Morre o Cardeal alemão Rauber, uma vida na diplomacia da Santa Sé

Ex-presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica, foi núncio em lugares e contextos sociais difíceis. Faleceu ontem aos 88 anos.

Vatican Media

O cardeal alemão Karl-Josef Rauber, ex-núncio apostólico, faleceu ontem à noite. Ele completaria 89 anos no próximo dia 11 de abril.

Nascido em 1934 em Nuremberg (Nürnberg), na arquidiocese de Bamberg (República Federal da Alemanha), ordenado em 1959, Rauber exerceu seu ministério durante três anos na pequena comunidade católica de Nidda, em Upper Hesse. A partir de 1962 mudou-se para Roma para se formar em Direito Canônico e frequentar a Pontifícia Academia Eclesiástica. Em 1966 iniciou sua carreira diplomática e até 1977 foi um dos quatro secretários de Giovanni Benelli – que mais tarde se tornou cardeal arcebispo de Florença – durante o período em que ocupou o cargo de secretário de Estado substituto. Benelli e o próprio Paulo VI marcaram profundamente a vida e o ministério de Rauber: durante os onze anos passados na Cúria Romana, de fato, adquiriu uma grande experiência eclesiástica em estreita comunhão com o Papa.

Um longo serviço na diplomacia

A partir de 1977, como conselheiro da nunciatura, atuou nas representações pontifícias da Bélgica, Luxemburgo e Grécia. Em 18 de dezembro de 1982, João Paulo II o nomeou pró-núncio apostólico em Uganda, atribuindo-lhe o arcebispado titular de Giubalziana. Em 6 de janeiro de 1983 recebeu a ordenação episcopal do Papa Wojtyła na Basílica de São Pedro. Em janeiro de 1990, foi-lhe confiada a presidência da Pontifícia Academia Eclesiástica. Três anos depois, voltou ao serviço diplomático atuando primeiro como representante pontifício na Suíça e Liechtenstein (1993-1997), depois na Hungria e Moldávia (1997-2003); finalmente na Bélgica e Luxemburgo (2003-2009), terminando exatamente onde sua carreira diplomática havia começado.

Os desafios enfrentados

Como núncio apostólico teve de enfrentar difíceis desafios para a Igreja: em Uganda, por exemplo, realizou seu trabalho nos anos em que a AIDS surgiu e se espalhou, com consequências devastadoras para a população; na Suíça, ajudou a resolver as tensões envolvendo a diocese de Chur e o bispo Wolfgang Haas; na Hungria administrou a fase de reajuste das relações entre o Estado e a Igreja após a era comunista; na Bélgica trabalhou num contexto social e político nem sempre fácil; e quando uma representação pontifícia junto à União Européia foi criada também em Bruxelas, ele se comprometeu a harmonizar e dividir sensivelmente o trabalho das duas instituições diplomáticas na Bélgica.

Cardeal em 2015

Ao completar 75 anos, em 2019 retirou-se do serviço que realizava, e desde então exerceu o seu ministério espiritual e pastoral na Alemanha, na casa das Irmãs de Maria de Schönstatt em Ergenzingen, na diocese de Rottenburg-Stuttgart, mantendo sempre uma viva relação com a Diocese de Mainz. O Papa Francisco nomeou-o cardeal no consistório de 14 de fevereiro de 2015, da Diaconia de Sant’Antonio di Padova na Circonvallazione Appia.

Fonte: Vatican News

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários