Cônego Raphael Peretta: 50 anos de dedicação e entrega ao serviço sacerdotal

Aos 83 anos, o sacerdote foi contemplado com a Medalha São Paulo Apóstolo

Cônego Raphael Peretta tem vida marcada por atuação em paróquias e na formação sacerdotal Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Ele nasceu em 22 de março de 1937, na zona rural de Caçapava (SP). Na infância, para ir à escola, precisava andar 12km diariamente. Na juventude, trabalhou em plantações de arroz e na criação de gado, e, somente após o período do serviço militar, sentiu o despertar para a vocação sacerdotal. Seu grau de instrução, porém, era um empecilho.

Diariamente, após o horário de trabalho no campo, que começava ainda na madrugada, o jovem decidiu ir em busca do seu sonho e aproveitava as duas horas noturnas em que durava o combustível da lamparina para estudar por correspondência. Concluídos os estudos, Raphael Emygdio Peretta entrou para o seminário.

E o que era apenas um sonho, após a superação dos obstáculos socioeconômicos, tornou-se realidade e, há 50 anos, o Cônego desempenha seu ministério sacerdotal, já tendo passado por diversas paróquias na Arquidiocese de São Paulo. Aos 83 anos, foi contemplado com a Medalha São Paulo Apóstolo na categoria “serviço sacerdotal”, em novembro.

O INÍCIO

“O Jornal da Diocese de Taubaté anunciava um encontro vocacional. Apresentei-me e fui bem-sucedido nas provas, sendo que naquela época se costumava ir para o seminário ainda criança. Após o término da convivência e das provas, o reitor me chamou e disse que, com meus 20 anos, já estava maduro e me direcionou para o Seminário da Freguesia do Ó, em São Paulo, que acolhia apenas adultos”, enfatizou em entrevista ao O SÃO PAULO.

Quando jovem, realizou parte dos seus estudos de Filosofia em Aparecida (SP) e os concluiu na Arquidiocese de São Paulo, onde também cursou Teologia, no Seminário do Ipiranga. Seu diretor espiritual no período dos estudos foi o Padre Geraldo Majella Agnelo, hoje Cardeal e Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

Na cerimônia de entrega da medalha, Cônego Raphael manifestou sua gratidão à Igreja em São Paulo por acolher sua vocação e a todos aqueles que ajudaram na sua formação sacerdotal. “Graças a Deus, tive ótimos mestres que, como instrumentos de Deus, lapidaram-me. Não é nada meu. É dom de Deus que eu recebi por meio das orientações dos meus formadores”, disse.

SACERDOTE PARA SEMPRE

Dom José Benedito Cardoso, entrega Medalha São Paulo Apóstolo e diploma a Cônego Raphael Peretta Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Sua ordenação presbiteral foi realizada no dia 6 de dezembro de 1969, na Catedral da Sé, pelas mãos do Cardeal Agnelo Rossi, então Arcebispo de São Paulo. Sua primeira Paróquia foi a Nossa Senhora da Livração, no Jardim Brasil, na Região Episcopal Santana, onde permaneceu durante 18 anos, o que marcou profundamente a sua vida, devido à convivência e proximidade com os paroquianos.

“A casa paroquial era pequena e modesta, e naquela época era muito difícil encontrar um telefone. Consegui um aparelho para ficar à disposição da comunidade e a porta sempre ficava aberta para os fiéis fazerem suas ligações. Morava com minha mãe e, sempre após as missas, os fiéis vinham tomar café na casa paroquial. Era muita familiaridade e aconchego mútuo. A casa paroquial não era minha, mas de todos”, recordou.

Na Paróquia Nossa Senhora da Livração, o Cônego também contou com o auxílio de religiosas que contribuíram para a criação de uma creche, que atendia crianças que se alimentavam e contavam com reforço no contraturno escolar. Segundo o Sacerdote, a ligação com a comunidade era muito forte, e mais de 500 crianças carentes eram atendidas nos dois núcleos do projeto.

GRATIDÃO PELA CAMINHADA

No dia 17 de maio de 1985, ele foi nomeado Cônego Catedrático do Cabido Metropolitano de São Paulo, pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo. O Sacerdote foi capelão no Mosteiro da Luz, atuou como Pároco na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Aclimação, e na Paróquia São Gabriel, no Jardim Paulista. Atualmente, colabora na Paróquia São Joaquim, no Cambuci, na Região Episcopal Sé.

Cônego Raphael Peretta também atuou durante anos na formação de sacerdotes e diáconos na etapa da Teologia, e enfatizou que durante toda a sua missão plantou as sementes com o coração sempre aberto, rezando para que o Senhor da messe as fizesse crescer.

“Vejo toda a minha vida como uma grande bênção de Deus. Devo muito à minha família por ter me dado todas as minhas virtudes. Mesmo com pouco conhecimento, minha família sempre contribuiu com o meu desejo de servir a Deus com muita disposição. Todos os dias, agradeço por tanta bondade de Deus na minha vida, mais do que mereço”, concluiu.

(Texto feito sob a supervisão de Daniel Gomes)

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Maria Ester Zapella
Maria Ester Zapella
4 meses atrás

Minha mãe trabalhou muitos anos na igreja com o padre Rafael trabalhava na oficina como costureira como tantas outras que trabalhavam com ela. Tenho certeza que ele ainda se lembra dela hoje há não está mais conosco. Aurelia Zapella. Acho que nossa familia foi uma das primeira a assistir a primeira missa na igreja era bem pequena. Parabéns Padre Rafael pela sua dedicação.