Nesta Páscoa, Papa Francisco convida que cada um recorde ‘seu primeiro encontro com Jesus’

Vatican Media

Quando foi o seu primeiro encontro com Jesus? Quando é que Ele se tornou alguém importante para você? Na Vigília Pascal deste ano, no Sábado de Aleluia, 8, o Papa Francisco convidou cada cristão a lembrar desse momento e revivê-lo hoje. “É o ‘lugar’ no qual você conheceu Jesus em pessoa, onde, para você, Ele não permaneceu um personagem histórico como outros, mas se tornou a pessoa da vida: não um Deus distante, mas o Deus próximo, que te conhece mais do que qualquer outro e te ama mais do que qualquer outra pessoa”, explicou.

Refletindo sobre as leituras bíblicas que narram a Ressurreição de Jesus, conforme o Evangelho de São Mateus (28,1), o Papa mencionou que os discípulos, após encontrarem o sepulcro vazio, “renascem” em esperança. As mulheres, primeiras a ouvirem do anjo o anúncio da Ressurreição, descobrem que Jesus está vivo e os aguarda na Galileia. Neste instante, refletiu Francisco, os discípulos que até então viviam na desolação e no desespero causados pela morte de Cristo, recuperam as energias, a alegria, e entendem que devem ir novamente ao seu encontro.

Da dor à esperança

“Às vezes acontece também conosco, pensar que a alegria do encontro com Jesus pertence ao passado, enquanto no presente conhecemos sobretudo os túmulos sigilados: aqueles das nossas desilusões, dos nossos amargores, da nossa desconfiança, aqueles do ‘não há mais nada a fazer’ ou ‘as coisas não mudarão nunca’, ‘melhor viver o dia de hoje’, pois ‘amanhã não há certeza”‘. Em vez disso, em vez de viver “oprimidos pela tristeza, humilhados pelo pecado”, abatidos por algum fracasso ou preocupação, é preciso deixar-se inspirar pelo encontro com Cristo, declarou o Papa.

Em vez de perguntar sempre “Por quê?” olhando para o passado, disse o Pontífice, é preciso, na Páscoa, abrir-se para o futuro. Quando o anjo lhes comunica que Jesus “ressuscitou como disse”, os apóstolos saem em missão, abandonam o cenáculo, fechados entre si, e voltam para a Galileia, região onde todo o percurso junto a Cristo começou. “Ali, o Senhor os havia encontrado e chamado pela primeira vez. Portanto, voltar à Galileia é voltar à graça original, é readquirir a memória que regenera a esperança, a ‘memória do futuro’, com a qual fomos marcados pelo Cristo Ressuscitado”, afirmou.

Recordar e caminhar

É preciso “superar a sensação de derrota” que às vezes a vida nos impõe e “rolar a pedra do sepulcro onde muitas vezes confinamos a esperança”, disse o Papa. “A Páscoa do Senhor nos leva ao nosso passado de graça, nos faz ir à Galileia, onde começou nossa história de amor com Jesus, onde ocorreu o primeiro chamado. Nos pede, portanto, para reviver aquele momento, aquela situação, aquela experiência em que encontramos o Senhor, experimentamos seu amor e recebemos um olhar novo e luminoso sobre nós mesmos, sobre a realidade, sobre o mistério da vida”.

Essa recordação deve orientar nossos projetos futuros. “Cada um sabe onde é a sua própria Galileia, cada um de nós conhece o próprio lugar de ressurreição interior, aquele inicial, aquele fundante, aquele que mudou as coisas”, acrescentou, na homilia. “Recorde e caminhe: volte a Ele, reencontre a graça da ressurreição de Deus em ti. Volte para a Galileia. Volte para a sua Galileia.”

