Católicos se unem ao Papa na consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria

Na Arquidiocese de São Paulo, todos os sinos das igrejas soarão por 3 minutos na sexta-feira, 25

Vatican Media – mai.2017

Na sexta-feira, 25, Solenidade da Anunciação do Senhor, a Igreja Católica no mundo inteiro se une ao Papa Francisco no ato de consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. Na Arquidiocese de São Paulo, a data será marcada por uma missa pela paz na Ucrânia, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, às 12h, na Catedral da Sé. Nesse mesmo horário, os sinos de todas as igrejas de São Paulo soarão por cerca de 3 minutos, como sinal da oração comum em favor da paz no país do Leste Europeu, que sofre com a ofensiva militar russa, que já deixou milhares de mortos e mais de 3,5 milhões de refugiados.

No Vaticano, a consagração das duas nações acontecerá durante a celebração penitencial presidida pelo Santo Padre na Basílica de São Pedro. Simultaneamente, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, o Cardeal Konrad Krajewski, Esmoleiro Apostólico, na condição de Legado Pontifício, também fará o ato de consagração na Capelinha das Aparições.

PEDIDO DE NOSSA SENHORA

Foi em Fátima que, em 1917, durante uma de suas aparições aos pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia, a Virgem Maria pediu que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração.

“Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior […]. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalha- rá seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”, afirmou Nossa Senhora, segundo o relato de Irmã Lúcia, uma das videntes de Fátima.

CONSAGRAÇÕES

Após as aparições em Fátima, houve vários atos de consagração ao Imaculado Coração de Maria. Sendo o primeiro deles realizado pelo Papa Pio XII, que consagrou o mundo inteiro em 31 de outubro de 1942, enquanto ainda acontecia a 2a Guerra Mundial, que chegou ao fim três anos depois.

Em 7 de julho de 1952, o mesmo Pontífice consagrou especificamente a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, por meio da carta apostólica Sacro vergente anno, em plena Guerra Fria, diante da difícil situação dos cristãos forçados a viver em um regime comunista ateu.

“Tal como alguns anos atrás, consagramos a humanidade inteira ao Imaculado Coração da Virgem Maria, Mãe de Deus, também hoje a consagramos e de forma especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração”, escreveu o Pontífice.

Em 1964, São Paulo VI renovou a consagração da Rússia ao Imaculado Coração, durante o Concílio Vaticano II. Já São João Paulo II repetiria o ato em 1981, 1982 e 1984, sendo que, nesta última ocasião, confiou ao Imaculado Coração de Maria todos os povos e “de maneira especial… aqueles homens e nações que necessitam, particularmente, desta entrega e desta consagração”.

Em correspondência de 29 de agosto de 1989, a Irmã Lúcia, última das videntes de Fátima que ainda viviam na época, afirmou que a consagração da Rússia “foi feita” e que “Deus manterá a Sua palavra”. De fato, após esse ato, ocorreram eventos históricos significativos, como a queda do Muro de Berlim (9 de novembro de 1989) e a dissolução da União Soviética (25 de dezembro de 1991).

Em 13 de outubro de 2013, também o Papa Francisco consagrou o mundo ao Imaculado Coração.

APELO DOS BISPOS

A nova consagração a ser realizada por Francisco atende a um pedido feito pelos bispos católicos de rito latino da Ucrânia. Em carta de 2 de março, eles solicitaram que o Pontífice “realize publicamente um ato de consagração da Ucrânia e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, como a Santíssima Virgem solicitou em Fátima”.

A Congregação para o Culto Divino descreve a consagração a Nossa Senhora como um “reconhecimento consciente do lugar singular que Maria de Nazaré ocupa no Mistério de Cristo e da Igreja, do valor exemplar e universal do seu testemunho evangélico, da confiança na sua intercessão e da eficácia do seu patrocínio”. Esse ato, portanto, não tem limite de vezes para ser realizado e renovado.

POR QUE A RÚSSIA?

Em 1979, o Padre Joaquim Maria Alonso, historiador espanhol das aparições de Fátima, escreveu que, de fato, em 1917, Lúcia, então com 10 anos, desconhecia a realidade político-geográfica da Rússia, desconhecia até mesmo o nome do país. Interrogada por seu diretor espiritual para que esclarecesse como chegou ao conhecimento da Rússia ou por que se recordara do nome desse país, a vidente respondeu: “Até então, só tinha ouvido falar dos galegos e dos espanhóis, não sabia o nome de nenhum país. Mas o que percebíamos durante as aparições de Nossa Senhora ficava de tal modo gravado em nós que nunca esqueceríamos. Por isso é que eu sei bem, e, com certeza, que Nossa Senhora falou expressamente da Rússia em julho de 1917”.

A Rússia é o país mais extenso do mundo, contando atualmente com 17,1 milhões de km² e 144 milhões de habitantes. No período da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), chegava a 22,4 milhões de km², tornando-se o maior “império” territorial do mundo, com dezenas de povos, línguas e tradições.

Além de sua grande influência na geopolítica mundial, esse país também foi um ícone da propagação do ateísmo e da perseguição religiosa no século XX. No âmbito religioso, a Rússia é um sinal visível da chaga do Cisma entre os cristãos do Oriente, tendo a Igreja Ortodoxa Russa como a mais resistente ao restabelecimento da plena unidade dos cristãos.

Numa carta ao diretor espiritual, de 18 de maio de 1936, Irmã Lúcia escreveu: “Intimamente, tenho falado com Nosso Senhor sobre o assunto [da consagração da Rússia]; e há pouco, perguntava-lhe por que não convertia a Rússia sem que Sua Santidade fizesse essa consagração. ‘Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Imaculado Coração de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração.’”

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