Cardeal Scherer ordena 2 padres para a Arquidiocese de São Paulo

‘Cuidem bem de exercer todos os dias o ministério que lhes é confiado’, exortou o Arcebispo aos neossacerdotes Felipe Batista da Silva e Jonathan Aparecido Lopes Gasques

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Escolhido do meio do povo, todo o sacerdote “é constituído em favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus” (Hb 5,1). O que se afirma neste versículo das Sagradas Escrituras sobre o sacerdócio pôde ser testemunhado pelos que foram no sábado, 29 de abril, à Paróquia São Patrício, no Rio Pequeno, Região Episcopal Lapa.

Após a procissão de entrada pelo corredor central da igreja, os até então Diáconos seminaristas Felipe Batista da Silva, 31, e Jonathan Aparecido Lopes Gasques, 30, tomaram seus assentos à frente da assembleia de fiéis. Naquela tarde, eles “saíram do meio do povo” para pastoreá-lo ao serem ordenados padres pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, em celebração que teve entre os concelebrantes sacerdotes da Arquidiocese, os bispos auxiliares e Dom Edivalter Andrade, Bispo de Floriano (PI), onde os diáconos realizaram um período de missão pastoral em 2022.

No começo da celebração, o Arcebispo Metropolitano ressaltou que a ordenação sacerdotal é um grande dom de Deus e manifestou sua alegria por, desta vez, estar sendo realizada na véspera do Domingo do Bom Pastor, quando a Igreja também celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Ele exortou o povo para que continue a pedir: “Senhor, enviai vocações, enviai operários para a vossa messe”.

CONFIGURADOS A CRISTO

O rito de ordenação teve inicio após a proclamação do Evangelho, quando os dois candidatos ao sacerdócio foram chamados e se apresentaram diante do Arcebispo.

Após a homilia, os dois manifestaram perante Dom Odilo e o povo o propósito de aceitar o encargo do ministério sacerdotal e fizeram as promessas sacerdotais de serem fiéis colaboradores da ordem episcopal para apascentar o rebanho do Senhor; de desempenhar, com dignidade e sabedoria, o ministério da Palavra; de celebrar, com devoção e fidelidade, os mistérios de Cristo, sobretudo o sacrifício eucarístico; de implorar a misericórdia de Deus em favor do povo; e unir-se cada vez mais a Cristo e ser com Ele consagrados a Deus para a salvação da humanidade. Ainda como parte do rito, prometeram obediência ao Arcebispo e a seus sucessores.

Na sequência, enquanto ficaram prostrados diante do altar, toda a assembleia invocou sobre eles a intercessão da Igreja triunfante, por meio da Ladainha de todos os santos. Passou-se, então, ao momento central do rito de ordenação: a imposição das mãos do Arcebispo sobre os eleitos, seguida da prece de ordenação: “Nós vos pedimos, Pai todo-poderoso, constituí estes vossos servos na dignidade de presbíteros; renovai em seus corações o Espírito de santidade; obtenham, ó Deus, o segundo grau da ordem sacerdotal, que de Vós procede, e sua vida seja exemplo para todos”.

PREPARADOS PARA O SERVIÇO MINISTERIAL

Após a imposição das mãos, os novos presbíteros foram revestidos com a estola e a casula, paramentos litúrgicos próprios para o serviço ministerial. Depois, tiveram suas mãos ungidas pelo Arcebispo com o óleo do Crisma, conferindo-lhes a força do Espírito de Deus.

Na sequência, os Padres Felipe e Jonathan receberam o cálice e a patena, com o vinho e pão que serão oferecidos e consagrados no Corpo e Sangue de Cristo nas missas que celebrarem. “Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao ministério da cruz do Senhor”, consta na oração feita pelo Arcebispo.

Na conclusão do rito, os neossacerdotes foram saudados por Dom Odilo e pelos demais concelebrantes com o abraço da paz. “É um abraço de acolhida de seus irmãos presbíteros. Eles os reconhecem como membros da comunidade sacerdotal. Padre Jonathan, Padre Felipe, sintam-se amados por tantos outros padres, seus irmãos. Este é um laço profundo, sobrenatural, um laço que não termina, sois sacerdotes para sempre”, disse o Cardeal aos novos padres.

