Semana Santa: ‘Como está nossa vida diante do amor infinito de Deus por nós?’

Indagou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, na missa do Domingo de Ramos, na Catedral da Sé

Dom Odilo abençoa ramos de fiéis na Praça da Sé (Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu no domingo, 2, na Catedral da Sé, a Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebração que abre a Semana Santa.

A celebração começou com a bênção dos ramos na Praça da Sé, junto ao marco zero da cidade, seguida de uma pequena procissão até o interior da Catedral.  

Nessa liturgia, recordam-se dois momentos marcantes da vida de Jesus: sua entrada solene em Jerusalém e a proclamação da sua Paixão, neste ano, segundo o evangelista São Mateus. Nesta ocasião, acontece, em todas as igrejas católicas do Brasil, a Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, que, este ano, aborda o problema da fome.

Logo no início, Dom Odilo explicou que, com a missa do Domingo de Ramos, começa a celebração da Páscoa do Senhor. “São o conjunto de celebrações e ritos que recordam os últimos dias de Jesus na terra, na sua vida mortal”, destacou.

“Jesus é aclamado como rei, o filho de Davi. O povo esperava aquele que refizesse a glória do reino de Davi. Jesus aceitou a aclamação jubilosa do povo, mas não aceitou ser o rei terreno, como desejavam, porque ele anunciava o Reino de Deus, que era para toda humanidade, não apenas para um povo”, continuou o Arcebispo, ao explicar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

PAIXÃO DO SENHOR

Na homilia, o Cardeal sublinhou que o relato da paixão é a parte mais antiga dos evangelhos e, desde os primeiros séculos, os cristãos procuravam contar com detalhes aquilo que recordavam sobre os acontecimentos dos últimos dias de Jesus e assim guardavam a memória e para se situarem e se posicionarem diante desses fatos.

Dom Odilo lembrou, ainda, que a narrativa da paixão é posterior à Ressurreição, e por isso, escrita a partir do olhar iluminado pela fé pascal, que dava sentido para o sofrimento e morte do Senhor.

Em seguida, o Arcebispo convidou os fiéis a refletirem sobre os motivos que fizeram com que Deus viesse ao mundo e se fizesse humano.

“Na segunda leitura, da carta de São Paulo aos Filipenses, encontramos a resposta.  Jesus aceitou vir ao nosso encontro, sujar as mãos com a nossa miséria, revestiu-se da nossa fragilidade, para manifestar a misericórdia de Deus. O desejo Salvador de Deus e não hesitou ser humilhado e aceitar a morte de Cruz, para ir ao encontro daqueles que não têm solução”, afirmou o Cardeal, ressaltando as palavras de São Paulo: “Ele me amou e por mim se entregou na cruz”.  

Dom Odilo convidou todos a avaliarem e se perguntarem: “Como está nossa vida diante do amor infinito de Deus por nós?” Por fim, o Cardeal exortou: “Vivamos de coração arrependido, renovado com novas disposições para viver a adesão a Cristo, aquele que é caminho, verdade e vida”.

Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

DOMINGO DE RAMOS

Há uma razão histórica para a proclamação desses dois relatos dos evangelhos. Nos primeiros séculos, não havia a celebração do Tríduo Pascal e, por isso, não era costume celebrar a Paixão do Senhor na sexta-feira antes da Páscoa. Por isso, no domingo anterior à Páscoa, recordava-se a morte de Cristo para, na semana seguinte, os fiéis celebrarem sua Ressurreição. Mesmo após a instituição do Tríduo Pascal, manteve-se essa tradição litúrgica, sobretudo para que os fiéis impossibilitados de celebrar o Tríduo – como em países de minoria cristã – possam vivenciar liturgicamente o mistério da Paixão. Além disso, a recordação desses dois momentos convida os fiéis a meditarem sobre o fato de que a multidão que aclama Jesus como o “Filho de Davi” é a mesma que grita “Crucifica-o” dias depois.

A liturgia dos demais dias da Semana Santa ressalta momentos que antecedem a Paixão do Senhor, como na segunda-feira, a cena da mulher que lava os pés de Jesus com perfume; quando Jesus anuncia sua morte, causando sofrimento aos discípulos, na terça-feira; e a traição de Judas, que se dirige aos chefes dos sacerdotes e se oferece para entregar Jesus, na quarta-feira.

TRÍDUO PASCAL

O Tríduo Pascal é como se fosse uma única celebração, em três dias, por meio da qual se torna presente a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Ele é aberto com a Missa da Ceia do Senhor, que recorda a Última Ceia, quando o Senhor instituiu a Eucaristia, deu aos apóstolos seu novo manda- mento – “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Nessa ocasião, Jesus também instituiu a ordem sacerdotal e deixou como exemplo a caridade e o serviço aos irmãos, simbolizados pelo rito do lava-pés, ação que é recordada durante essa missa.

A Sexta-feira Santa é o dia dedicado à memória da Paixão e Morte do Senhor. O silêncio, o jejum e a oração marcam esse dia, o único do ano em que não é celebrada a missa, mas a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, na qual é proclamada a narrativa da Paixão segundo o Evangelho de São João. A liturgia é marcada pela Oração Universal (que contempla as intenções pela Igreja e pelo mundo), pela Adoração da Cruz e pela Comunhão (das espécies consagradas na noite anterior).

A manhã e a tarde do Sábado Santo são marcadas pelo silêncio e contemplação de Jesus morto e sepultado. Esse silêncio só é interrompido à noite, com a celebração da solene Vigília Pascal que anuncia a Ressurreição de Jesus Cristo.

Considerada a mãe de todas as vigílias, essa liturgia se divide em quatro partes: Lucernário, que compreende a bênção do fogo (simbolizando o Cristo ressuscitado, luz do mundo) e a proclamação da Páscoa (Precônio Pascal); a Liturgia da Palavra, com as nove leituras que resumem a História da Salvação (sete do Antigo Testamento e duas do Novo, sendo uma extraída das Cartas de Paulo e outra do Evangelho); a Liturgia Batismal, na qual aqueles que foram preparados para este sacramento são batizados e os demais fiéis renovam suas promessas batismais; e, por fim, a Liturgia Eucarística, ápice da Vigília, o próprio sacrifício pascal.

Considerada a data mais importante do calendário litúrgico católico, no Domingo de Páscoa se celebra a vitória da vida sobre a morte e o testemunho dos apóstolos de que o túmulo está vazio, pois o “Senhor verdadeiramente ressuscitou”.

Confira a programação das celebrações da Semana Santa na Catedral da Sé:

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