Sefras celebra os 3 anos do início da ‘Tenda Franciscana’ para o combate à fome

Iniciativa surgiu durante a pandemia e ajudou a amenizar o sofrimento das pessoas em situação de rua

Luciney Martins/O SÃO PAULO – mar.2020

A “Tenda Franciscana” começou a funcionar no dia 27 de março de 2020, em frente ao Convento São Francisco, no Largo São Francisco, no centro da capital paulista. Foi no começo da pandemia de COVID-19, época em que as recomendações de isolamento social e as limitações para o funcionamento das atividades comerciais, a fim de conter a proliferação do coronavírus, fez com que a doação de alimentos às pessoas em situação de rua fosse reduzida significativamente. 

Inicialmente, o objetivo dos frades e de outros membros do Sefras – Ação Social Fransciscana era o de distribuir, em uma tenda, pão e água a quem precisasse. Foi uma campanha emergencial de enfrentamento à pandemia que atendeu, em 2020, mais de 2 mil pessoas todos os dias, entre refugiados, migrantes, pessoas em situação de rua e os desempregados, quantidade de pessoas que crescia a cada semana. 

Para atender à crescente demanda, os serviços de atendimento foram se ampliando, com a distribuição de marmitas, cadastro para o recebimento de cestas básicas, entre outras ações. 

Uma live, em 27 de março, marcou a celebração dos três anos da “Tenda Franciscana”, que atualmente é chamada de Casa Franciscana com sedes na capital paulista e na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Participaram da live o Frei Marx Rodrigues dos Reis, Diretor-secretário do Sefras; Priscila Ramos, coordenadora da Casa Franciscana de São Paulo (SP); Lais Araujo, coordenadora da Casa Franciscana no Rio de Janeiro (RJ); Marcos Rosa, coordenador dos voluntários Sefras; Bruna Carvalho, nutricionista da entidade; Vinícius Fabreau, idealizador do projeto ‘Pão da Solidariedade’; Leia coordenadora do Chá do Padre – que compartilharam suas experiências de atuação junto a Tenda Franciscana e nas Casas Franciscanas. 

COMBATE À FOME

O Sefras é uma ação da Ordem dos Frades Menores, que há 22 anos tem seu trabalho voltado à população em situação de rua. Trata-se de uma organização humanitária que luta todos os dias para combater a fome, as violações de direitos e luta pela inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis: pessoas em situação de rua, imigrantes e refugiados, crianças e adolescentes pobres, idosos sozinhos e pessoas acometidas pela hanseníase.

As Casas Franciscanas prestam serviços diários à população e promovem alimentação saudável, cuidados pessoais, apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, fortalecimento familiar, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.

“Iniciamos a Ação Franciscana da tenda como um plano emergencial, mas logo percebemos que era só o início de um trabalho de longo prazo. O que começou com pão e água, estendeu-se para marmitas, cestas básicas, atendimentos ambulatoriais – serviços pontuais que questionam a atual conjuntura da fome em nosso País e nos fazem agir com caridade e solidariedade” destacou Frei Marx, em entrevista ao O SÃO PAULO

O Frade recordou com a pandemia e o aumento do número de desempregados, a fome ficou ainda mais visível diante dos olhos da sociedade. “Num país tão rico é inadmissível tantas pessoas sem um prato de comida à mesa. Por isso, o Sefras intensificou as ações voltadas para os mais vulneráveis”, ressaltou, elucidando a união e o trabalho de centenas de voluntários, doações e generosidade que possibilitaram o funcionamento da Tenda Franciscana como “um espaço voltado para a garantia da alimentação dos mais desamparados”.

Em julho de 2020, o projeto atingiu a marca de mais de 500 mil refeições entregues. “Essa demanda não só evidencia a situação de extrema necessidade de uma população que vive permeada pela dura realidade de insegurança alimentar em uma das cidades mais ricas do continente”, pontuou Frei Marx, mencionando a necessidade de ampliar políticas públicas favoráveis a todos, garantindo emprego, dignidade e comida na mesa. 

“Na Tenda, diariamente, víamos a figura do Cristo na pessoa com fome e sede. É impossível não comover-se diante da dor do irmão que clama por comida – item essencial”, ponderou.

A MISSÃO VAI CONTINUAR 

Priscila Ramos falou da sua experiência junto a Casa Franciscana do Glicério que serve quatro refeições diárias, entre outros serviços. “Fazer parte da entidade me enche de orgulho e, sobretudo, confirma a certeza de que estamos contribuindo para saciar de algum modo a fome de multidões”, disse.

Lais Araujo, compartilhou que no Rio de Janeiro a tenda começou em um espaço junto a Catedral Metropolitana e, atualmente, tem sede própria e por isso passou a se chamar Casa Franciscana, qur atende diariamente em média 350 pessoas. “Somos sete membros do Sefras atuando na linha de frente. Cada conquista nos alegra, como a mais recente conquista que é o banheiro que em breve passará a disponibilizar o banho às pessoas em situação de rua”, pontuou.

Marcos Rosa é coordenador dos voluntários da entidade e contou a experiência de capacitação dos atuais e novos voluntários do Sefras. “O voluntariado é um aspecto importante da nossa missão”, disse, convocando à participação de mais voluntários nas ações e mencionando que no site tem um espaço de inscrição e capacitação.

Bruna Carvalho, nutricionista da entidade, pontuou a necessidade de se pensar o papel ampliado da comida: “Comer é para além da saciedade, é energia, é vida. Precisamos pensar na educação nutricional, no reaproveitamento dos alimentos e das sobras de comida, na qualidade do que se põe a mesa, pensando em quem planta, quem colhe e quem come”, 

Vinícius Fabreau, idealizador do projeto ‘Pão da solidariedade’, falou do empenho do Sefras no combate à fome, e destacou que o projeto é uma iniciativa para pensar a realidade da falta do alimento pão na mesa dos brasileiros. 

Diariamente no Sefras 4 mil pessoas são atendidas, e há a distribuição de 2 mil refeições. Além da alimentação saudável, são oferecidos cuidados pessoais, apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, contraturno escolar para crianças e adolescentes, cuidados na primeira infância, fortalecimento familiar, convivência e proteção de idosos, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.

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