ORAÇÃO E AÇÃO PELAS VOCAÇÕES

Durante a homilia, o Arcebispo Metropolitano agradeceu aos reitores e formadores dos novos padres e ressaltou que a boa formação de um sacerdote requer tempo e envolve as dimensões humana, espiritual e pastoral.

Ao pedir que os padres, seminaristas, religiosos e religiosas consagradas presentes se apresentassem, Dom Odilo lembrou que toda a comunidade de fiéis deve trabalhar e rezar para que haja mais vocacionados para a Igreja. “De onde saem as vocações? Das paróquias, das comunidades, das famílias, dos grupos de Catequese, de Crisma, de jovens. É ai que temos de lançar a rede, convidar, para que surjam vocações”, exortou, fazendo especial apelo aos catequistas e às famílias para que estimulem as vocações.

“Deus chama, mas sempre devemos estar atentos. São João Paulo II escreveu algo que jamais devemos nos esquecer: ‘A vocação é um dom de Deus providente a uma comunidade orante, que pede vocações ao Senhor da messe’”, comentou, destacando ainda que Cristo, o Bom Pastor, deseja que o rebanho jamais se perca e que por isso há os padres e bispos, ministros encarregados pelo Senhor para pastorear o povo de Deus.

A EXEMPLO DO BOM PASTOR

Dom Odilo recordou que a partir da ordenação sacerdotal, os neossacerdotes são configurados a Cristo e assim como o Mestre devem ensinar a Palavra de Deus, santificar o povo pelos sacramentos e pastoreá-lo com todo o carinho.

Aos sacerdotes – prosseguiu o Arcebispo – compete a missão de pregar o Evangelho e não a si próprios; cuidar do povo com a mesma caridade de Cristo e celebrar os divinos mistérios. “Cuidem bem de exercer todos os dias o ministério que lhes é confiado”, ressaltou.

“Que nunca o serviço sacerdotal se torne uma coisa monótona, superficial e ritual apenas, mas, sim, que sempre haja a alegria em fazer isso em nome de Cristo em benefício dos irmãos”, prosseguiu Dom Odilo, destacando, ainda, que quando o padre celebra a Eucaristia “coloca a própria vida no altar junto com a vida de Cristo e traz a vida de todo o povo para junto do altar”.

“Tenham sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, Jesus Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida por todos”, recomendou o Arcebispo aos neossacerdotes.

‘NÃO DEIXEM DE REZAR POR NÓS’

Antes do término da celebração, Padre Jonathan, falando também em nome do Padre Felipe, agradeceu aos familiares que os apoiaram no caminho vocacional, aos padres formadores e reitores do Seminário Arquidiocesano, a Dom Odilo e à comunidade da Paróquia São Patrício, em especial aos Padres Ernandes Alves da Silva, Pároco, e Lucas Martinez, Vigário Paroquial, por terem organizado os detalhes daquela celebração.

“Sabemos que a oração é fundamental. Não deixem de rezar por nós. Como nascemos no meio de vocês, continuem a rezar e nós sempre estaremos ofertando a vida de vocês na Eucaristia”, disse Padre Jonathan, dirigindo-se à comunidade de fiéis.

Antes da bênção final, os neossacerdotes receberam a faculdade para ouvir confissões na Arquidiocese. Outros encargos pastorais ainda lhes serão repassados neste mês.

CONHEÇA MAIS SOBRE OS NEOSSACERDOTES

Padre Jonathan Aparecido Lopes Gasques

Lema sacerdotal

“Eu sou o Bom Pastor: o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10,11)

Nascido na capital paulista, Padre Jonathan Aparecido Lopes Gasques, 30, é formado em Filosofia e Teologia, tem especialização em Teologia Pastoral e é mestrando em Teologia na PUC-SP.

Ele conta ter sentido o chamado ao sacerdócio já quando criança, durante a Catequese na Paróquia São Mateus Apóstolo, na Região Belém. Depois de ter recebido a primeira Eucaristia, ingressou no grupo de coroinhas e acólitos. Na adolescência, continuou engajado na comunidade e, inspirado no testemunho das catequistas e incentivado pela avó, começou a amadurecer a ideia de ser padre, tendo a orientação do Padre Lauro Wisnieski para este discernimento.

