Dom Odilo indica o caminho das bem-aventuranças para a construção de um Brasil melhor

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu na manhã da quarta-feira, 7, a missa pela pátria e pelo povo brasileiro, na comemoração do bicentenário da Independência do Brasil.

A Missa pela Pátria é prevista na liturgia entre os textos das “Missas para Diversas Circunstâncias”, por meio das quais o povo de Deus oferece orações e súplicas por realidades específicas da Igreja e da sociedade. Uma das orações feitas nesta celebração, pede a Deus que acolha “as súplicas que fazemos pela nossa pátria, para que sejam consolidadas a concórdia e a justiça, pela sabedoria dos governantes e pela honestidade do povo, trazendo-nos paz e prosperidade”.

Na homilia, Dom Odilo meditou a partir do trecho do Evangelho segundo São Mateus, no qual Jesus anuncia as bem-aventuranças e o Reino de Deus.

“Jesus veio anunciar o Reino de Deus não como um bem privado, mas, como um bem para toda a humanidade”, ressaltou o Arcebispo, indagando como a convivência social, política e econômica poderiam ser melhores se as bem-aventuranças fossem colocadas em prática.

Em seguida, o Cardeal refletiu sobre o quanto cada bem-aventurança ajuda a colocar em prática o Reino de Deus na sociedade, ao chamar a atenção para a realidade dos pobres, “pessoas excluídas dos benefícios da vida, do bem comum”. “Se na convivência humana os pobres não são lembrados, é preciso nos convertamos”, enfatizou.

Sobre a promessa da bem-aventurança aos aflitos, Dom Odilo convidou todos a refletirem sobre as muitas aflições pelas quais passam a humanidade. “O Reino de Deus é garantia de que os aflitos serão consolados”, disse.

“Quando Jesus diz que bem-aventurados são os mansos, pois possuirão a terra, Ele nos recorda que não é a violência que constrói uma sociedade”, sublinhou o Arcebispo, exaltando aqueles que fazem da autoridade um serviço para proporcionar o bem aos outros.

Reino de deus

Já em relação à promessa da felicidade aos que tem “fome e sede de justiça”, o Cardeal salientou que no Reino de Deus predominam a justiça, a paz, o respeito, a fraternidade. “Quanto isso ainda falta para nós. Estamos muito longe daquilo que Jesus propõe como Reino de Deus, como o grande bem para a nossa sociedade”, observou.  

Dom Odilo continuou destacando que uma sociedade justa e fraterna é edificada por aqueles que são misericordiosos, os quais, como promete Jesus, também “alcançarão misericórdia”, pois sabem se compadecer diante da dor dos irmãos e não fecham seus corações para o sofrimento da humanidade.

Sobre a bem-aventurança aos que promovem a paz, Dom Odilo chamou a atenção para a realidade das guerras e conflitos que nem sempre são armados, mas igualmente marcados pelo ódio. “Isso não constrói uma sociedade, um país bom”, completou.

“O que as bem-aventuranças dizem para nós, no bicentenário da Independência, para o futuro do nosso País? Temos muita tarefa pela frente, como cristãos, pessoas de fé, inspirados nos ideais do Evangelho, que nos motiva e nos orienta a arregaçarmos as mangas e a participar todos os dias, cada um no seu âmbito, para construirmos um Brasil melhor”, exortou o Cardeal Scherer, reforçando que o Reino de Deus é o grande bem para a sociedade.

Mensagem dos bispos

No fim da celebração, foi lida a mensagem dos participantes da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ao povo Brasileiro sobre o momento atual.

“Como pastores, temos presentes a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência”, iniciam os bispos a mensagem, acrescentando que: “O compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural, bem como da família, da ecologia integral e do estado democrático de direito, está intrinsecamente vinculado à nossa missão apostólica”.

O episcopado reconhece que o País está envolto “numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira”, e faz uma contundente defesa da democracia brasileira:

“Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos […] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 407).

Por fim, os prelados conclamam toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos, para o Executivo e o Legislativo, que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum.

Acesse a íntegra da mensagem

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