Em encontro com seminaristas, Dom Odilo destaca empenho da Igreja com a unidade dos cristãos

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, participou, na sexta-feira, 5, do encontro com os seminaristas e formadores que marca o início do ano formativo.

Devido à atual pandemia, a reunião aconteceu on-line. Os grupos, reunidos em cada uma das quatro casas de formação que compõem o Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição conectaram-se ao Arcebispo para um momento de diálogo e retomada das atividades após o período de férias. Também foi oportunidade de acolher os 16 jovens que ingressaram este ano no Seminário Propedêutico, primeira etapa do caminho formativo para o sacerdócio.

O Cardeal Scherer dedicou a reunião para aprofundar o tema do ecumenismo, no contexto da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, que tem como tema “Fraternidade e Diálogo”.

Caminho

Dom Odilo explicou que o ecumenismo é um conjunto de ações e esforços das Igrejas cristãs para a superação da divisão na Igreja e para a reconstituição da sua unidade.

“Ao longo dos séculos a Igreja de Cristo acabou se dividindo em uma série de igrejas que conservam, em diferentes proporções, a genuína tradição apostólica, o patrimônio da fé cristã”, destacou o Arcebispo, lembrado que a Igreja Católica, apesar dos altos e baixos da sua história, perseverou na fé transmitida pelos apóstolos. “Por isso, entendemos que o caminho ecumênico é busca da unidade ferida ao longo do tempo e que continuam. Será que como estamos é da vontade de Deus?”, completou.

Em seguida, o Cardeal indicou os três documentos  do magistério da Igreja referenciais para do diálogo ecumênico, ressaltando ser essencial que aqueles que se preparam para o sacerdócio os conheçam e se interessem pelo tema.

“Atualmente, são ditas muitas coisas sobre o ecumenismo que não correspondem ao que a Igreja ensina a esse respeito. O Padre, o bispo precisa sempre se lembrar que é um homem da Igreja e, portanto, deve falar em nome da Igreja e expressar aquilo que é a posição da instituição, não simplesmente uma posição individual. Por isso, temos que nos interessar pelo pensamento e pela doutrina da Igreja nos seus textos oficiais”, recomendou.

O primeiro desses documentos é o decreto Unitatis redintegratio, do Concílio Vaticano II (1962-1965), que define o ecumenismo e aborda o esforço das Igrejas na busca do diálogo e da unidade. O segundo é a encíclica intitulada Ecclesiam suam, escrita por São Paulo VI em 1964.

‘Que todos sejam um’

O terceiro documento destacado por Dom Odilo e sobre o qual ele aprofundou a reflexão é a encíclica Ut unum sint, escrita por São João Paulo II em 1995, em preparação do Grande Jubileu do ano 2000.

O Cardeal ressaltou que, nesse texto, o Papa Wojtyla “faz uma exposição apaixonada sobre o caminho ecumênico”, exortando a Igreja toda a percorrer esse caminho com coragem e perseverança, “mesmo sabendo que é um caminho difícil, cujos frutos nem sempre aparecem logo”.

“De fato, muitas iniciativas ecumênicas frutificaram após o Concílio. Foi o entusiasmo de uma nova posição. Mas, com o passar dos anos, foram aparecendo mais as dificuldades desse caminho, que não se resolvem simplesmente com a boa vontade, mas requer conversão e um diálogo de fé e teológico aprofundado”, explicou o Cardeal, referindo-se ao esforço pela superação das dificuldades doutrinais entre as diferentes comunidades cristãs.

‘Para que o mundo creia’

“É  desejo de Cristo que a  Igreja busque a unidade, não que sejamos divididos”, enfatizou o Arcebispo, acrescentando que o testemunho da união entres os cristãos fortalecerá o testemunho da fé, da evangelização e da vida da Igreja. “São palavras do próprio Jesus, que pediu aos discípulos fossem unidos nele, para que, dessa forma, o mundo creia”, completou.

Por fim, o Cardeal frisou que ecumênico é essencialmente um caminho de conversão que só é possível se houver a acolhida da Palavra de Deus, docilidade ao Espírito Santo, sinceridade na busca da verdade e a oração. “Sem isso, não existe a possibilidade de conversão, tampouco de ecumenismo. Seria apenas uma elucubração acadêmica ou se perderia no debate infinito sobre as divisões, amarguras e ofensas”, completou.

Seminário

Atualmente o Seminário Arquidiocesano conta com 85 seminaristas, sendo 24 na Teologia,  22 na Filosofia, 16 no Propedêutico, 19 no Seminário Missionário Redemptoris Mater (sendo 5 desses em experiência missionária externa) e três diáconos que serão futuramente ordenados sacerdotes.   

Também participou do encontro virtual Dom Ângelo Admeir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga e designado pelo Arcebispo para acompanhar a Pastoral Vocacional e os seminários.

Ao saudar os seminaristas e formadores, o Bispo Auxiliar enfatizou que os seminários são lugares preciosos para a Igreja e recordou a etimologia da palavra “seminário”, lugar onde são cultivadas as sementes. Assim, ele desejou que as sementes da vocação germinem, cresçam, frutifiquem e amadureçam.

Dom Ângelo exortou os vocacionados a estarem sempre comprometidos com seu itinerário formativo, às orientações dos formadores, professores, diretores espirituais e confessores. Por fim, lembrou que a base do caminho vocacional é a oração. “Não há vocação, nem consagração sem a oração. É ela que abre o espírito para o profundo discernimento do chamado de Deus”, concluiu.

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