Paróquia Santa Dulce dos Pobres é presença evangelizadora na periferia da zona Norte

Arquivo pessoal

Situada no entorno da Serra da Cantareira e no limite de São Paulo com os municípios de Guarulhos e Mairiporã, a Paróquia Santa Dulce dos Pobres, na Região Santana, completa em setembro dois anos de criação, mas já neste mês a comunidade esteve em festa por ocasião dos festejos da padroeira, cuja memória litúrgica é celebrada em 13 de agosto. 

A história da 305º Paróquia da Arquidiocese de São Paulo começou a ser escrita, na verdade, em 1993, quando o bairro Jardim da Felicidade ainda não existia oficialmente. Em 1995, foi celebrada a primeira missa no terreno que foi doado e onde hoje fica a igreja matriz; um ano depois, começou a construção da capela dedicada a São José. 

Aos poucos, a comunidade eclesial foi se estruturando com a ajuda de diversos padres atuantes na Região. Em 2011, foi criada a Área Pastoral São José, primeiro passo para se tornar uma paróquia. Em 2016, o Padre Antonio Pedro dos Santos foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Natividade do Senhor, com a missão de acompanhar a Área Pastoral São José e estruturá-la para a elevação a paróquia. 

No início, os membros da comunidade queriam que a nova Paróquia continuasse tendo como patrono São José. Porém, como já existem muitas paróquias na Arquidiocese com esse título, inclusive uma no mesmo setor pastoral, começaram as buscas por um novo patrono, e foi Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, quem propôs que a padroeira fosse Santa Dulce dos Pobres. 

“Os fiéis gostaram da proposta, pois o bairro tem um alto índice de migrantes nordestinos. Além disso, Santa Dulce é uma santa brasileira e do Nordeste e tem uma história de vida com a qual os nossos paroquianos se identificam bastante”, destacou o Padre Antonio Pedro. 

Em 26 de novembro de 2020, a criação da paróquia se tornou realidade, tendo como padroeira Santa Dulce dos Pobres. Seu território, até então Área Pastoral São José, foi desmembrado da Paróquia Natividade do Senhor. Com a criação da Paróquia, Padre Antonio Pedro foi instituído pároco. 

AÇÃO MISSIONÁRIA 

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Maria Ericelda Fernandes Borges recordou como era a realidade no começo de tudo, há quase 30 anos. “Éramos carentes de infraestrutura, por exemplo, os ônibus não chegavam até aqui, os taxistas não queriam vir até aqui porque tinham medo”, lembrou, ressaltando que os moradores não temiam as dificuldades. 

“No início, aqui era uma região de invasão e grande parte das pessoas ainda morava em barracos. Não havia asfalto e nós íamos a pé e no barro para rezar o Terço nas casas. Nosso objetivo era evangelizar”, acrescentou. 

VIDA PASTORAL 

Além da igreja matriz, a Paróquia Santa Dulce dos Pobres é formada pelas comunidades Nossa Senhora Aparecida, no bairro Jova Rural; Sagrado Coração de Jesus, no Jardim Hebrom; e Santíssima Trindade, no Jardim Filhos da Terra. 

Padre Antonio mencionou a ação pastoral realizada pela nova Paróquia. “Estruturamos as pastorais da Catequese de crianças, jovens e adultos, dízimo, liturgia, eventos, coroinhas, grupos de jovens e de oração, Terço dos Homens e visita às famílias.” 

Na pandemia, a solidariedade e generosidade foram um marco da nova paróquia, que distribuiu, segundo o Pároco, 300 cestas básicas e kits de higiene. 

“O povo desta comunidade é marcado por um grande testemunho de partilha. Mesmo em meio à situação de pobreza, as pessoas partilham do pouco que têm para dividir com os irmãos, a exemplo da padroeira”, acrescentou o Pároco, evidenciando que Santa Dulce vivia da Divina Providência, “assim, o povo e nossa comunidade eclesial experimentam essa providência no dia a dia”, disse. 

“As pessoas estão voltando à participação presencial na Paróquia, que foi instituída em plena pandemia em uma cerimônia com alguns fiéis presentes e os demais acompanhando pelas mídias digitais. Estamos neste momento retomando as pastorais, as atividades e eventos”, contou Emerson Henrique Luciano Monteiro, 30, coordenador de eventos na Paróquia. “A Pastoral de Eventos é im- portante porque ajuda a alavancar verbas para as melhorias que precisamos fazer na Paróquia”, enfatizou. 

FORÇA DO EVANGELHO 

O Pároco recordou que em paróquia alguma podem faltar os serviços de evangelização, a propagação da Palavra de Deus, a Catequese e a formação cristã; a Eucaristia e os demais sacramentos, e a ação pastoral missionária, a “Igreja em saída” que vai ao encontro do irmão em suas necessidades particulares. 

“Estamos inseridos em uma realidade marcada pela pobreza, pelo alto índice de violência, e ser sinal da presença de Cristo aqui na periferia é um grande testemunho de fé, perseverança e força transformadora à luz do Evangelho”, reforçou o Sacerdote. 

Padre Antonio Pedro destacou que um dos maiores desafios é atrair mais pessoas e, sobretudo, os jovens para a vivência comunitária, mas destacou que o sínodo arquidiocesano vem contribuindo para perceber as fragilidades e elucidar novos caminhos para a conversão pastoral. 

QUEM FOI SANTA DULCE 

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes (Irmã Dulce) nasceu em 26 de maio de 1914, na Bahia. Desde a infância, dedicou-se a ajudar as pessoas carentes, mendigos e doentes. Aos 13 anos, transformou a casa da família em um centro de atendimento a estas pessoas. Ajudava a todos que encontrava em seu caminho, acolheu aqueles que ninguém queria, e até hoje, por meio das Obras Sociais Irmã Dulce, ajuda os mais vulneráveis. Irmã Dulce foi beatificada em 2011 e canonizada em 2019, no Vaticano. 

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