Decidido a entrar no seminário, permaneceu em São Paulo quando toda a família se mudou para Minas Gerais. O ingresso no Propedêutico foi em 2011. Um dos momentos mais desafiadores desta trajetória ocorreu em 2016, quando sua mãe faleceu. “Eu estava no primeiro ano da Teologia. O meu céu e o meu chão foram arruinados. Minha mãe era evangélica, mas sempre me incentivou a ser padre”, recordou o Neossacerdote, destacando ter recebido neste momento de tribulação todo o apoio no Seminário Arquidiocesano.

A sua ordenação sacerdotal no sábado, 29 de abril, foi um momento de especial emoção para seus familiares, como os tios Francisco Bernardo Lopes Gasques e Maria da Glória.

“Eu não sei nem como explicar a alegria que sinto hoje. O Jonathan é um predestinado por Deus”, afirmou Francisco Gasques.

“O Jonathan nasceu com apenas 900 gramas, prematuro. Nós até achávamos que ele ia morrer, mas Deus falou ‘este menino é meu escolhido’”, disse Maria da Glória, ao recordar que ele ficou internado por alguns meses após nascer. “Eu o vi pequenininho, ia dar banho nele e até tinha medo de quebrar os seus ossos. Hoje está aqui. É uma grande alegria!”, expressou.

“Como padre, quero dar Deus para as pessoas, levar esperança a elas pela Eucaristia e aliviá-las de seu sofrimento por meio do sacramento da Penitência e da Unção dos Enfermos”, ressaltou o Neossacerdote. “Quero guiar as pessoas para Deus”, concluiu. 

Padre Felipe Batista da Silva

Lema sacerdotal

“Em tuas mãos, Senhor” (Lc 23,46)

Ipiaú, na região Sul do estado da Bahia, é a cidade natal do Padre Felipe Batista da Silva, 31, que além da formação em Teologia e Filosofia, tem especialização em Teologia Pastoral.

Padre Felipe conta que desde a infância sentia o chamado de Deus para o sacerdócio. Na adolescência e juventude, participava em sua cidade, incentivado pela avó, das missas, grupos de oração, reza do Terço e da novena nas casas, tudo isso com sua rotina de estudos e trabalho. “Todavia, ainda que oculto, o chamado de Deus, Sua voz estava no meu interior. Interessante a frase de Santo Agostinho: ‘Criaste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em ti’. De fato, meu coração andava inquieto toda vez que me aproximava de Deus, pois sabia que Ele me chamava. Existia um dilema dentro de mim: não desista, eu estou contigo”.

Em meio a todo este processo de discernimento, conheceu em Ipiaú uma senhora que se recuperava de um câncer, Antonieta Gomes de Oliveira, que considera o Padre Felipe como seu “sobrinho do coração”.

“Ele sempre foi muito religioso e eu o aconselhei que viesse para São Paulo e que ingressasse no seminário”, recordou Antonieta. Em 2015, o jovem Felipe ingressou no Seminário Propedêutico da Arquidiocese.

“Sou muito feliz e grata a Deus e a Nossa Senhora por ele estar sendo ordenado hoje. Ele será um ótimo padre, pela graça de Deus”, comentou Antonieta, que diz rezar todos os dias pelo agora Neossacerdote.

Sobre o lema que escolheu, Padre Felipe lembra que este expressa o seu desejo de sempre se colocar nas mãos do Senhor, “entregar-me profundamente, sem medo e sem reservas, me lançar inteiramente nas mãos Dele”. E o fará convicto de que Deus nunca decepciona, como mencionou certa vez São João Paulo II, em frase que é recordada pelo Neossacerdote: “Quem faz entrar Cristo nada perde, absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só nessa amizade abrem-se, de par em par, as portas da vida. Só nesta amizade, se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana […] Ele não tira nada, ele dá tudo”.

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Nilzete Silveira de Lima
Nilzete Silveira de Lima
10 meses atrás

Parabéns padre Jonathan e Padre Felipe, que Deus os abençoe para que sejam verdadeiros pastores fortalecidos pelo Espírito Santo de Deus.
Que Maria nossa mãe, os cubra com seu manto sagrado.