Trindade: mistério insondável do Deus que vem ao encontro da humanidade

Cardeal Scherer celebra Solenidade da Santíssima Trindade (Reprodução da internet)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa da Solenidade da Santíssima Trindade, neste domingo, 7, na Catedral da Sé.

Devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19, o a celebração Eucarística aconteceu sem a presença se fiéis, com a participação de apenas um pequeno grupo de pessoas, seguindo as recomendações preventivas das autoridades sanitárias. A missa foi transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

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Na homilia, Dom Odilo ressaltou que, embora todo domingo seja um dia dedicado a Deus, esta solenidade dá uma ênfase maior para o mistério que o constitui. “Depois de termos celebrados os grandes mistérios de Jesus Cristo, Filho de Deus, depois de celebrarmos Pentecostes, dedicado ao Espírito Santo… Hoje, a Igreja nos convida a olhar para o mistério santo e grande que é o próprio Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, Deus Trindade”, afirmou.

O Cardeal enfatizou que querer ver a Deus é um desejo do ser humano e ele, por sua vez, não se esconde da humanidade. “Pelo contrário, Deus vem ao nosso encontro, dá-se a conhecer e dá-nos as possibilidades de conhecê-lo, ainda que seja um pouco, pois nunca o conheceremos na sua totalidade, porque seu mistério supera a nossa pequenez de criaturas e, por isso, nunca poderemos abraçar o criador de forma completa”, sublinhou.

“Hoje, a Igreja nos convida a nos colocarmos, de maneira aberta e acolhedora, diante do mistério de Deus”, completou o Arcebispo, começando a refletir os textos bíblicos do dia que ajudam a compreender essa solenidade.

AQUELE QUE É

Na primeira leitura (Êx 34,4b-6.8-9), Moisés encontra Deus que se dirige a ele por meio da sarça ardente. “Ao ouvir a vós de Deus, Moisés lhe pergunta quem é e cai de joelhos, adorando a Deus”, enfatizou Dom Odilo.

O Cardeal, Destacou, ainda, que, após a experiência com o Senhor, o patriarca se coloca à disposição de Deus para ser seu colaborador na obra salvadora, tornando-se íntimo dele, comprovando, assim, que a fé não se obtém por meio de uma conclusão intelectual, mas de dá por meio da acolhida do Deus que se manifesta ao homem. “Deus se manifesta a nós não como teoria, mas como aquele que é, que existe, como disse a Moisés”, completou. 

“Muitos falam de Deus com muitas palavras, mas um rio de palavras nunca será suficiente para desvendar seu mistério”, acrescentou o Arcebispo, reconhecendo que é natural o desejo humano de desvendar o mistério divino.

ROSTO DE DEUS

“O Deus da nossa fé é um Deus que se manifestou, que se revelou à humanidade de muitas maneiras. Um Deus que se fez presente, caminhou e caminha com a humanidade. Que se deixa experimentar pela sua presença e ação. Por isso mesmo, o grande revelador de Deus par nós é Jesus Cristo”, salientou Dom Odilo, recordando que a Igreja ensina que Jesus é o rosto humano de Deus.

O Arcebispo recordou que foi Jesus quem revelou à humanidade que Deus é Pai a partir da maneira como ele próprio se relacionava com Deus como filho. “Jesus também revelou que nessa relação do Pai e do Filho há o Espírito Santo, que á ação dinâmica, criadora e salvífica de Deus”, sublinhou, reforçando a fé cristã em um único Deus, que se manifesta em três pessoas.

O Cardeal Scherer enfatizou que a profissão de Fé expressa, em primeiro lugar, a realidade da Trindade Santa. “Mais do que ser compreendido, nosso Deus precisa ser acolhido. Ele vem ao nosso encontro de muitas maneiras”, continuou.

PARTICIPAR DE SUA OBRA

“De nossa parte, com nossa fé, pequena ou grande, devemos nos deixar possuir por Deus antes de querer possuí-lo”, exortou o Arcebispo, alertando para o perigo humano de querer se apossar da divindade, o que seria uma atitude religiosa falsa, que beira à magia. “Deus nos chama para sermos não somente seu servos, filhos, seus familiares, seus íntimos, seus colaboradores”, acrescentou.

“Deus nos chama a participar na sua obra já neste mundo e nos chama a participar da plenitude do seu Reino, da vida eterna”, completou Dom Odilo.

“Celebrando a Santíssima Trindade, nós queremos recordar, mais profundamente, a nossa fé em Deus. Isso significa que queremos nos abrir a Deus a cada dia, deixa-lo que ele possa entrar e agir em nossa vida, orientar-nos, que possamos acolher as doces e santas inspirações que vem dele e não contrariá-las. Se queremos compreender Deus, devemos viver a experiência de Deus”, exortou o Cardeal. 

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