Bispos do Brasil ‘confirmam a vocação da Igreja de anunciar o Reino de Deus no coração do mundo’

Após dois anos, o episcopado brasileiro volta a se reunir presencialmente, em Aparecida (SP) para a Assembleia Geral

Victória Holzebach/Imprensa CNBB

O episcopado brasileiro está reunido desde a noite do domingo, 28 de agosto, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, para a realização da etapa presencial da 59º Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que será concluída na sexta-feira, 2 de setembro. 

O evento, que reúne quase 300 bispos, dá continuidade à primeira etapa, realizada na modalidade virtual, entre os dias 25 e 29 de abril. O tema central do encontro do episcopado é “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, em sintonia com o processo sinodal convocado pelo Papa Francisco para a Igreja no mundo todo, que culminará na Assembleia Ordinária do Sínodo, no Vaticano, em outubro de 2023. 

Na cerimônia de abertura, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB, destacou que os quase 300 bispos reunidos na casa da Padroeira do Brasil para reflexão e oração “confirmam a vocação da Igreja de anunciar o Reino de Deus no coração do mundo”. 

Dom Walmor também destacou os 70 anos da entidade, comemorados em 2022. Ele lembrou as “figuras ilustres”, os cristãos leigos, religiosos, padres assessores e bispos que se dedicaram à construção da história da CNBB. 

O Presidente sublinhou, ainda, que a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada há 15 anos, em Aparecida, também lança luzes nas atividades da Assembleia. “O texto final da Conferência de Aparecida, como é conhecida, fecunda os caminhos de nossa Igreja de modo bonito e promissor”, afirmou. 

TEMA CENTRAL 

A reflexão sobre o tema central tem como objetivo apresentar propostas e indicações para as próximas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), a serem votadas na 60º Assembleia Geral da CNBB, em 2023. 

Trata-se da continuidade de um processo de escuta, que foi iniciado na etapa virtual da Assembleia e que envolve os 19 regionais da CNBB. 

Segundo Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria (RS) e Presidente da Comissão do Tema Central, dessa escuta surgiu a necessidade de uma reflexão sobre o tempo pandêmico e o futuro pós-pandêmico que permita, em perspectiva multidisciplinar, integrar tais aspectos nas futuras DGAE. 

“Houve destaque para os temas: ministerialidade e conselhos que permitem à Igreja, no território nacional, renovar suas estruturas para melhor evangelizar e valorizar serviços e ministérios laicais reconhecidos e instituídos (catequistas, leitores e acólitos)”, salientou. 

Agora, nesta segunda fase da Assembleia, a partir da síntese das respostas de todos os regionais, a Comissão do Tema Central pretende dar continuidade ao processo de escuta envolvendo também os organismos do povo de Deus. Para isso, duas questões foram enviadas previamente aos bispos: uma sobre a recepção das atuais Diretrizes nas dioceses; e a outra diz respeito às considerações importantes para as futuras DGAE. 

COMUNIDADES MISSIONÁRIAS 

Durante a Assembleia, o episcopado também aprofunda a reflexão, a identidade e característica das Comunidades Eclesiais Missionárias, propostas nas atuais Diretrizes. “Elas se constituem centro da atenção para a evangelização no atual contexto”, salienta Dom Leomar. 

Após esse processo de escuta e a apresentação das sínteses das reflexões feitas pelos regionais da CNBB e os organismos eclesiais, será proposta uma mensagem à Igreja no Brasil, para comunicar às comunidades eclesiais os próximos passos na preparação das diretrizes. 

OUTROS TEMAS 

A pauta da Assembleia Geral também prevê as votações das atualizações do estatuto da CNBB, a tradução do Missal Romano, o texto sobre o Ministério do Catequista e o documento de estudo intitulado: “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14) – Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”. 

Além disso, outros 14 temas diversos são objeto de reflexão e discussão do episcopado, como as análises de conjuntura eclesial e social, a Jornada Mundial da Juventude de 2023, questões relacionadas à proteção de crianças e adolescentes, o Sínodo de 2023, a nova identidade visual da CNBB, entre outros. 

MISSAL ROMANO 

Os bispos iniciaram o processo de votação da tradução da terceira edição típica do Missal Romano, livro que contém os textos litúrgicos da missa. 

O texto foi apresentado pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel), cujo trabalho levou 18 anos para ser concluído. 

Não se trata da elaboração de um novo Missal Romano, mas, sim, uma revisão da tradução da terceira edição do livro litúrgico, após a promulgação da nova edição do Missal Romano, em 2002, por São João Paulo II. Na ocasião, além de alguns novos formulários de missas para circunstâncias específicas, foram introduzidas várias alterações na Instrução Geral. 

O trabalho de revisão da tradução foi pautado na preocupação de garantir a fidelidade do texto original promulgado pela Santa Sé, em latim, e, ao mesmo tempo, leva em conta questões próprias da língua portuguesa no Brasil, que garantam a correta compreensão do rito celebrado. 

ETAPAS 

O trabalho de tradução foi concluído em 2019 e submetido à 57º Assembleia Geral da CNBB, recebendo sugestões e observações. Com novas indicações, a Cetel deu início à revisão final da tradução apresentada na Assembleia daquele ano. Ao longo da revisão, o grupo também percebeu a necessidade de traduzir as alternativas de bênçãos para as diversas celebrações durante o ano litúrgico. 

Em fevereiro de 2020, foi disponibilizada uma versão impressa da tradução brasileira, denominada “Material de Estudo”. Na época, a expectativa era que o material passasse pela revisão final com especialistas, e a consequente aprovação na 58º Assembleia Geral, seguindo para a autorização de publicação pela Santa Sé. No entanto, a pandemia impediu a realização da assembleia presencial. 

Entre 2020 e 2021, foram revistas as traduções de todas as orações eucarísticas e analisadas sugestões encaminhadas à Cetel. 

Em maio de 2022, foi aberta uma consulta virtual aos bispos quanto às Orações Eucarísticas e Orações sobre o Povo, que ainda receberam algumas sugestões de mudanças e melhorias no texto para ser votado na etapa presencial da Assembleia. 

A Cetel analisou as propostas que os bispos fizeram (revisão, sugestão e proposta) e respondeu de forma personalizada a cada uma das indicações. Ao final do processo, foram mais de 220 bispos que participaram da consulta. Essas contribuições resultaram em um relatório de 59 páginas. 

(Com informações da CNBB) 

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