Preço dos alimentos caem, mas valor ainda é 23% maior do que em 2021

O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontou uma redução de 0,6% nos custos gerais em maio, comparado com os registrados em abril. O valor, no entanto, ainda é 22,8% maior do que os preços de maio de 2021. 

Foto: © Farshad Usyan/FAO

Um dos alimentos que está mais contribuindo para a composição deste valor é o trigo, cujo valor subiu 5,6% em relação a abril e 56,2% em relação ao preço correspondente no ano anterior. 

Os preços internacionais do trigo subiram em resposta à proibição de exportação anunciada pela Índia e às preocupações com as condições das colheitas em vários países exportadores líderes, bem como perspectivas de produção reduzidas na Ucrânia devido à guerra. 

Os preços mundiais das commodities alimentares caíram modestamente em maio pelo segundo mês consecutivo, embora os preços do trigo e das aves tenham subido, segundo apurou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Índice de Preços de Alimentos da FAO teve uma média de 157,4 pontos em maio de 2022, uma queda de 0,6% em relação a abril. O índice, que acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais da cesta de commoditiesalimentares comumente negociadas, no entanto, permaneceu 22,8% maior do que em maio de 2021.

O Índice de Preços de Cereais da FAO aumentou 2,2% em relação ao mês anterior, liderado pelos preços do trigo, que subiram 5,6% em relação a abril e 56,2% em relação ao valor correspondente no ano anterior. Os preços internacionais do trigo, em média apenas 11% abaixo do recorde alcançado em março de 2008, subiram em resposta à proibição de exportação anunciada pela Índia e às preocupações com as condições das colheitas em vários países exportadores líderes, bem como perspectivas de produção reduzidas na Ucrânia devido à guerra. Os preços internacionais do arroz também subiram em geral, enquanto os preços dos grãos grossos caíram 2,1%, com os preços do milho caindo ainda mais em sintonia com as condições de safra ligeiramente melhores nos Estados Unidos da América, suprimentos sazonais na Argentina e o início iminente da principal colheita de milho do Brasil.

O Índice de Preços de Óleos Vegetais da FAO caiu 3,5% em relação a abril, acima do nível do ano anterior. Os preços dos óleos de palma, girassol, soja e colza caíram, em parte devido à remoção da proibição de exportação de óleo de palma da Indonésia e à fraca demanda global de importação de óleos de soja e colza, devido aos custos elevados nos últimos meses.

“As restrições à exportação criam incerteza no mercado e podem resultar em picos de preços e aumento da volatilidade dos preços; a queda nos preços das oleaginosas mostra como é importante suspender essas restrições e deixar as exportações fluírem sem obstáculos”, disse o economista-chefe da FAO, Máximo Torero Cullen. 

Leite, açúcar e carne – O Índice de Preços do Laticínios da FAO também caiu 3,5% de abril a maio. Os preços do leite em pó caíram devido à incerteza do mercado decorrente dos confinamentos causados pela pandemia de COVID-19 na China, enquanto a força das vendas no varejo e a forte demanda de restaurantes no hemisfério norte impediram que os preços do queijo caíssem significativamente, apesar do enfraquecimento da demanda global de importação. Os preços da manteiga também caíram devido ao enfraquecimento da demanda de importação, juntamente com o aumento da oferta de exportação. 

O Índice de Preços de Açúcar da FAO caiu 1,1% em relação a abril, devido a uma safra abundante na Índia, que melhorou as perspectivas de disponibilidade global. A desvalorização do real brasileiro frente ao dólar norte-americano, aliada aos preços mais baixos do etanol, também pressionaram para baixo os preços mundiais do açúcar.

Enquanto isso, o Índice de Preços de Carne da FAO atingiu um novo recorde histórico, subindo 0,6% em maio, apesar da estabilidade dos preços globais da carne bovina que permaneceram estáveis e os da carne suína que caíram. O aumento ocorreu devido a um aumento acentuado nos preços internacionais da carne de aves, a interrupções contínuas na cadeia de suprimentos na Ucrânia e casos recentes de gripe aviária em um cenário de aumentos de demanda na Europa e no Oriente Médio.

Cereais – As primeiras perspectivas para a produção mundial de cereais em 2022 agora apontam para um provável declínio, o primeiro em quatro anos, para 2.784 milhões de toneladas, ou 16 milhões de toneladas a menos que a produção recorde estimada para 2021, de acordo com a última Nota Informativa da FAO sobre Fornecimento e Demanda de Cereais. 

Prevê-se que o milho sofra o maior declínio, seguido pelo trigo e arroz, enquanto a produção de cevada e sorgo provavelmente aumentará. As previsões são baseadas na situação das lavouras já plantadas e nas intenções de plantio em relação às que ainda serão plantadas.

A utilização mundial de cereais também está prevista para diminuir marginalmente em 2022/23, cerca de 0,1% em relação a 2021/22, para 2.788 milhões de toneladas, o que representaria a primeira contração em 20 anos. A queda deve-se principalmente aos declínios projetados no uso de trigo, grãos grossos e arroz para alimentação animal, enquanto o consumo alimentar global de cereais deverá aumentar em sintonia com as tendências demográficas globais.

O comércio mundial de cereais deverá cair 2,6% do nível de 2021/22 para 463 milhões de toneladas, seu nível mais baixo em três anos, embora as perspectivas para o comércio internacional de arroz continuem sendo positivas.

Novas previsões apontam para uma queda nos estoques, o que fará com que a proporção global de reservas/uso de grãos caia para 29,6% em 2022/23, de 30,5% em 2021/22. Embora esse novo nível seja o mais baixo em nove anos, ainda estaria bem acima do mínimo de 21,4% registrado em 2007/08. Espera-se que os estoques de milho caiam mais, enquanto os estoques de trigo devem aumentar.

A FAO também atualizou suas estimativas para a produção mundial de cereais em 2021, que agora deve aumentar 0,9% em relação ao ano anterior, e para a utilização de cereais em 2021/22, que deve aumentar 1,1%.

Fonte: ONU

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