Na conclusão do sínodo, Cardeal Scherer exorta a uma profunda renovação missionária na Arquidiocese

1o sínodo arquidiocesano foi encerrado no sábado, 25, com missa na Catedral da Sé e a publicação da Carta Pastoral do Arcebispo e das propostas da assembleia sinodal

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

A chama da vela do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo reluziu pelo corredor central da Catedral da Sé na tarde do sábado, 25. Atrás dela, na procissão de entrada, tremulavam as bandeiras da Arquidiocese, das regiões episcopais e podiam ser vistos os cartazes com o decreto, o regulamento e a capa do instrumento de trabalho do sínodo, bem como os banners de santos e beatos que viveram na cidade.

Leigos, religiosos consagrados, diáconos e padres lotaram a Catedral da Sé para a celebração eucarística de encerramento do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, tendo entre os concelebrantes os sete bispos auxiliares da Arquidiocese. 

Um breve histórico da caminhada sinodal foi feito no começo da missa por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese, que se referiu a este período como “uma espécie de peregrinação, percorrendo esta cidade imensa” que mobilizou toda a Arquidiocese. “Terminamos uma etapa, mas sabemos que o sínodo deve permanecer em nossos corações, em nosso trabalho diário, no empenho em implementar as indicações pastorais aprovadas”, afirmou. 

A celebração eucarística foi o momento de render graças a Deus pela realização do sínodo, de renovar o envio missionário da Igreja na maior cidade do País e de acolher os propósitos e as orientações pastorais para a fase pós-sinodal, que estão contidos na Carta Pastoral do Arcebispo

TEMPO DE ESCUTA E DISCERNIMENTO

Dom Odilo, na homilia, destacou que todo o sínodo foi um caminho de comunhão, conversão e renovação missionária, “um tempo de escuta e conhecimento da realidade eclesial e pastoral de nossa Arquidiocese, de tomada de consciência e discernimento e de busca da vontade de Deus a respeito da vida e da missão da nossa Igreja em São Paulo”, e lembrou que neste processo, “procuramos colocar-nos em atitude de oração e de escuta da voz do Espírito Santo, verdadeiro mestre e guia da Igreja”.

O Arcebispo recordou que o sínodo surgiu no contexto das interrogações sobre a evangelização e a vida pastoral da Arquidiocese, e que foi um momento de “‘olhar-se no espelho’, de acolher de maneira humilde e atenta os anseios do povo cristão, os dados da realidade, e de perguntar-se: como podemos ‘passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária?’”.

O SÍNODO CONTINUA

Aludindo à Solenidade da Anunciação do Anjo do Senhor a Maria, Dom Odilo destacou que Nossa Senhora, ao acolher com fé o convite de Deus para ser a mãe do Salvador, é a imagem da humildade de quem se dispõe a colaborar com a obra do Senhor: “Deus pede de todos nós esta mesma disponibilidade para que o sínodo produza seus frutos. O sínodo encerra suas atividades, mas começa agora a etapa pós-sinodal, que vai requerer de todos muita generosidade e disposição para traduzir as orientações e os propósitos sinodais em uma nova vida para a nossa Arquidiocese”. 

Dom Odilo destacou, ainda, que o desejado processo de conversão pastoral e missionária exigirá “muita fé, paciência e perseverança de todos nós”; e enfatizou que a Igreja deve ser percebida na cidade como sinal de vida, fraternidade, justiça, respeito e paz: “Oxalá, o sínodo produza uma profunda renovação missionária em todos nós, em cada comunidade e expressão da Igreja, em cada estrutura organizativa e de serviço de nossa Arquidiocese”.

GRATIDÃO PELO QUE FOI VIVIDO

O Arcebispo também agradeceu a Deus pelo percurso realizado, àqueles que de algum modo colaboraram com o sínodo e ao Papa Francisco pelo incentivo que tem dado à Igreja para que toda ela seja mais sinodal.

Após a comunhão, o Cônego Antônio Manzatto, o Diácono Ailton Machado, a Irmã Helena Corazza, FSP, e a senhora Ana Filomena externaram, em nome de todos da Arquidiocese, a gratidão pela realização do sínodo e falaram dos desafios pastorais lançados para a fase pós-sinodal.

Foram ainda entregues alguns certificados de participação das paróquias no sínodo e o livreto com a Carta Pastoral do Arcebispo e as propostas elaboradas pela assembleia sinodal arquidiocesana.

