‘Ele se esvaziou de sua glória por cada um de nós’, diz Dom Odilo no Natal do Arsenal da Esperança

Arcebispo Metropolitano presidiu missa no espaço que acolhe homens em situação de rua e proporciona o resgate da dignidade de suas vidas

Fotos: Luca Meola/Arsenal da Esperança

No espaço em que nos últimos 26 anos, mais de 70 mil homens que antes estavam nas ruas reencontraram o sentido de suas vidas, o nascimento de Cristo é sempre um momento de reafirmar a esperança em dias melhores e render graças a Deus.

E assim foi no domingo, 25, na Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, em missa presidida pelo Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano. Participaram boa parte dos 1,2 mil homens acolhidos diariamente na casa, voluntários, benfeitores e membros da Fraternidade da Esperança do SERMIG, a comunidade missionária que mantém o Arsenal da Esperança. 

“É uma grande alegria estarmos aqui, no dia de Natal, numa casa que não para, e não para porque se alimenta da presença do Senhor que dá força a cada gesto, a cada momento em que somos chamados a enfrentar desafios que se tornam também oportunidades para crescer no amor”, disse o Padre Simoni Bernardi, um dos sacerdotes da Fraternidade da Esperança, que concelebrou a missa, assim como o Padre Lorenzo Nacheli, também um dos responsáveis pelo Arsenal.

Há dois anos, o Cardeal Scherer não presidia a missa de Natal do Arsenal, em razão das medidas preventivas para evitar a proliferação da COVID-19. “Celebramos Jesus que nasceu entre nós, nasceu na humanidade, filho de Deus, no meio de nós”, comentou o Arcebispo, desejando feliz Natal a todos no começo da missa.

MAIS QUE UMA DATA, UM GRANDE ACONTECIMENTO

Na homilia, Dom Odilo enfatizou que a celebração do Natal não está vinculada à data de nascimento de Jesus Cristo, mas, sim, ao significado deste grande mistério da fé que mudou a história: a vinda do Filho de Deus para a salvação da humanidade.

“O Filho de Deus veio ao mundo, se fez humano, nasceu da Virgem Maria, viveu humanamente entre nós, nasceu pequenina criança, teve infância, conheceu a vida em família, chorou, teve fome, teve sede, teve tudo aquilo que é humano, sentiu a dor, o desprezo, sentiu a dor da injúria, da injustiça. Enfim, tudo que sentimos humanamente Ele experimentou também”, explicou o Cardeal Scherer.

No dia de Natal, uma grande luz brilha sobre a Terra – prosseguiu Dom Odilo – e permanecerá brilhando para todos que acolhem o Cristo, querem ser por Ele iluminados, como é o casos dos cristãos, chamados pelo Salvador, a partir do batismo, a serem luz no mundo em todos os lugares.  

A PALAVRA SE FEZ CARNE

Ainda na homilia, o Arcebispo Metropolitano explicou que Cristo veio para ensinar o caminho da Verdade, e daquilo que é correto, justo e honesto.

Ao recordar o Evangelho segundo São João (Jo 1,1-18), proclamado nesta solenidade, o Arcebispo lembrou que no princípio existia a Palavra, o próprio Deus, e pelo poder da Palavra tudo foi criado, mas mundo não quis nela acreditar, e Deus, em sua infinita misericórdia, enviou seu próprio Filho para a salvação de todos: “A Palavra se fez carne, o que significa que se fez ser humano, carne e osso, viveu a nossa condição”.

Jesus, que detém a plenitude do bem, da graça, da justiça e da dignidade, “aceitou ser um de nós, foi obediente até a morte, e morte de cruz, foi até o fundo do poço da condição humana. E para quê? Para estar com todos, para ir ao encontro de todos, para estender a mão a todos, para procurar aquela ovelha perdida, para mostrar que Deus ama cada um, para manifestar o amor infinito de Deus. Foi para isso que Ele veio”, prosseguiu Dom Odilo.

O Arcebispo lembrou, ainda, que apenas Cristo viu a Deus, o conhece e pode contar aos homens como é o Pai e orientá-los a como agir para alcançar Deus. “Ele veio nos contar humanamente, com palavras humanas, com gestos humanos, para que também conheçamos como Deus é”.

Por fim, Dom Odilo destacou que no Natal se renova o pedido para que todos reconheçam a Deus, Nele creiam, a fim de alcançar a vida eterna: “Deus nos amou infinitamente, amou cada um de nós, tanto que entregou seu Filho único. Levemos isso à nossa vida, nunca esqueçamos a sua dignidade. Por ela seu filho veio ao mundo, se esvaziou de sua glória por cada um de nós, se fez pequenina criança, viveu como humano, redimiu o que é humano”. 

GRATIDÃO E SOLIDARIEDADE

Antes da bênção final, o Arcebispo externou sua alegria por voltar a celebrar o Natal no Arsenal da Esperança e enalteceu pelos trabalhos que ali se realizam: “Quem entra aqui é para ganhar esperança e reviver, retomar esperança e força. Arsenal da Esperança! Que bonito!”, disse, destacando ainda as muitas ações da instituição para resguardar a dignidade dos atendidos durante a fase mais aguda da pandemia de COVID-19. 

Após a missa, foram distribuídos presentes aos 1,2 mil acolhidos. Cada um deles recebeu um kit contendo um par de cuecas, meias e chinelos, fruto da grande Campanha “Neste Natal doe ao Arsenal”, que foi possível graças ao apoio de grupos, colégios, comunidades, famílias e amigos.

O Arsenal da Esperança, localizado no bairro da Mooca, é uma “casa que acolhe”. Fundada em 1996, diariamente acolhe homens que antes estavam em situação de rua. A eles é oferecido um lugar limpo onde podem descansar, tomar banho, se alimentar, frequentar cursos profissionalizantes e outras oportunidades para reconstruir a vida. 

(Colaborou: Gabriele Nascimento)

CONHEÇA E COLABORE

Arsenal da Esperança:
Tel.: (11) 2292-0977
E-mail: arsenaldaesperanca@sermig.org.br
End.: Rua Dr. Almeida Lima, 900, bairro da Mooca
Instagram: @arsenal_da_esperanca
Youtube: @arsenaldobrasil
Facebook: facebook.com/arsenaldaesperanca
Site: www.sermig.org.br

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