Na luta contra o câncer de mama, a informação e a solidariedade salvam vidas

ONG Américas Amigas oferece atendimento a 82 mulheres por dia, com a carreta da mamografia

Américas Amigas/Divulgação

O câncer de mama é a principal causa de mortalidade feminina por esta doença, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). São mais de 66 mil novos casos de câncer de mama diagnosticados todo ano, uma incidência de 61,61 a cada 100 mil pessoas. 

Apesar dessa alta incidência da doença, dados do estudo Panorama da Atenção do Câncer de Mama, baseado em registros do Sistema Único de Saúde (SUS), indicam que a cobertura mamográfica no País, entre 2015 e 2019, foi de apenas 23%. 

Desde 2009, a ONG Américas Amigas visa a promover, em território nacional, atividades voltadas para a queda da mortalidade por câncer de mama, beneficiando principalmente a população em situação de vulnerabilidade social, por meio da disponibilização de instrumentos de conscientização, prevenção, detecção e diagnóstico precoce da doença. A escolha de mulheres em situação de vulnerabilidade como público-alvo surgiu a partir da iniciativa de unir as comunidades carentes e beneficiar aquelas que precisam esperar pelo exame nas longas filas do SUS. 

CARRETA DA MAMOGRAFIA 

A ONG Américas Amigas surgiu primeiro com o objetivo de doar mamógrafos (aparelhos de mamografia) a hospitais filantrópicos. Em 2012, ampliou sua frente de ação para a capacitação e treinamento de profissionais, comunicação e conscientização do público e doação de exames em laboratórios parceiros. Com a doação de uma carreta equipada pelo Hospital do Câncer de Patrocínio, de Barretos (SP), começou a circular pela capital paulista fazendo mamografias gratuitamente. 

Mirna Hallay de Andrade, 64, gerente geral de projetos da Américas Amigas, enfatizou ao O SÃO PAULO que os pilares de atuação da ONG são: Programa de Doação de Equipamentos e Insumos; Programa de Capacitação e Treinamento; e Programa de Doação de Exames. Em São Paulo, a Carreta da Mamografia mobiliza mulheres a fazerem o exame preventivo. 

“Precisamos conscientizar as mulheres para a realização da mamografia, um exame importantíssimo na prevenção do câncer de mama”, frisou Mirna, enfatizando que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no período da pandemia, 70% das mulheres deixaram de fazer a mamografia. 

A Américas Amigas atende diariamente 82 mulheres para o exame na carreta. Até o fechamento da reportagem, mais de mil mulheres já haviam sido atendidas na capital paulista neste mês. 

Desde a fundação, a Américas Amigas já doou mais de 23 mamógrafos em diferentes locais do Brasil, além de digitalizadores de imagem (CRs), mesa de estereotaxia, impressora dry, kits e sistemas de biópsia a vácuo e periféricos, agulhas de biópsia Core e filmes para mamografia. 

Com os mamógrafos doados, mais de 1 milhão de mamografias foram viabilizadas para as brasileiras, e cerca de 6 mil casos de câncer de mama foram detectados, possibilitando o diagnóstico, agilizando, assim, o início do tratamento. 

A capacitação de profissionais, de forma gratuita, é uma frente de ação que beneficia não apenas técnicos em mamografia, mas também gerentes de serviços, médicos radiologistas, médicos mastologistas, enfermeiros e agentes comunitários de Saúde. 

“Na luta contra o câncer de mama, a melhor arma é a informação”, afirmou Mirna, destacando que neste ano a ONG vai expandir sua atuação, indo com a carreta a dois presídios femininos: um no bairro de Santana e outro na cidade de Tremembé (SP). 

DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO 

Mirna reforçou que os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: 

  • Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;
  • Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja; 
  • Alterações no bico do peito; 
  • Saída espontânea de líquido de um dos mamilos;
  • Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas; 
  • Vale lembrar que o câncer de mama também pode ocorrer em homens. 

Segundo especialistas, não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, como: as fases do envelhecimento relacionadas à vida reprodutiva da mulher; histórico familiar de câncer de mama; consumo de álcool; obesidade e sobrepeso após a menopausa; atividade física insuficiente, entre outros. 

Toda mulher com 40 anos ou mais deve procurar uma unidade de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente, mesmo que não apresente sintomas. 

A mamografia é o principal exame para detectar o câncer, que se combatido em estágio inicial leva a maiores chances de cura, chegando a até 95% dos casos. 

AGENDA DA CARRETA

19 a 23/10 (Tenda Atacado – em Carapicuíba)
25 a 29/10 (Tenda Atacado – em Jundiaí)
31/10 a 04/11 (Shopping Bonsucesso – em Guarulhos)
06 a 10/11 (Shopping Mauá Plaza – em Mauá)
12 a 16/11 (Tenda Atacado – em Ferraz de Vasconcelos) 

CONHEÇA AS AÇÕES: 

www.americasamigas.org.br e www.amoremmechas.com 

O movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, Outubro Rosa, foi criado no início da década de 1990, quando foi lançado o símbolo da prevenção ao câncer de mama – o laço cor-de-rosa – pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, nos Estados Unidos. 

A campanha tem por objetivo compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, além de proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. 

Debora Pieretti, 52, foi diagnosticada com câncer de mama em 2015. Ela passou por uma cirurgia de quadrantectomia (retirada de apenas parte da mama acometida pelo câncer), quimioterapia e radioterapia. Por causa do tratamento, seu cabelo caiu e precisou de uma peruca. 

Em 2017, ela fundou o Instituto Amor em Mechas, com o intuito de devolver a autoestima às mulheres com câncer de mama. O Instituto recolhe doações de cabelos em salões parceiros espalhados pelo Brasil e doa perucas e um kit de maquiagem, semijoias e livros às mulheres acometidas pela doença. 

“Nossa missão é resgatar a autoestima das mulheres, devolver a esperança e amenizar o sofrimento do tratamento. Só quem passa pela realidade da perda de cabelo entende a necessidade do nosso projeto”, disse Debora, enfatizando que “ganhar uma peruca pode parecer um gesto simples, mas preenche a solidão e resgata, para muitas mulheres, o sentido da vida.” 

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