Em procissão, fiéis recordam a morte de Jesus e suas últimas palavras na cruz

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Após a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer na tarde da Sexta-feira Santa, 7, na Catedral da Sé, aconteceu a procissão pelas ruas do centro histórico da capital paulista, recordando o sepultamento de Jesus. Os fiéis levaram consigo as imagens de Nosso Senhor morto e de Nossa Senhora das dores, em meio a cantos e preces.

Ao retornarem à Catedral, aconteceu o tradicional sermão das sete palavras de Cristo na cruz, que este ano, foi proferido pelo Padre Fernando José Carneiro Cardoso, Reitor da Escola Arquidiocesana São José para o Diaconato Permanente. Sacerdote da Arquidiocese de São Paulo há mais de 50 anos, Padre Fernando é mestre em Sagrada Escritura no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Também se especializou em Bíblia pela Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Desde então, leciona Sagrada Escritura em diferentes instituições de ensino e seminários e colabora na Catedral da Sé no atendimento de confissões.  

Ao iniciar sua reflexão, o pregador destacou que, este ano, a Paixão de Cristo foi celebrada no exato dia em que esse fato histórico ocorreu em Jerusalém. “De acordo com os evangelistas, Jesus morreu em uma sexta-feira. O quarto evangelista, que era 14 de nissan. Com a ajuda do cálculo solar, podemos saber quando foi que 14 de nissan, por volta dos anos 20 e 30, caiu numa sexta-feira: 7 de abril do ano 30”, explicou.

Padre Fernando Cardoso (Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Leia, a seguir, os principais trechos do sermão:

Primeira Palavra: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23, 34a)

Em total abandono, naquela de dor e sofrimento, Jesus não pensa em si, mas, com plena misericórdia, clama ao Pai por misericórdia para com aqueles que o condenam, o violam, torturam e matam-no.

Segunda Palavra: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43)

“O Ladrão não pediu para entrar na vida eterna, que Jesus se lembrasse dele. Mas Jesus foi além, foi muito mais do que aquele ladrão merecia, deu-lhe o paraíso.”

Terceira Palavra: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe!” (Jo 19, 26-27)

“No fim de sua vida na terra, Jesus dá a Maria a grande missão, como que a dizer: ‘Agora, após a minha morte, começa a tua missão aqui na terra, entre aqueles que são parecidos com o discípulo amado’. Todos nós somos convidados a sermos discípulos amados de Jesus… E Maria é aquela que nos guia e nos guiará sempre na história da nossa Igreja”.   

Quarta Palavra: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46; Mc15,34)

“Este ‘por que’ pode ser traduzido da seguinte-forma: ‘Com que finalidade, com que proveito me fizestes sofrer esta cruz’. Nós, caríssimos irmãos, queremos beber o sangue de Cristo derramado do alto do Calvário, e o fazemos na Eucaristia. Ele, que não teve nenhuma ajuda, nenhum consolo, nenhum amigo, vem e nosso auxílio e nos enche com o seu Espírito Santo.”

Quinta Palavra: “Tenho Sede!” (Jo 19, 28b)

“‘Na última ceia, Jesus tomou o cálice com vinho e, com mãos seguras, pronunciou a benção e as palavras que transformavam o vinho no seu sangue. Pouco depois, no Horto das Oliveiras, trêmulo, pedia ao Pai que afastasse dele este cálice… Mas, sabendo, que o cálice não se seria tirado, bebeu-o até o fim.”

Sexta Palavra: “Tudo está consumado!” (Jo 19, 30a)

“Alguns padres da Igreja, no passado, disseram que Deus não descansou no sétimo dia, depois de ter consumado a sua criação, mas descansou, sim, quando retirou Jesus do túmulo, e o fez sentar-se à sua direita, no mais alto dos céus. Aqui está o verdadeiro descanso de Deus, aqui está o verdadeiro término de sua obra, não sua criação, mas redenção de todos os seres humanos, graças ao sangue de Jesus.”

Sétima Palavra: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46b)

“Com essas palavras, inaugura-se aquilo que, mais tarde, seria chamado de ‘a arte de se morrer cristamente’. Muitos de nós, gostaríamos que nossas últimas palavras fossem essas, as mesmas do Salvador. Assim, a paixão e a morte de consumam. Os acusadores não estão mais no calvário. Os passantes e a multidão que se formava voltaram para casa… Mas esta mesma história continua durante toda a nossa existência de suas maneira possíveis: em todos aqueles que sofrem perseguições, escárnios, com amor a Jesus; continua, também, por aqueles que, ainda hoje, gritam ‘Não este, mas Barrabás’”.

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO
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