Uma preciosa ajuda que faz sorrir para a vida

Cirurgiões-dentistas voluntários se unem em projeto para garantir tratamento odontológico especializado a pacientes oncológicos ou com deficiência em situação de vulnerabilidade social

Fotos: Instituto Sorrir Para Vida

Entre 2018 e 2019, houve o registro de 1,2 milhão de diagnósticos confirmados de pessoas com câncer, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

A cirurgiã-dentista Marisa Helena de Carvalho, 58, já se recuperou de dois cânceres de mama e viveu de perto os efeitos colaterais causados pela quimioterapia. Após ter superado a doença, ela decidiu ajudar outros pacientes na busca por tratamento especializado e, assim, fundou, em 2007, o Instituto Sorrir Para Vida, em parceria com Vanessa de Carvalho Fabrício, médica oncologista.

O instituto tem como missão resgatar e devolver sorrisos, recobrar a saúde, elevar a autoestima e proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes em tratamento.

DE PORTAS ABERTAS

A organização social, sem fins lucrativos, atende crianças, adolescentes, adultos e idosos com câncer, com alguma deficiência ou alterações comportamentais severas. Oferece atendimento odontológico completo, gratuito e de qualidade, auxiliando o paciente, seus familiares e cuidadores na busca conjunta de uma melhor qualidade de vida.

O instituto também realiza um trabalho de prevenção da saúde bucal. “Além de cuidar da necessidade em si, orientamos sobre higienização, alimentação, entre outros cuidados básicos e essenciais. Por causa do tratamento, esses pacientes precisam redobrar os cuidados com a saúde da boca”, afirmou Marisa.

A cirurgiã-dentista ressaltou que “alguns tratamentos de quimioterapia e radioterapia desenvolvem no paciente a mucosite, que é uma lesão (ferida) na mucosa da boca, a qual inflama e acumula bactérias. O tratamento se dá por meio da laserterapia, que proporciona alívio da dor, mais conforto e controle da inflamação”.

Ainda são poucos os profissionais especializados em tratamento odontológico a pessoas com deficiência. Segundo dados do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, são apenas 530 dentistas capacitados nesse atendimento em todo o Brasil. “É um desafio e ao mesmo tempo muito gratificante. É um diferencial na minha vida e na vida dos pacientes atendidos”, disse Aline Narciso, 41, dentista, especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e voluntária do projeto desde 2013.

Sorrir de novo

Kazuko Nishida, 70, é uma das pessoas atendidas no Sorrir Para Vida. “No início da pandemia de COVID-19, fui diagnosticada com câncer de mama. Passei por cirurgia de mastectomia e várias sessões de quimioterapia. Foram momentos difíceis e de muita luta pela vida”, recordou.

“Aqui fui bem atendida por profissionais capacitados, que, além do tratamento da mucosite e da saúde da boca, cuidam da minha autoestima, me devolvem a vontade de viver e sorrir. Estou usando máscara, por causa da pandemia, mas, quando chego em casa, faço questão de me olhar no espelho e sorrir”, disse, emocionada, Kazuko.

Bem servir

Integrantes do Instituto Sorrir Para Vida

“O que inspira os voluntários do instituto é ver o sorriso no rosto da pessoa que chegou com dor, é ver uma mãe contente porque seu filho foi bem acolhido, é saber que aquele paciente depois de muito tempo teve a oportunidade de voltar a comer sem dor, sorrir sem medo e sem a preocupação de colocar as mãos no rosto porque sentia vergonha da sua boca e de seus dentes”, enfatiza Marisa, recordando que o instituto conta com 32 dentistas voluntários.

Um deles é Felippe Barbosa, 27, dentista especialista em Saúde Coletiva da Família, que atua no projeto há três anos: “Todos, independentemente da sua condição social, têm direito a tratamento de saúde digno, mas isso nem sempre acontece. Por isso, a importância do Sorrir Para Vida com a atuação de voluntários conscientes e unidos pela causa dos mais vulneráveis”, afirmou.

“O que me motiva a ser voluntária aqui é a história de cada paciente. Chegam tristes, sofrendo, e saem gratos e felizes pelo atendimento e amor que recebem. Aqui, cuidamos da pessoa como um todo, a doença precisa ser levada em conta, mas a cura e o valor da vida é a prioridade a ser resgatada”, afirmou Valéria Nena, 54, dentista estomatologista.

O Instituto Sorrir Para Vida registrou no ano passado a marca de 2.843 procedimentos e 950 pacientes atendidos e, em média, dez pessoas passam na clínica diariamente. “Os números expressivos acontecem graças à generosidade de parceiros que contribuem financeiramente para a manutenção da sede, equipamentos, medicamentos. Os voluntários viabilizam a execução prática do projeto, diariamente”, enfatizou Marisa.

Conheça o Instituto Sorrir Para Vida
www.sorrirparavida.org.br
@institutosorrirparavida
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