Carmelita compartilha experiências missionárias em live com o Cardeal Scherer

Por dez anos, Frei Patrício Sciadini, OFM, viveu no Egito, país de maioria muçulmana

Frei Patrício (Reprodução da internet)

No contexto da celebração do Mês das Missões, o Cardeal Odilo Pedro Scherer tem promovido lives sobre diferentes testemunhos missionários dos cristãos. Na terça-feira, 13, pelas mídias sociais da Arquidiocese de São Paulo, o Frei Patrício Sciadini, da Ordem dos Frades Menores (OFM), compartilhou com o Arcebispo de São Paulo e os internautas seu testemunho missionário. Nascido na Itália, ele viveu 40 anos no Brasil, esteve por dez anos no Egito – país de maioria muçulmana – e já se prepara para ir ao monte Carmelo, em Israel.

No começo do encontro on-line, que também teve a participação do frade carmelita descalço Dom Rubens Sevilha, Bispo de Bauru (SP), Dom Odilo afirmou que a experiência de Frei Patrício ajuda a perceber que a ação missionária da Igreja é ampla, não devendo ser entendida apenas na dimensão da missão ad gentes.

Mandato de Jesus

Frei Patrício ressaltou, inicialmente, que ser missionário é um mandato de Jesus a todos os cristãos batizados, para que anunciem “a beleza da Palavra de Deus e da nossa fé”, sem que necessariamente precisem se deslocar, como foi o caso de Santa Teresinha, missionária dentro do Carmelo. “Ela dizia: ‘Quero amar a Deus e o fazer amado por todos’. Assim, não é suficiente amar a Deus sozinho. Devemos envolver os outros, transmitir a nossa fé e o nosso amor”, afirmou o Frade.

Para tal, é preciso ter disponibilidade de anunciar o Evangelho, mesmo em realidades nas quais os cristãos são minoria, como no Egito, onde, dos 100 milhões de habitantes, entre 15 e 18 milhões são cristãos, sendo que o número de católicos não é superior a 250 mil fiéis.

A oração e o anúncio pelo exemplo

Em realidades como a do Egito, destacou o Frade, o anúncio do Evangelho se dá mais pelo testemunho de vida e a coerência nas atitudes, do que por palavras, bem como pelas obras de misericórdia em favor dos que mais precisam: “Devemos estar atentos às necessidades das pessoas para poder, pelas obras, manifestar o Cristianismo, uma solidariedade de qualidade”.

Frei Patrício recordou o desejo de Santa Teresinha de disseminar a fé cristã pelos cinco continentes, o que não pôde fazer pelas missões ad gentes, mas o realizou com a oração e o sacrifício. “Por meio da oração, podemos abraçar todos os dias os cinco continentes, podemos viajar sem pagar passagem, sem passaporte, e ser uma presença orante”, afirmou, alertando que, quando a oração não é o fundamento do agir do cristão, “podemos cair em um aspecto social, político e perdemos o valor da transcendência”.

Missionariedade cotidiana

O Frade lembrou, ainda, que é possível viver a missionariedade nas situações cotidianas. “Onde formos, devemos revelar que somos cristãos, que somos apaixonados por Cristo e que, aquilo que fazemos, não é por lucro ou por autoprojeção, mas, simplesmente, por amor.”

Por fim, Frei Patrício recomendou a todos a leitura dos escritos de Santa Teresinha do Menino Jesus – “Ela fez do Evangelho a sua maneira de ser missionária” – e reforçou três aspectos centrais da missionariedade cristã: “Todo cristão que ama a sua fé e Jesus Cristo sente a necessidade e a alegria de anunciar o Evangelho; em qualquer lugar que estejamos, devemos dar um testemunho de vida coerente; e a missionariedade não é luxo, mas uma exigência da nossa fé. Sem a missionariedade, nós teremos, no futuro, uma Igreja sem vida e sem amor”.

Renovação missionária

Após a explanação inicial do Frade, Dom Odilo recordou que o Papa Francisco tem reiterado a necessidade da renovação e da conversão missionária na Igreja, algo que está no centro da atenção da Arquidiocese de São Paulo com a realização do sínodo arquidiocesano. “É uma questão crucial para a Igreja. Se ela não se faz missionária, torna-se uma instituição sem vida, vira museu, uma lembrança do passado. Não queremos isso. Queremos ser presentes, testemunhas do agora, neste tempo, no meio das nossas cidades, das nossas situações”, lembrou o Arcebispo de São Paulo.

Dom Rubens enfatizou que, na perspectiva missionária, todos são instrumentos, pois “é o Espírito que evangeliza, é o Senhor quem faz a obra. Somos operários. Hoje, nossa cultura ressalta muito o nosso eu, mas creio que precisamos pregar mais, com testemunho, sobretudo, dessa morte de si mesmo, desse renunciar a si”.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

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