Papa no Natal: não nos esqueçamos de quem bate à nossa porta

Na tradicional Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi, no domingo, 25, o Pontífice ressaltou que o mundo vive uma carestia de paz e exortou a não se usar o alimento como arma de guerra

Papa Francisco na leitura da mensagem de Natal e bênção Urbi et Orbi (foto: Vatican Media)

Como os pastores de Belém, deixemo-nos envolver pela luz e saiamos para ver o sinal que Deus nos deu. Vençamos o torpor do sono espiritual e as falsas imagens da festa que fazem esquecer Quem é o Festejado. Saiamos do tumulto que anestesia o coração induzindo-nos mais a preparar ornamentações e prendas do que a contemplar o evento: o Filho de Deus nascido para nós.

Essa foi a exortação do Papa Francisco na tradicional Mensagem de Natal e Bênção Urbi et Orbi, da Sacada Central da Basílica Vaticana, no domingo, 25, diante de milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, e acompanhada pelos meios de comunicação.

“Voltemo-nos para Belém, onde ressoa o primeiro choro do Príncipe da paz. Sim, porque Ele mesmo – Jesus – é a nossa paz: aquela paz que o mundo não se pode dar a si mesmo e Deus Pai concedeu-a à humanidade enviando o seu Filho ao mundo”, ressaltou o Santo Padre.

Francisco disse que é uma tristeza constatar que enquanto nos é dado o Príncipe da paz, ventos de guerra continuam a soprar, gelados, sobre a humanidade; e exortou que se a humanidade deseja o Natal de Jesus e da paz, todos devem voltar o olhar para Belém e fixar no rosto do Menino que nasceu, reconhecendo naquele rostinho inocente, o das crianças que, em todas as partes do mundo, anseiam pela paz.

ATENÇÃO A TERRITÓRIOS SEM PAZ

“O nosso olhar se encha com os rostos dos irmãos e irmãs ucranianos que vivem este Natal na escuridão, ao frio ou longe das suas casas, devido à destruição causada por dez meses de guerra. O Senhor nos torne disponíveis e prontos para gestos concretos de solidariedade a fim de ajudar todos os que sofrem, e ilumine as mentes de quantos têm o poder de fazer calar as armas e pôr termo imediato a esta guerra insensata!”, prosseguiu.

O Papa comentou, ainda, que hoje se vive uma grave carestia de paz também noutras regiões, noutros teatros daquilo que o Papa chamou de 3a guerra mundial.

“Pensamos na Síria, ainda martirizada por um conflito que passou para segundo plano, mas não terminou; e pensamos na Terra Santa, onde nos últimos meses aumentaram as violências e os confrontos, com mortos e feridos. Supliquemos ao Senhor para que lá, na terra que O viu nascer, retomem o diálogo e a aposta na confiança mútua entre israelenses e palestinos”, destacou.

“Jesus Menino, ampare as comunidades cristãs que vivem em todo o Oriente Médio, para que se possa viver, em cada um daqueles países, a beleza da convivência fraterna entre pessoas que pertencem a crenças diferentes. De modo particular ajude o Líbano para que possa, finalmente, erguer-se com o apoio da Comunidade Internacional e com a força da fraternidade e da solidariedade”, rezou.

O Papa também rezou para que a luz de Cristo ilumine a região do Sahel, onde a convivência pacífica entre povos e tradições é transtornada por confrontos e violências: “Encaminhe para uma trégua duradoura no Iêmen e para a reconciliação no Mianmar e no Irã, para que cesse completamente o derramamento de sangue”.

E, no continente americano, o Pontífice rezou para que o nascimento de Cristo, “inspire as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade a trabalharem para pacificar as tensões políticas e sociais que afetam vários países; penso de modo particular na população haitiana, que está a sofrer há tanto tempo”.

O Santo Padre lembrou que a guerra na Ucrânia agravou ainda mais a situação, deixando populações inteiras em risco de carestia, especialmente no Afeganistão e nos países do Chifre de África. “Toda a guerra – bem o sabemos – provoca fome e serve-se do próprio alimento como arma, ao impedir a sua distribuição às populações já atribuladas. Neste dia, aprendendo com o Príncipe da paz, empenhemo-nos todos – a começar pelos que têm responsabilidades políticas – para que o alimento seja só instrumento de paz”, exortou ainda Francisco.

Por fim, o Pontífice fez um apelo: “Queridos irmãos e irmãs, hoje, como há dois mil anos Jesus, a luz verdadeira, vem a um mundo achacado de indiferença – uma doença feia -, indiferença que não O acolhe (cf. Jo 1, 11); antes, rejeita-O como acontece a muitos estrangeiros, ou ignora-O como fazemos nós muitas vezes com os pobres. Hoje, não nos esqueçamos dos numerosos deslocados e refugiados que batem à nossa porta à procura de conforto, calor e alimento. Não nos esqueçamos dos marginalizados, das pessoas sós, dos órfãos e dos idosos que correm o risco de acabar descartados, dos presos que olhamos apenas sob o prisma dos seus erros e não como seres humanos”.

Fonte: Vatican News

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