Chega ao Brasil o programa ‘Semáforo – Empresa sem Pobreza’

Potencializar as ações realizadas pelas empresas com vistas ao bem-estar e à melhor qualidade de vida de seus funcionários, transformando as realidades de pobreza em que eles e suas famílias estão. Este é o propósito do programa “Semáforo – Empresa sem Pobreza”, já adotado em 46 países e que agora chega ao Brasil. 

A apresentação do programa ocorreu no dia 16, no Espaço Sociocultural – Teatro CIEE, no bairro do Itaim Bibi. Criado em 2013 pela ONG Fundación Paraguaya, o “Semáforo – Empresa sem Pobreza” terá a aplicação de sua metodologia no Brasil feita pelo Instituto Polaris, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e pelo Banco da Família, na região Sul. 

“Queremos acelerar o crescimento das empresas de forma organizada, sustentável e eficiente, aumentando a qualidade de vida dos colaboradores e seu comprometimento com as empresas”, afirmou, ao O SÃO PAULO, Gigi Cavalieri, sócia do Instituto Polaris e presidente latino-americana da União Cristã Internacional de Dirigentes de Empresas (Uniapac) e da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de São Paulo (ADCE-SP). 

FUNCIONAMENTO 

A aplicação do programa nas empresas que aderem à iniciativa começa por uma pesquisa que leva cada funcionário ao autoconhecimento sobre a realidade de pobreza de sua família, por meio de 50 indicadores, distribuídos em seis dimensões: Acesso a Renda e Emprego; Habitação e Infraestrutura; Educação e Cultura; Organização e Participação na Comunidade; Saúde e Meio Ambiente; e Interioridade e Motivação. 

Por meio de uma tecnologia de auto-avaliação, as famílias podem, a partir dos dados compilados na pesquisa, pensar em soluções práticas e inovadoras, a fim de eliminar a pobreza. 

“A tecnologia é uma grande aliada do programa. A pesquisa é feita por meio de um tablet ou telefone celular. São adotadas as cores do semáforo para representar três possíveis respostas: o vermelho, para pobreza extrema; o amarelo, para pobreza; e o verde, sem pobreza. O programa é todo digitalizado e permite o cruzamento das informações e o tratamento dos dados obtidos de maneira simples, ágil e com baixos custos”, detalha Gigi. 

PROTAGONISMO DA PESSOA 

O passo seguinte é cada família, com base nos indicadores, escolher cinco áreas prioritárias que queira melhorar inicialmente, após já ter a convicção de que vale a pena mudar essa realidade e que efetivamente pode fazer algo. 

Uma vez mensurada a pobreza de seus colaboradores, a empresa – isoladamente ou em rede com outras empresas e mesmo via parceria com governos e organizações da sociedade – pode pensar soluções concretas para superar as carências específicas dos funcionários e das comunidades onde vivem. 

“Acreditamos que é possível erradicar a pobreza extrema por meio da subsidiariedade, que é um dos princípios da Igreja. Subsidiariedade seria o colaborador operar até onde for possível e a empresa realizar o que é necessário. Trata-se de ajudar na capacitação e desenvolvimento, para que o colaborador passe a ser o protagonista e a empresa, a apoiadora dentro do que é sua responsabilidade, para que ele possa conquistar e realizar por meio do seu potencial/dons. A empresa não tem responsabilidade de realizar e sanar todas as demandas que se apresentam, mas pode utilizar sua capacidade de articulação para colaborar na solução dos problemas”, explica Gigi. 

BOM PARA TODOS

Após a aplicação do plano de ação, ocorre ainda a chamada medição de impacto, por meio da qual se poderá avaliar o progresso dos colaboradores da empresa. 

“Com o programa, podemos identificar claramente os pontos mais sensíveis e direcionar esforços de maneira eficiente, gerando melhores resultados para todos: colaboradores e empresa”, assegura Gigi. 

Durante o lançamento da iniciativa, foram apresentados alguns casos concretos, como o de uma empresa no Paraguai que após a aplicação do Semáforo constatou que boa parte dos funcionários tinha banheiros em péssimas condições em seus lares, razão pela qual viabilizou parcerias para a reforma desses cômodos especificamente. Outras passaram a realizar campanhas de conscientização sobre a prevenção da violência contra as mulheres, após perceberem ser este um problema na comunidade onde vivem muitos funcionários. 

Gigi Cavalieri assegura que, desde a apresentação no dia 16 – prestigiada por CEOs e responsáveis pela gerência de pessoas nas empresas, bem como pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo –, muitos têm buscado o Instituto Polaris (www.polaris.org.br) para saber mais sobre o programa. “Estamos agendando reuniões para conhecer as demandas e detalhar a implementação, uma vez que é sensível à cultura de cada empresa e à realidade dos colaboradores”, comentou. “Estamos otimistas e acreditamos que, pela sua metodologia ágil, o programa irá impactar, de maneira transformadora, a vida das famílias e das empresas, proporcionando rapidamente mais dignidade às pessoas, melhor produtividade e sustentabilidade nas empresas”, concluiu. 

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