Local do Batismo de Jesus: de campo minado a lugar de oração

Foto: Custódia da Terra Santa

Os frades franciscanos da Custódia da Terra Santa voltaram a celebrar a Festa do Batismo do Senhor na costa ocidental depois de 54 anos, ono domingo, 9.

Do ponto de vista histórico e arqueológico, a costa jordaniana é o lugar real do batismo de Jesus, como confirma o Evangelho de São João que descreve o evento em Betânia, a leste do rio Jordão. Há mais de 25 anos, algumas escavações trouxeram à luz as ruínas de antigas igrejas e capelas romanas e bizantinas, um mosteiro, cavernas eremitas e bacias batismais, destruídas por terremotos e inundações do rio.

No entanto, a área havia se tornado um campo minado e, por vários anos, não foi possível acessá-la. No ano passado, chegou a haver uma tímida cerimônia, devido às restrições da pandemia. Este ano, contudo, cerca de mil pessoas participaram da celebração, seguindo os protocolos sanitários determinados pelas autoridades locais.

Estar com a humanidade

A liturgia começou no convento franciscano do Bom Pastor, em Jericó, em seguida, os fiéis partiram em procissão solene até as margens do rio Jordão para a celebração da missa, presidida pelo Frei Francisco Patton, Custódio da Terra Santa. Na homilia, o franciscano destacou que aquele lugar sagrado, por muitos anos, foi um campo de guerra, um campo minado, é hoje tornou-se “um campo de paz, adoração e oração”.

“Quando Jesus entra nas águas do Jordão e é batizado por João junto com os pecadores, expressa a solidariedade de Deus com a humanidade pecadora, isto é, com cada um de nós, e a intenção que Deus tem de salvar toda a humanidade e cada um de nós. Não é a água que purifica Cristo, mas é Cristo que santifica a água. Este é o significado da Encarnação do Filho de Deus quando Cristo começa a frequentar a humanidade pecadora, que começa a experimentar a benevolência, o amor, a santidade, a salvação de Deus”, afirmou Frei Patton.

Após a missa, os franciscanos fizeram uma peregrinação ao mosteiro ortodoxo grego de Quarentena, perto de Jericó, reconhecido há séculos como a montanha onde Jesus foi tentado por Satanás.

Tradição

Na margem oeste do Jordão, para lembrar o local do Batismo de Jesus, encontra-se uma pequena igreja franciscana, construída em 1956 em terrenos adquiridos pela Custódia da Terra Santa em 1932. É atestada a tradição de uma peregrinação anual ao local desde pelo menos 1641, em memória do Batismo de Jesus. Em 1967, devido ao início da guerra entre Israel e Jordânia, a área foi transformada em um campo minado de 55 hectares, do qual os franciscanos foram forçados a sair.

O lugar sagrado – que está localizado em território palestino – classificado como área “C” sob o controle de Israel, segundo os Acordos de Oslo do início dos anos 1990 – foi parcialmente recuperado para a visita de São João Paulo II à Terra Santa no ano 2000 mil e depois acessível aos peregrinos em 2011. Em março de 2018, a associação Halo Trust iniciou os trabalhos de desminagem do território, conseguindo recuperá-lo completamente e devolver as chaves do local aos franciscanos em outubro de 2020.

Fonte: Vatican News e Custódia da Terra Santa

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