‘A TODOS ANUNCIAI A BOA NOVA DA SALVAÇÃO’

“Irmãos e irmãs, como Jesus enviou em missão os discípulos, assim, em nome da Igreja, eu vos envio: ide à cidade de São Paulo, às suas paróquias e todas as comunidades e organizações da vida eclesial e social, ide às periferias e aos centros vitais da cidade! A todos anunciai a Boa-Nova da salvação. Que a Mãe de Deus e Mãe da Igreja vos acompanhe, ampare e conforte na missão”, expressou Dom Odilo na bênção de envio missionário, que foi antecedida pelo anúncio dos 12 primeiros grupos de trabalho pós-sinodais instituídos pelo Arcebispo para a: 

  • Reformulação da estrutura organizacional da Pastoral na Arquidiocese;
  • Elaboração de um Diretório da Pastoral;
  • Revisão e adequação do Plano de Manutenção da Arquidiocese;
  • Atualização do Diretório dos Sacramentos;
  • Elaboração de um Diretório Litúrgico para a Arquidiocese;
  • Elaboração de um Regimento Interno da Cúria Metropolitana;
  • Criação de um Vicariato Episcopal para a área da Saúde;
  • Criação de um Vicariato Episcopal para a Catequese;
  • Revisão e adequação do Diretório Arquidiocesano da Formação Presbiteral;
  • Organização do Vicariato para a Educação e a Universidade;
  • Instituição de um conselho da caridade social na Arquidiocese;
  • Elaboração de um novo Plano de Pastoral.

‘CAMINHEMOS SEMPRE UNIDOS NUM SÓ CORAÇÃO’

“Ao caminharmos juntos, percebemos que podemos ser uma Igreja participativa, acolhedora, respeitosa, corresponsavelmente assumida por todos que receberam a graça batismal. Podemos apresentar este modelo como caminho para a cidade em que vivemos para que também ela possa ser acolhedora para com aqueles que mais precisam e mais sofrem”.
Cônego Antônio Manzatto, um dos peritos do sínodo

“Tudo o que foi tratado veio no esteio de um processo sinodal que visa a organizar, de uma forma mais ampla, pastoralmente, a vida e missão da Igreja na Arquidiocese. Tudo o que foi proposto nas assembleias é para que vivamos uma fé firme na Palavra, contribuindo para que o Reino de Deus seja acolhido por muitos e transforme muitas vidas”. 
Diácono Ailton Machado Mendes

“No processo do sínodo, procuramos escutar as realidades das paróquias, regiões, grupos, vicariatos e as impressões individuais. Depois, procurou-se sistematizar este grande processo de escuta nas 25 comissões temáticas na assembleia sinodal. O que o sínodo nos trouxe não foi um programa, mas uma provocação e perguntas. Agora, devemos manter este ardor para o processo de conversão e renovação missionária”. 
Irmã Helena Corazza, FSP, uma das relatoras-gerais do sínodo

“Com o sínodo, tivemos uma visão clara e abrangente da nossa Igreja em São Paulo. A pesquisa de campo nos fez analisar de maneira mais focal como andam as nossas pastorais, nos deu parâmetros para seguir, nos fez traçar metas, apontando para onde queremos ir como Igreja de Jesus Cristo, alinhados ao Papa Francisco, uma Igreja sinodal que caminha para onde o Espírito Santo a conduz”. 
Ana Filomena, da Pastoral Familiar

“A Pastoral da Saúde foi uma das mais lembradas na pesquisa de campo do sínodo [em 2018], o que é uma alegria muito grande, mas, também, um compromisso de fazer com que essa pastoral seja mais atuante, mais presente, mais viva em todas as comunidades. E na conclusão do sínodo, podemos dizer que está o ‘bolo da cereja’, que é a proposta de criação do Vicariato da Saúde para que haja mais autonomia para este trabalho nas nossas regiões episcopais”. 
Padre João Mildner, Assistente eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Saúde

“Mais do que a conclusão de um trabalho, hoje temos o início de outro, que é a implantação de toda uma reflexão feita durante seis anos. Nós sabemos que na vida da Igreja, o que a norteia, o que dá o rumo para toda a sua ação missionária é a Palavra de Deus, que nos motiva, nos mostra o caminho, que nos aponta o Reino de Deus e a pessoa de Cristo. E é em cima deste pilar da Palavra que se constrói a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma Igreja sinodal como nos pede o Papa Francisco”.
Dom Carlos Silva, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e Referencial para o Serviço de Caridade, Justiça e Paz

“A metodologia do sínodo possibilitou um envolvimento de todos, uma troca de experiências diversas e um aprendizado riquíssimo, de toda a vida eclesial, pastoral e social da nossa Arquidiocese.  Foi uma longa caminhada até a data de hoje, um verdadeiro caminho de comunhão viver este processo participativo. Representar as pastorais sociais foi uma grande missão, que não termina aqui. Neste novo processo de implantação dos resultados, das propostas sinodais todos são chamados a participar. Enfrentaremos novos desafios, mas movidos pela fé e pela esperança caminharemos rumo a uma comunidade verdadeiramente missionária”. 
Sueli Camargo, coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Menor

“Durante os últimos 6 anos, foram levantados todos os desafios, todas as alegrias e angústias. Agora, temos que colocar concretamente as propostas para gerar essa mentalidade, cultura sinodal. Até agora, o sínodo foi como uma assembleia, no sentido de ‘vamos caminhar juntos’, já a partir de hoje, temos de concretizar, efetivar esta cultura sinodal na Arquidiocese”. 
Padre Marcelo Maróstica, coordenador de Pastoral na Região Belém

(Colaborou com as entrevistas: Cleide Barbosa)

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