Colégio Nossa Senhora de Sion comemora 120 anos de história

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em 2021, o Colégio Nossa Senhora de Sion, uma das instituições católicas de ensino mais tradicionais da capital paulista, comemora 120 anos de fundação. Para marcar o aniversário, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu uma missa na capela do colégio, no sábado, 6.

Localizado em Higienópolis, bairro da zona Oeste, o Colégio Sion, como é mais conhecido, foi fundado em 1901 pelas religiosas de Nossa Senhora de Sion. Inicialmente, a instituição era destinada exclusivamente à educação de meninas, seguindo a tradição do colégio fundado pelas mesmas religiosas em 1888 no Rio de Janeiro, atendendo a um pedido da Princesa Isabel.

Missão

Irmã Maria José dos Santos, diretora administrativa da instituição, destacou que a missão do Colégio se confunde com o carisma da família religiosa de Nossa Senhora de Sion, fundada na França no século XIX pelos irmãos Teodoro e Afonso Ratisbonne, judeus convertidos que buscavam testemunhar pela vida o amor de Deus por seu povo, sobretudo, por meio do diálogo inter-religioso com a comunidade judaica.

“Nosso colégio tem a missão de atuar no campo da Educação, tendo em vista valores, princípios cristãos e o conhecimento, de acordo com as exigências da sociedade moderna, de modo que nossos alunos se tornem cidadãos conscientes”, afirmou a Religiosa, acrescentando que, para concretizar sua missão, “a instituição integra proposta pedagógica, atuação educacional e projeto fé e vida, visando ao crescimento integral do aluno”.

Prédio histórico

Devido ao crescente número de matrículas, foi necessário construir um novo prédio, cujo projeto arquitetônico e a construção foram confiados ao engenheiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo. A capela teve suas obras iniciadas em 1941, tendo um estilo que remonta às características das capelas de Nossa Senhora de Sion de outros países.

O edifício chegou a abrigar um hospital de campanha durante a epidemia de gripe espanhola, em 1918, devido ao fato de o prédio possuir um pé-direito de 5 metros de altura e janelas amplas, que permitem maior circulação do ar.

Presença da Igreja

Na homilia, Dom Odilo recordou que o Colégio nasceu no início da expansão da cidade de São Paulo. “Este colégio chegou no contexto em que crescia a presença dos religiosos no mundo da educação, da saúde e da caridade, especialmente nas periferias da cidade, que se expandia cada vez mais. A Igreja procura estar onde o povo está e o acompanha missionariamente”, afirmou o Cardeal, pedindo a Deus que continue a abençoar o Colégio para que produza cada vez mais bons frutos.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Enfatizando a importância da educação para a sociedade, o Arcebispo lembrou que as instituições de ensino devem ser comprometidas com a formação integral da pessoa, baseada na formação do caráter, nas virtudes e nos valores humanos e cristãos importantes para o desenvolvimento da sociedade. “Como superaremos tantos males que hoje afligem a sociedade sem a educação?”, indagou.

Educação de gerações

Ao longo dos 120 anos, o Colégio Sion formou gerações de alunos. Como é o caso da jornalista Helô Machado, 75, que foi aluna na instituição dos 4 aos 19 anos. Foi na Capela do Sion que ela se casou com o também jornalista Adones Alves de Oliveira, falecido em 2014. Seus dois filhos, o jornalista Felipe Machado, 51, e o executivo da indústria fonográfica Fernando Machado, 48, também foram alunos do Colégio.

No fim da celebração, Felipe fez um discurso de agradecimento em nome dos alunos e ex-alunos da instituição. “Aqui, aprendi a ler, compreendi a misteriosa lógica da Matemática e descobri como o Brasil foi descoberto. Nesses corredores centenários, também fiz as primeiras amizades, muitas delas presentes na minha vida até hoje. […] uma grande parte da minha personalidade foi construída pelo conhecimento compartilhado nas salas de aula, mas muita coisa veio das relações que vivenciei nesse ambiente”, relatou.

Hoje, a filha de Felipe, Isabel, e sua sobrinha, Laura, ambas com 14 anos, estudam no Colégio. “[Elas] passeiam pelos mesmos lugares que eu e minha mãe passeamos. Arriscam versos e canções no auditório, como eu e minha mãe fizemos. E fizeram aqui sua primeira Comunhão, como minha mãe e eu”, afirmou.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Entre os ex-alunos da instituição, também somam personalidades como a pintora e desenhista Tarsila do Amaral Eloá Quadros, esposa do ex-presidente Jânio Quadros; as pianistas Guiomar Novaes e Magda Tagliaferro; a ex-prefeita Marta Suplicy; e Dinah Borges de Almeida, médica pioneira na Nefrologia no Brasil.

Transmissão da fé

O Colégio Sion não marca apenas a vida de seus alunos. A médica Jessica Dorio Dantas de Oliveira, 32, conheceu a fé católica na instituição. Batizada em outra denominação cristã, recentemente ela se aproximou da Igreja Católica após frequentar missas na capela do Colégio. Depois de um período de preparação conduzida pelo capelão, Padre José Ulisses Leva, e pela Irmã Maria José, que verificaram a validade do Batismo recebido na outra comunidade, Jessica foi oficialmente acolhida na Igreja Católica após professar publicamente a fé, renovar as promessas batismais e, durante a missa presidida por Dom Odilo, fez a sua primeira Comunhão.

“É uma emoção muito grande poder receber Jesus na Eucaristia pela primeira vez. Aqui, nesta comunidade, encontrei a força e o sentido para viver a minha fé, indispensável para a minha vida e minha profissão”, relatou a médica, que trabalhou na linha de frente do combate à pandemia em dois hospitais da capital paulista.

Futuro

Ao comemorar 120 anos, o Colégio Nossa Senhora de Sion também olha para o futuro. Para Fábio Constantino, o diretor educacional, a instituição, que hoje conta com cerca de 700 alunos, busca cada vez mais atualizar sua proposta pedagógica para continuar correspondendo às necessidades de seus estudantes, que, a cada ano, se renovam e demandam novas desafios para os educadores. “Outra meta é continuar fazendo com que a comunidade sinta segurança em confiar a educação de seus filhos, nossos maiores tesouros, aos nossos cuidados”, afirmou.

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