Anúncio e encontro

Durante a oração do Regina Caeli, na segunda-feira, 10, que é feriado na Itália e no Vaticano, o Papa Francisco destacou o fato de que as mulheres foram as primeiras a notar que o corpo de Cristo não estava mais no sepulcro. Sua curiosidade e a vontade de não permanecer “paralisadas pelo medo e pela tristeza”, como os outros discípulos, as leva a ir até o local onde ele havia sido sepultado, simplesmente para homenageá-lo e estar com ele. “Esse é o caminho para o Ressuscitado”, disse o Papa, “Sair dos nossos temores, sair das nossas angústias.”

Enquanto elas correm para dar o anúncio aos outros discípulos, Jesus vem ao encontro delas – recordou o Papa. Da mesma forma, “quando nós anunciamos o Senhor, Ele vem até nós”, completou o Santo Padre. “Às vezes, pensamos que o modo para estar perto de Deus é o de tê-lo bem perto de nós, porque depois, se o expomos e começamos a falar, chegam juízos, críticas, talvez não saberemos responder a certas perguntas ou provocações”, continuou. Mas, em vez disso, “o Senhor vem enquanto se anuncia. Você sempre o encontra no caminho do anúncio. Anuncie o Senhor e você o encontrará”, afirmou. “Encontra-se Jesus testemunhando-o.”

‘Urbi et Orbi’

Como é tradição no Domingo de Páscoa, o Papa Francisco presidiu a celebração da Eucaristia na Praça São Pedro e, em seguida, conferiu a bênção “Urbi et Orbi” – para a cidade (de Roma) e para o mundo. Antes da bênção, o Pontífice menciona sempre situações de instabilidade social e sofrimento por todo o mundo.

Além da guerra na Ucrânia, ele citou a Terra Santa e o Oriente Médio, e as vítimas do terremoto na Turquia e na Síria. Também rezou pelo Líbano, Haiti, Etiópia, Sudão do Sul e República Democrática do Congo. Entre os países onde a Páscoa foi celebrada com dificuldades, por causa da perseguição, ele listou a Nicarágua e a Eritreia. Falou, ainda, das vítimas do terrorismo em Burkina Faso, Mali, Moçambique e Nigéria. Pediu a paz em Mianmar, e pediu justiça para o povo Rohingya.

“Confortai os refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e de toda a forma de escravidão”, rezou Francisco.

Recuperado, Papa preside celebrações do Tríduo

Após passar três dias internado por causa de uma bronquite pulmonar, o Papa Francisco presidiu todas as celebrações litúrgicas da Semana Santa. Conforme já ocorria antes da internação, ele tem chegado às cerimônias de cadeiras de rodas e permanece sentado na maior parte do tempo. Embora o Papa seja o celebrante principal, um cardeal geralmente o auxilia durante a Liturgia Eucarística.

No Domingo de Ramos, celebrado normalmente na Praça São Pedro, ele fez a procissão no papamóvel. Na Quinta-feira Santa, presidiu pela manhã a Missa Crismal, com a bênção dos Santos Óleos com o clero da Diocese de Roma, na Basílica de São Pedro. Para a missa da Ceia do Senhor, que tem o rito do lava-pés e também remete à instituição da Eucaristia, Francisco foi até a casa de detenção de menores infratores Casal de Marmo, e lavou os pés de 12 detentos.

Na Sexta-feira Santa, ele presidiu a celebração da Paixão do Senhor, cuja homilia é feita pelo pregador da Casa Pontifícia, o Cardeal Raniero Cantalamessa. Entretanto, o Papa seguiu a recomendação médica e cancelou a participação na famosa via-sacra no Coliseu de Roma, por causa das baixas temperaturas deste início de primavera na Itália. A bênção final, no evento, foi concedida pelo Cardeal Angelo De Donatis, Vigário do Papa para a Diocese de Roma.

Desse modo, a devoção popular foi mantida. As meditações, desta vez, foram escritas por diferentes vítimas de violência pelo mundo, associando a dor de Cristo na Cruz à dor humana de pessoas dos dias atuais. Descansado, Francisco presidiu, como previsto, a celebração do Vigília Pascal no Sábado de Aleluia e a Missa do Dia de Páscoa, no domingo.

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