Universidade equatoriana inaugura Cátedra Cardeal Cláudio Hummes

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na quarta-feira, 24 de agosto, acontecerá a cerimônia de instalação da ‘Cátedra Universitária Amazônica Cardeal Cláudio Hummes, OFM’ pela Pontifícia Universidade Católica do Equador, por meio do Programa Universitário Amazônico.

 “O Programa Universitário da Amazônia, PUAM, é um caminho de implementação institucional com recorte universitário educacional, articulado no Ceama”, explica Mauricio López, vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama) e coordenador do Programa Universitário da Amazônia (Puam).

A inauguração do programa contará com a presença de Luis Liberman, fundador do IDGCE; a líder indígena amazônica Patricia Gualinga; o Cardeal Pedro Barreto, Presidente da Ceama e o Dr. Luis Arriaga, que apresentarão trabalhos que abordarão a pessoa do Cardeal Hummes, seu papel na Amazônia, sua atuação no Celam e Repam, a defesa dos direitos humanos dos povos indígenas e a relevância que têm na região.

Necessidade de estabelecer uma Universidade Católica Amazônica

Sobre as origens, identidade, enorme alcance e projeção dessa proposta educacional amazônica, Mauricio López lembrou que, de certa forma, ela se estabelece como mandato no documento final do Sínodo para a Amazônia.

Como lembrou, o número 114 do Documento Final do Sínodo para a Amazônia estabelece a necessidade de se estabelecer uma Universidade Católica Amazônica com uma perspectiva interdisciplinar, que tenha uma visão clara da inculturação e da interculturalidade e que procure abranger toda a perspectiva de ser e trabalho da Igreja, dos ministérios leigos, mas, também, com uma forte aposta nos estudos ambientais”.

Da mesma forma, a abordagem da proposta visa a promover o diálogo com os povos indígenas, o “fortalecimento das capacidades dos professores, lideranças, agentes pastorais e, sobretudo, com um convite para acolher e abraçar os costumes e tradições dos povos indígenas , buscando ter uma abrangência e perspectiva de extensão inculturada e intercultural em toda a região amazônica”.

Uma proposta educativa a serviço da Amazônia

Mauricio López lembrou que ao final do Sínodo da Amazônia, os encontros com os Cardeais Hummes e Barreto visaram claramente definir a criação daquele órgão eclesial para a Amazônia, que hoje é a Ceama, e no mesmo nível de importância falou-se da necessidade de avançar na proposta desta iniciativa universitária para a Amazônia.

Um dos maiores desafios da proposta da Puam, segundo Mauricio López, foi discernir com profundidade, pensar qual deveria ser a fisionomia e o tipo de resposta desse novo corpo.

Como ele esclarece, o programa universitário não é uma universidade , no sentido clássico de uma infraestrutura física, localizada em um enclave na Amazônia “porque certamente tem grandes limitações, o alcance é muito pequeno, a necessidade de cobrir os custos de um infraestrutura, crie-a”.

Além disso, destaca que “já existem várias iniciativas, porém, intuímos que muitas dessas iniciativas, por um lado, não respondem ao desafio intercultural da Pan-Amazônia; por outro lado, geram um tipo de conhecimento e formação que acaba por produzir a necessidade de os licenciados se inserirem nos mercados de trabalho mais urbanos e não necessariamente com uma abordagem intercultural”.

Um Programa que parte das iniciativas do território

Para Mauricio López, uma decisão clara foi criar um programa universitário, que se baseia nas iniciativas que já existem no território, muitas das quais começaram com a Repam há alguns anos, por exemplo, formação especializada em direitos humanos ou formação virtual em ecologia integral; Direitos humanos na Amazônia, processos de formação, que se tem historicamente.

Da mesma forma, múltiplas iniciativas de formação que já existem no território em teologia e teologias interculturais, em matéria de Estudos Amazônicos, em matéria de alternativas de desenvolvimento que a Repam também vem acompanhando e alguns processos que estão iniciando com a Ceama em matéria de também de ministerialidade e inúmeros processos de formação que partem das universidades já existentes no território ou de outras universidades internacionais que também querem ter uma relação mais próxima.

A estrutura funcional do Puam faz parte dos quatro sonhos da exortação apostólica Querida Amazonia, sobretudo, no desenho de todos os programas universitários em suas diferentes modalidades que serão constituídos. 

O Puam, portanto, é um caminho de implementação institucional com recorte universitário educacional, articulado com a Ceama. Nesse sentido, dentro dos quatro sonhos foram estabelecidos alguns temas prioritários: direitos humanos e incidência e alternativas ao desenvolvimento, no marco do sonho social; no marco do sonho ecológico, processos de formação em ecologia integral, espiritualidade ecológica e outra série de processos que ajudam a fortalecer o tema do cuidado, a gestão integral da água com uma perspectiva amazônica; no sonho cultural, temos tudo o que é formação na chave da interculturalidade, o diálogo de saberes, a perspectiva das identidades amazônicas e também uma série de processos que auxiliam nessa linha; no sonho cultural, a partir das identidades dos povos e dos territórios e, finalmente, o sonho onde estão as perspectivas das ministerialidades, da teologia e até das perspectivas econômicas. 

O evento pode ser acompanhado por meio deste link:

Fonte: Vatican News (em Espanhol)

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Maria Lúcia Destéfano
Maria Lúcia Destéfano
1 ano atrás

Merecido, justa homenagem! Quanta falta ele faz!