preciso visibilizar e valorizar as grandes redes de proteção alimentar que já existem e realizam um trabalho primoroso” (CF nº94). Desse modo, deve-se intensificar as ações emergenciais e proporcionar novas possibilidades para erradicar a fome com novos postos de trabalho e políticas públicas assertivas.

CONHEÇA MAIS SOBRE OS VICENTINOS

A Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) foi fundada em 1833, em Paris, por seis jovens universitários católicos, entre os quais o Beato Antônio Frederico Ozanan.

Reprodução

Trata-se de uma organização civil de cristãos leigos dedicada ao serviço da caridade. Tem como objetivo aliviar o sofrimento das pessoas vulneráveis, refletindo e atuando sobre suas causas. A SSVP rapidamente espalhou-se pelo mundo e hoje está presente em 150 países, auxiliando diariamente cerca de 30 milhões de pessoas, por meio da dedicação dos cerca de 800 mil confrades (homens) e consócias (mulheres). No Brasil, a SSVP foi fundada em 1872 e hoje conta com cerca de 20 mil Conferências, com aproximadamente 153 mil membros, que mantêm creches, escolas, projetos sociais, lares de idosos e um contato semanal com cerca de 74 mil famílias em situação de necessidade, além de atuar em situações emergenciais provendo alimentos, roupas e remédios para pessoas em vulnerabilidade social.

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