Carta apostólica Desiderio desideravi ressalta a beleza da verdade da celebração cristã

5 mil pessoas participaram de modo on-line da formação arquidiocesana sobre o documento publicado pelo Papa Francisco em junho

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Nos dias 24 e 25 de agosto, a Comissão Arquidiocesana de Liturgia (CAL) realizou uma formação sobre a carta apostólica do Papa Francisco Desiderio desideravi, sobre a Sagrada Liturgia, publicada pelo Pontífice em 29 de junho. 

O evento, que aconteceu na modalidade on-line, teve como assessor o Padre Damásio Medeiros, sacerdote salesiano e liturgista, e contou com a participação de Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa e Referencial Arquidiocesano para a Liturgia. A formação foi acompanhada por mais de 5 mil pessoas por meio do canal da Catedral da Sé no YouTube. 

Padre Damásio dividiu a exposição da carta apostólica em cinco momentos, nos quais falou sobre o cenário eclesial em que a carta é apresentada, além de destacar seus objetivos e estrutura. Também ressaltou a formação litúrgica do povo de Deus e propôs algumas reflexões. 

LITURGIA E ECLESIOLOGIA 

Na primeira noite, o liturgista discorreu sobre a relação entre a ação litúrgica e a vida da Igreja, no primeiro momento do encontro. 

“Para indicar alguns pontos concretos da relação de circularidade entre a Liturgia e a Eclesiologia, podemos considerar as palavras como ‘mistério-sacramento’, ‘povo de Deus’, ‘corpo de Cristo’, ‘esposa de Cristo’ e as chamadas propriedades da Igreja: una, santa, católica, apostólica. Não se trata de privilegiar uma categoria em detrimento de outra, mas de afirmar a mútua e permanente inter-relação de identidade, natureza e complementaridade entre as duas realidades”, explicou. 

O Salesiano ressaltou, ainda, que a circularidade entre a Liturgia e a Igreja tem o seu fundamento no mistério pascal. Também recordou orientações do Papa Francisco, feitas nas audiências gerais entre 8 de novembro de 2017 e 4 de abril de 2018, sobre a celebração eucarística e como rezar na liturgia, além dos discursos e documentos do Magistério da Igreja sobre a compreensão da ação litúrgica. 

Padre Damásio completou que a liturgia é a vida da Igreja, “isto é, a comunidade daqueles que, no Batismo, encontraram a união com Cristo, e que a cada domingo se reúne para celebrar, com o presbítero, a memória do Senhor”. 

BELEZA E VERDADE 

Em um segundo momento, o liturgista explicou os objetivos da carta apostólica, destacando aos participantes que “se trata de um documento que reúne e reelabora, de forma original, as proposições advindas da sessão plenária do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos”. 

Também exortou os participantes: “Somos chamados a redescobrir todos os dias a beleza da verdade da celebração cristã. Refiro-me, mais uma vez, ao seu significado teológico, como admiravelmente descrito no número 7 da [constituição conciliar] Sacrosanctum concilium: a Liturgia é o sacerdócio de Cristo revelado e que nos é dado na sua Páscoa, presente e atuante hoje por meio de sinais sensíveis (água, óleo, pão, vinho, gestos, palavras) para que o Espírito, mergulhando-nos no mistério pascal, transforme toda a nossa vida, conformando-nos cada vez mais a Cristo”, afirmou. 

SENTIDO TEOLÓGICO 

Estrutura, formação e reflexão foram os três principais pontos propostos pelo Padre Damásio na segunda noite do encontro. Ele explicou que a Desiderio desideravi tem 65 parágrafos e é dividida em nove subtítulos, nos quais o Papa utiliza uma linguagem teológica acessível e expõe com clareza as orientações da Sacrosanctum concilium, cita São Paulo VI e o Papa Pio XII, além da contribuição do Movimento Litúrgico, que precedeu o Concílio Vaticano II, e do teólogo Romano Guardini. O Pontífice cita, ainda, São Leão Magno, Santo Agostinho, Santo Irineu de Lião, São Francisco de Assis, o Missal Romano e o Pontifical Romano, que contém os ritos de ordenação de bispos, presbíteros e diáconos, além de outros documentos do Magistério recente. 

Padre Damásio abordou também o sentido teológico da liturgia, definido pelo Papa Francisco como lugar de encontro com o Cristo e “antídoto para o veneno do mundanismo espiritual”. 

Por fim, o Sacerdote desejou aos participantes reviverem “o espanto diante da beleza da verdade da celebração cristã, a recordar a necessidade de uma autêntica formação litúrgica e a reconhecer a importância da arte da celebração que está a serviço da verdade do mistério pascal e da participação de todos os batizados, cada um com a especificidade da sua vocação”. 

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