Monsenhor Ângelo Mezzari se tornará um sucessor dos apóstolos

Dom Ângelo Ademir Mezzari
Monsenhor Ângelo Mezzari (Foto: Luciney Martins)

Na tarde deste sábado, 19, às 15h, no Santuário do Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara, na Diocese de Criciúma (SC), acontecerá a ordenação episcopal do Monsenhor Ângelo Ademir Mezzari, nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo em 8 de julho.

A celebração será presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e também terá como bispos ordenantes Dom Jacinto Inácio Flach, Bispo da Diocese de Criciúma (SC), e Dom Rubens Sevilha, Bispo da Diocese de Bauru (SP).

A ordenação será transmitida pela rádio 9 de Julho (AM 1600 kHz), pela página da Arquidiocese de São Paulo no Facebook, pela TV Canção Nova (Canal aberto 59.1) e pela TV Evangelizar.

O QUE É UM BISPO?

O episcopado é o grau mais elevado do sacramento da Ordem, seguido do presbiterado (padres) e diaconado (diáconos). Em comunhão com o Papa, Bispo de Roma e sucessor do Apóstolo São Pedro, os bispos são sucessores dos apóstolos, recebendo a missão de pastorear, santificar e ensinar a porção do povo de Deus (Igreja particular) a eles confiada por Jesus Cristo.

“Na pessoa do Bispo, rodeado pelos seus presbíteros, está presente no meio de vós nosso Senhor Jesus Cristo, o Pontífice eterno. É Ele, Cristo Jesus, que, no ministério do Bispo, não cessa de anunciar o Evangelho e de oferecer aos crentes os mistérios da fé. É Ele que, pelo múnus paterno do Bispo, acrescenta novos membros ao seu Corpo, que é a Igreja. É Ele que, pela sabedoria e prudência do Bispo, vos conduz, ao longo da peregrinação terrena, para a felicidade eterna!”, ressalta o texto do ritual de ordenação episcopal.

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SUCESSÃO APOSTÓLICA

É a sucessão apostólica que legitima a autoridade dos bispos. Na Bíblia, um exemplo dessa sucessão pode ser visto quando Judas Iscariotes, o traidor de Jesus, deixou o grupo dos 12 apóstolos. Então, São Pedro apontou a necessidade de que alguém o ocupe seu lugar (cf. Atos 1,16-17.21-26), sendo eleito São Matias. 

À medida que as comunidades cristãs eram constituídas pelos apóstolos, esses constituíram bispos, isto é, pastores, que os sucederam na missão de apascentar o rebanho, transmitindo o dom recebido do Espírito Santo de geração em geração até os dias atuais.

Papa Francisco preside ordenação episcopal (Foto: Arquivo/Vatican Media)

INSÍGNIAS

Os bispos portam consigo as chamadas insígnias episcopais, que simbolizam os valores sacramentais do ministério assumido. São elas:

Anel – Sinal da fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa, e, por isso, o Bispo deve usá-lo sempre.

Cruz peitoral – Sinaliza que o Bispo é representante de Jesus Cristo. Da mesma forma, recorda ao Bispo sua missão de anunciar o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, nela representado.

Mitra – Usada sobre cabeça nas celebrações litúrgicas, pelo seu formato deve “apontar para o alto”, indicando que o poder do Bispo vem de Deus, o qual lhe concede a “coroa da justiça” (2Tm 4,8). Essa insígnia também simboliza a santidade à qual o Bispo é chamado a viver.

Báculo – (do latim baculus, cajado) é um bastão de metal ou outro material com uma curva na ponta, usado nas celebrações litúrgicas como símbolo de sua missão de pastor.

Ordenação de Dom Odilo Scherer, presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes, em 2002 (Foto: Luciney Martins)

QUEM PODE SER BISPO?

Segundo o Código de Direito Canônico, para ser Bispo, o Sacerdote deve estar de acordo com os seguintes requisitos:

– Ter fé firme, bons costumes, piedade, zelo das almas, sabedoria, prudência e seja eminente em virtudes humanas e dotado das demais qualidades, que o tornem apto a desempenhar o ofício;

– Ter boa reputação;

– Ter, ao menos, 35 anos de idade;

– Ter sido ordenado presbítero pelo menos há cinco anos;

– Ter adquirido o grau de doutor ou ao menos a licenciatura em sagrada Escritura, Teologia ou Direito Canônico, em um instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou, pelo menos, seja verdadeiramente perito nestas disciplinas.

COMO É NOMEADO?

Os bispos são nomeados livremente pelo Papa dentre os sacerdotes do clero de uma diocese ou de um instituto de vida consagrada, após um processo de consultas secretas feitas entre bispos, padres e fiéis leigos por meio da Nunciatura Apostólica, representação diplomática do Sumo Pontífice em um país, que as envia à Congregação para os Bispos, Organismo da Cúria Romana que apresenta os nomes dos indicados com o parecer das consultas ao Santo Padre para que ele possa decidir sobre sua nomeação.

