Humanizar as redes sociais com escuta, abertura ao outro e ‘reflexão, não reação’

Rawpixel/Freepik

Para que as redes sociais possam se tornar lugares de encontro verdadeiro, é preciso humanizar esses ambientes com comportamentos mais amigáveis e amorosos, de escuta e abertura ao outro, começando pelos próprios cristãos. Essa mensagem é central em um novo documento publicado pelo Dicastério da Comunicação, o primeiro do tipo desde sua criação em 2015. O texto, publicado na segunda-feira, 29, tem como título “Rumo à presença plena: Uma reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais”.

“Interações hostis, bem como palavras violentas e ofensivas, especialmente no contexto da partilha de um conteúdo cristão, gritam da tela e representam uma contradição do próprio Evangelho”, diz o documento. O comportamento mais coerente é aquele do Bom Samaritano, que cuida do outro, um homem ferido que encontrou na estrada, sem saber quem é e de forma gratuita. “A liberdade e o apoio mútuo não se manifestam de maneira automática. Para formar comunidade, o trabalho de cura e reconciliação é muitas vezes o primeiro passo a dar ao longo do caminho”, continua.

O documento é assinado pelo Prefeito do Dicastério, o jornalista Paolo Ruffini, e pelo Secretário, Dom Lucio Ruiz, mas é resultado de uma ampla consulta a jovens, pastores, religiosos, educadores e especialistas – além dos outros dicastérios do Vaticano. Seu objetivo principal, informou Ruffini, é o de dar um passo inicial no aprofundamento dos temas das redes sociais dentro da Igreja, instigando o debate e abrindo portas para discussões mais aprofundadas e específicas em realidades locais.

Influencer cristão

“O estilo cristão deve ser reflexivo, não reativo, também nas redes sociais”, diz o documento, que critica os comportamentos de cristãos que usam as redes sociais para acusar, difamar ou demonizar os outros, especialmente quando partem de bispos, sacerdotes e líderes leigos com grande visibilidade.

“Portanto, todos devemos ter cuidado para não cair nas armadilhas digitais que se escondem em conteúdos expressamente concebidos para semear conflito entre os usuários, provocando indignação ou reações emocionais”, afirma o texto.

Embora as redes sociais reconheçam como “influencers” somente as pessoas que têm um grande número de seguidores – e muitas vezes obedecem mais a objetivos comerciais que de promoção do bem comum – todos os participantes das redes são influenciadores, ainda que em pequena escala. “Cada cristão é um microinfluencer”, diz o texto.

Assim, todos têm o potencial de “estabelecer um vínculo” com os outros e tornar-se modelo de vida cristã. “Não fazemos publicidade, mas comunicamos a vida, a vida que nos foi concedida em Cristo. Por isso, cada cristão deve ter o cuidado de não fazer proselitismo, mas dar testemunho.” 

A íntegra do documento pode ser lida em  https://curtlink.com/bN3D4Uc.

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