‘O rádio é uma antena de Deus para quem gosta e quer evangelizar’

Luciney Martins /O SÃO PAULO

Paranaense da cidade de Siqueira Campos, Padre Jorge Silva está há nove anos na Arquidiocese de São Paulo. Pároco da Paróquia São Francisco Xavier, na Região Episcopal Santana, o Sacerdote de 55 anos de idade foi nomeado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, como novo Diretor da rádio 9 de Julho, substituindo o Padre Michelino Roberto, nomeado Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação.

Para esta nova etapa de sua missão sacerdotal, Padre Jorge traz a experiência de gestão em emissoras de rádio e como cantor há mais de quatro décadas, con- forme detalha na entrevista a seguir.

O SÃO PAULO – O senhor pode nos contar um pouco de sua trajetória vocacional?

Padre Jorge Silva – Sou o segundo filho de uma família de seis irmãos. Nasci na cidade de Siqueira Campos (PR). Fui para o Seminário Menor Nossa Senhora da Assunção, em Jacarezinho (PR), onde fiz o 1º e o 2º grau entre fevereiro de 1980 e novembro de 1986, e em seguida fui para o Seminário Maior “Divino Mestre”, também em Jacarezinho. Fiz o curso de Filosofia e Teologia entre os anos de 1987 e 1992. Cursei outros complementares: Letras e Filosofia – Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP); Marketing e Jornalismo (dois anos e seis meses) – UENP; Direito Civil (dois anos) – UENP; Moral Especial – Ética; Teologia Pastoral, Liturgia, Radiodifusão e Direito Processual Matrimonial (PUC-SP).

Fui ordenado sacerdote em 18 de dezembro de 1993 e no ano seguinte fui nomeado Formador e Diretor Espiritual do Seminário Nossa Senhora da Assunção, em Jacarezinho, por dois anos. Na comunicação, fui Diretor Presidente da Fundação “Mater Eclesiae” – Rádio Educadora AM de Jacarezinho, por 11 anos; Diretor Presidente da Fundação Dom Pedro Filipak – Rádio Educadora AM e FM de Wenceslau Braz (PR) e Rádio Educadora AM de Ibaiti (PR), onde atuei por sete anos. Por cinco anos, fui membro da Associação das Emissoras de Rádio do Paraná (AERP). Passei por diversas paróquias da Diocese de Jacarezinho até que, em janeiro de 2014, vim para São Pau- lo para ser Pároco na Paróquia São Francisco Xavier, na Região Episcopal Santana, Setor Medeiros, também composta pelas Comunidades Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora Auxiliadora, onde permaneço até o momento. Na Arquidiocese de São Paulo, ainda fui Coordenador Setorial por quatro anos. Estou na Comissão de Presbíteros da Região Santana; Comissão Regional da Iniciação à Vida Cristã. Também sou membro do Conselho de Presbíteros da Arquidiocese de São Paulo, Juiz Auditor do Tribunal Eclesiástico Arquidiocesano, exercendo minha função na Câmara Eclesiástica da Região Santana; Assessor Espiritual do Setor Medeiros da 2a etapa do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e Assessor Espiritual setorial da Legião de Maria.

Como surgiu a vontade de utilizar a música para evangelizar?

A música é algo que nasceu ao longo da caminhada vocacional, um presente de Deus na minha vida. Por meio desta arte sacra (música), pude atingir a missão de evangelizar cantando, levando as pessoas a uma oportunidade de meditação e de exaltação do espírito, conduzindo-as a um encontro com a luz e a paz, abrindo o coração para a vida e a ternura do Deus Trinitário. A música religiosa ou evangélica nos brinda sempre com dádivas que alegram o coração, e que cantam a Deus, levando o povo a louvar o Senhor e todas as suas criaturas. Em mais de 40 anos, já compus mais de 280 canções e tenho contado minhas experiências graças à bondade de Deus ao seu povo. Nestes anos todos, tive a alegria de gravar nove álbuns, no momento, gravando o 10º em gratidão a Deus pelo meu sacerdócio com o título “Sou de Deus”.

Como foi a experiência de comunicação em rádio no Paraná?

O rádio é uma “magia”, um vício, algo que nos impulsiona à comunicação. É impressionante a missão daquele que vive pela e para a comunicação. O rádio sempre esteve presente na minha vida, sempre fiz do rádio meu “palco” de comunicar Deus aos ouvintes. Dom Fernando Penteado, Bispo Emérito da Diocese de Jacarezinho, sempre dizia: “Aquele que está no rádio tem uma catedral para evangelizar”. O rádio é uma antena de Deus para quem gosta e quer evangelizar. Durante minha vida no rádio, tive vários programas, um deles, o de “Bem com a Vida”, ficou no ar por oito anos e foi um sucesso.

Luciney Martins /O SÃO PAULO

Como o senhor avalia o papel dos meios de comunicação, de modo especial do rádio, na missão da Igreja?

O papel dos meios de comunicação é comunicar… Acredito que estamos vivendo em saaras áridos e agrestes quando se fala, de modo especial do rádio, na missão da Igreja. Tivemos muitos desafios e conquistas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer, e a Igreja está inserida nesta proposta de comunicar o Evangelho, a vida e a paz.

Há nove anos o senhor está na Arquidiocese de São Paulo. Como foi agora receber o convite para a direção da rádio 9 de Julho?

Receber o convite para esta missão foi uma surpresa. Surpresa agradável e feliz. Sou grato a Deus por me proporcionar esta oportunidade e a Dom Odilo Scherer, nosso Arcebispo e aos bispos auxiliares pela confiança depositada no meu trabalho. É um grande desafio! Espero corresponder, com a graça de Deus, iluminado pelo Espírito Santo na pessoa de Jesus Cristo, Nosso Senhor, aos apelos e desafios da rádio 9 de Julho, a nossa rádio.

Qual a expectativa para o trabalho à frente da rádio 9 de Julho?

A expectativa é fazer, com todos os colaboradores e comunicadores, uma rádio mais dinâmica, alegre no processo de evangelização, levando a mensagem de Cristo e da Igreja em todos os cantinhos onde houver um rádio ligado.

Quais são os principais desafios que o senhor já identificou neste início de gestão?

Os desafios são muitos. Vejo que um deles, o maior: fazer a migração do sistema analógico (AM) para o sistema digital (FM). Penso que seja um desafio de todos nós, comunicadores, ouvintes, bispos, padres e leigos. São Paulo nos diz que “a vitória é para aqueles que são capazes de lutar”. Por isso, vamos à luta sob o olhar e os cuidados de Deus, na proteção de Nossa Senhora e do Apóstolo São Paulo, o comunicador “Ad gentes”. Agradeço de coração o incentivo e apoio de todos nesta grande missão. Deus seja louvado!

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.

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