Bispos recém-ordenados pelo Papa (Foto: Arquivo/Vatican Media)

Nas Igrejas católicas de rito oriental, o bispo é escolhido por meio de um Sínodo presidido pelo Patriarca ou Arcebispo Mor em união com a Santa Sé. O nome do eleito é enviado ao Papa, que confirma a eleição e legitima a nomeação episcopal.

O Núncio Apostólico comunica a nomeação ao eleito por meio de carta, com cópia ao Metropolita da região onde ele mora. Após o aceite do eleito, é marcada a ordenação e posse da respectiva função. Em seguida, a nomeação é publicada pela Santa Sé pelos meios de comunicação oficiais. Até a publicação da nomeação, a eleição do novo bispo deve ser mantida em sigilo pontifício.

DIOCESANOS E TITULARES

Como pastor de um rebanho, todo bispo precisa ser responsável por uma Igreja particular. Por isso, a maioria dos bispos são diocesanos, pois pastoreiam uma diocese ou arquidiocese.

No entanto, também existem os bispos titulares, que possuem o título de uma diocese que existiu no passado e agora existe apenas em título. Geralmente, são titulares, os bispos auxiliares de um bispo diocesano ou os que possuem outra função eclesiástica, como os núncios apostólicos ou oficiais da Cúria Romana.

Ainda sobre os bispos titulares, não se trata apenas uma formalidade canônica, mas possui um significado teológico e espiritual. Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar de São Paulo, e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, explicou que, embora o território da diocese titular não exista mais, no passado existiu uma porção do povo de Deus que hoje já é falecida e continua necessitada das orações e do seu pastor por meio da comunhão dos santos. “Todos os dias, eu rezo e estou em comunhão com os fiéis da diocese da qual sou Bispo titular”, afirmou.

Bispos na abertura do Concílio Vaticano II (Reprodução da Internet)

AUXILIARES

O Bispo Auxiliar é um bispo titular que tem a função de auxiliar o bispo diocesano, enquanto o coadjutor é um Bispo Auxiliar com direito à sucessão.

Na Arquidiocese de São Paulo, os bispos auxiliares costumam desempenhar a função de vigários episcopais de vicariatos regionais ou ambientais. Os vigários episcopais podem ou não ser bispos e são designados pelo bispo diocesano por um bispo residencial como seu delegado em uma parte fundamental da diocese, para um determinado trabalho apostólico.

Por essa razão, o Bispo Auxiliar não é o bispo de uma determinada região episcopal ou vicariato, mas, como no caso de São Paulo, auxilia o Arcebispo no pastoreio da Arquidiocese.

EMÉRITOS

O Bispo diocesano é obrigado pelo Código de Direito Canônico a pedir ao Papa renúncia do ofício ao completar 75 anos. A partir do momento que o Pontífice aceita sua renúncia, este se torna Bispo emérito, permanecendo com a dignidade episcopal, mas sem a responsabilidade do pastoreio de uma Igreja particular. 

Ainda de acordo com o Direito Canônico, também por motivo de doença ou por outra causa grave que o torne “menos capacitado para cumprir seu ofício”, o bispo deve apresentar o Santo Padre sua renúncia e tornar-se emérito.

SERVIÇO

“Para vós sou Bispo, convosco sou cristão”. Essa firmação de Santo Agostinho, Bispo e doutor da Igreja, sintetiza a natureza e a missão de um Bispo na Igreja, povo de Deus.

Durante a audiência geral de 5 de novembro de 2014, ao refletir sobre o ministério episcopal, o Papa Francisco sublinhou que o episcopado não é uma honorificência, é um serviço. “Não deve haver lugar na Igreja para a mentalidade mundana que diz assim: ‘Este homem fez a carreira eclesiástica e tornou-se bispo’. Não, não, na Igreja não deve haver lugar para esta mentalidade, o episcopado é um serviço, não uma distinção para vangloriar-se”, afirmou.

Bispos em missa no Santuário Nacional de Aparecida (Foto: Victor Hugo Barros)

O Pontífice sublinhou, ainda, que esse não é um cargo de “prestígio” e pediu que os bispos saibam ser um “sinal visível” da ligação entre Cristo e o seu povo, um instrumento de “comunhão”, como tantos santos que os precederam.

“Os santos bispos – e há tantos na história da Igreja – mostram-nos que este ministério não se procura, não se pede, não se compra, mas acolhe-se em obediência, não para se elevar, mas para abaixar-se, como Jesus”, precisou o Santo Padre.

Francisco também salientou não há uma Igreja saudável se os fiéis e clérigos não estiverem unidos aos bispos. “Esta Igreja que não está unida ao bispo é uma Igreja doente”, advertiu.

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