Dom Odilo ordena 5 diáconos que se consagram a serviço dos migrantes

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu, no sábado, 25, a ordenação diaconal de cinco religiosos, de diferentes nacionalidades, da Congregação dos Missionários de São Carlos (scalabrinianos).

A celebração aconteceu na Paróquia São João Batista, no Ipiranga, e contou com a presença de alguns representantes da Congregação e um reduzido número de fiéis, devido à pandemia de COVID-19.

A ordenação foi transmitida pelas mídias digitais, podendo ser acompanhada pelos familiares dos candidatos, em seus países de origem. Foram ordenados Dominikus Ratu, 31, e Thomas Maryo Tae, 30, da Indonésia; Constant Munkala, 33, da República Democrática do Congo; Peter Tran Dinh Khac, 31, e Joseph Nguyen Van Tien, 29, do Vietnã. Todos esses jovens se consagraram a Deus por uma mesma missão: servir e anunciar o Evangelho entre os migrantes, carisma dos scalabrinianos.

MOMENTO DE GRAÇA

Na homilia, Dom Odilo afirmou a respeito da circunstância excepcional em que a ordenação foi celebrada. Ele ressaltou, contudo, que era um momento de graça, que ajuda a perceber que a Igreja precisa continuar a realizar a sua missão, mesmo que de forma extraordinária. “Não sabemos até quando estaremos mergulhados nesta pandemia, mas o Evangelho não pode parar de ser anunciado e a ordenação de vocês é um sinal de Deus de que novos ministros estão prontos a dizer o seu ‘sim’ e servir ao seu povo”, enfatizou.

“Vocês, que estão se preparando para assumir a missão voltada aos migrantes, são chamados a servir a Deus nesta população que tanto precisa, sendo o sinal de que Deus não os esquece e os acompanha, de que precisam do estímulo da Igreja para serem testemunhas do Evangelho onde estejam”, salientou o Arcebispo, ao falar da missão dos scalabrinianos.

SERVIDORES

Dom Odilo sublinhou que, ao receber o primeiro grau do sacramento da Ordem, os ministros são chamados a realizar a missão de Cristo no serviço da caridade, do anúncio da Palavra e da santificação das pessoas, por meio dos sacramentos que já podem conferir, o Batismo e o Matrimônio, além de preparar os fiéis para receber os demais sacramentos, especialmente o da Eucaristia, do qual são servidores.

Recordando a memória do Servo de Deus Padre José Marchetti, missionário scalabriniano que está sepultado na igreja onde aconteceu a ordenação, o Cardeal Scherer convidou os novosdiáconos a se inspirarem no exemplo desse irmão de congregação que tanto serviu os migrantes e pobres em São Paulo. “Padre Marchetti se colocou a serviço dos doentes sem se poupar, tanto que faleceu de tifo, que também foi uma pandemia naquela época. Que ele, lá do céu, interceda por vocês de modo muito especial”, disse.

MISSIONÁRIOS DE SÃO CARLOS

A Congregação dos Missionários de São Carlos foi fundada em 1887, em Brescia, Itália, pelo Beato João Batista Scalabrini, sendo aprovada pelo Papa Leão XIII, em 28 de novembro do mesmo ano. A Congregação é formada pelos missionários de São Carlos, as irmãs missionárias de São Carlos e as missionárias seculares scalabrinianas, além do movimento dos leigos scalabrinianos.

Os scalabrinianos têm como lema “Eu era estrangeiro e me acolhestes (Mateus 25,35)” e, por isso, sua missão e carisma são voltados à promoção da vida de migrantes, na perspectiva de se tornar um deles para melhor compreender e elaborar projetos que atendam efetivamente às demandas desta população.

Em diversos países, os missionários acompanham comunidades e paróquias de migrantes e refugiados, oferecendo assistência espiritual e pastoral. Com a perspectiva de acolhida e hospitalidade, a Congregação também dispõe das “Casas do Migrante”, onde são oferecidos alimento, hospedagem, atendimento espiritual, orientação e primeira atenção médica. Em São Paulo, estão presentes em diferentes comunidades, com destaque para a Paróquia Nossa Senhora da Paz, na região central, onde é mantida a Missão Paz.

Os scalabrinianos também são responsáveis por centros de estudos migratórios, com o objetivo de aprofundar a compreensão do fenômeno migratório. Esses centros estão presentes em cidades como Nova York, nos Estados Unidos; Paris, na França; Roma, na Itália; Cidade do Cabo, na África do Sul; Buenos Aires, na Argentina; Manila, nas Filipinas; e São Paulo.

FORMAÇÃO

Os novos diáconos iniciaram o caminho formativo na Congregação em 2008, no Seminário Propedêutico, na Ilha das Flores, na Indonésia. Desde então, passaram por diversas etapas formativas em diferentes países, o que permitiu que já vivenciassem a experiência migratória.

O Diácono Joseph reconheceu que não foi fácil deixar sua terra para partir em missão, mas não se arrepende da decisão de se tornar um missionário. “Pelo amor, Deus me chamou. E pelo amor, eu respondi a este chamado com todo o meu coração em amar e servir a Deus e ao seu povo, especialmente aqueles que são mais necessitados”, afirmou.

Para o Diácono Constant, muitos migrantes se encontram desenraizados espiritual e culturalmente e precisam que alguém de seu povo esteja junto com eles para acompanhá-los. “Estar exclusivamente a serviço dos migrantes se tornou uma missão importante que responde ao que Jesus nos pede no Evangelho”, disse.

MIGRANTE ENTRE OS MIGRANTES

O Diácono Dominikus conheceu a Congregação por meio de um missionário mexicano que foi à sua escola falar sobre a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada, e o carisma scalabriniano. Ele destacou que, por trás da sua resposta ao chamado de Deus, também está a sua experiência pessoal de vários familiares que migraram para outros lugares em busca de uma vida melhor. “Poder ser migrante entre os migrantes fortalece ainda mais aquele chamado que recebi de Deus no início, sabendo dos desafios e as dificuldades que a vida traz para os próprios migrantes, a língua, os costumes, a cultura…”, ressaltou o jovem.

O Diácono Peter sentiu o chamado para a vida consagrada ainda criança, mas somente depois de concluir o Ensino Médio ingressou na Congregação. “Minha felicidade está em poder servir o povo por meio dos sacramentos, levando conforto espiritual para essas pessoas que vivem tantos desafios”, manifestou.

“Foi pela graça de Deus que eu cheguei a esta etapa da caminhada formativa. Minha resposta a este chamado é estar disposto a servir a Deus que se manifesta no rosto dos migrantes, refugiados e marinheiros, ser um com eles, viver a diversidade cultural e aceitar o outro como um irmão, assumindo a humildade e a acolhida como um valor missionário”, completou o Diácono Thomas.

Como diáconos, esses jovens continuam sua caminhada formativa rumo à ordenação presbiteral, prevista para o próximo ano, nos países de origem de cada um deles.

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