Governo dos Estados Unidos libera pesquisa com tecidos e órgãos de bebês abortados

Medida do governo Biden reverte decisão anterior de 2019 e é criticada por grupos pró-vida. Igreja Católica tem explícito posicionamento contra tais experimentações, considerando-as um crime contra a dignidade dos seres humanos, conforme consta no documento Dignitatis personae

Foto: March for Life Action (registro fotográfico anterior à pandemia de COVID-19)

Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), que são as agências de pesquisa médica mais importantes dos Estados Unidos, reverteram restrições anteriormente impostas a pesquisas que utilizem tecido e órgãos de bebês abortados. Tais estudos são financiados com dinheiro público.

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), do qual fazem parte os NIH, comunicou no dia 16 que irá eliminar o requerimento adotado pelo governo de Donald Trump em 2019, que obrigava a revisão por uma comissão de ética de todas as propostas de pesquisa do tecido fetal.

“Este tipo de pesquisa experimental é uma grave violação da dignidade humana e não é onde a maioria dos norte-americanos quer que o dinheiro dos impostos seja gasto. O governo não tem por que criar um mercado para as partes do corpo de um bebê abortado”, lamentou Tom McClusky, presidente da organização pró-vida March for Life Action, em entrevista à ACI Digital.

Para Marjorie Dannenfelser, presidente da organização pró-vida Susan B. Anthony List, com essa decisão, o governo Biden obrigará os norte-americanos “a serem cúmplices em experimentos bárbaros usando partes de corpos extraídos de crianças inocentes assassinadas em abortos, sem limites de qualquer tipo”.

Tara Sander Lee, pesquisadora principal e diretora de ciências da vida no Charlotte Lozier Institute, também fez críticas veementes à decisão: “Explorar os corpos desses jovens humanos é desnecessário e grotesco. Existem alternativas éticas disponíveis, como os modelos de células-tronco adultas utilizados ​​por inúmeros cientistas ao redor do mundo para desenvolver e produzir medicamentos avançados que tratam pacientes agora, sem a exploração de nenhuma vida inocente”.

Retrocesso em relação à política anterior

O conselho assessor de ética federal dos NIH, que se reuniu em 2020, incluiu vários bioeticistas católicos, como padre Tadeusz Pacholczyk, diretor de educação do National Catholic Bioethics Center, e Greg Burke, copresidente do comitê de ética da Catholic Medical Association (CMA)

Na ocasião, o conselho votou por reter o financiamento federal de 13 propostas diferentes de pesquisa de tecido fetal, por terem “sérios problemas éticos e de consentimento descobertos durante a revisão da proposta”, afirma uma comunicado do Charlotte Lozier Institute.

A voz da Igreja

Na instrução Dignitatis personae, publicada pela Congregação para a Doutrina da Fé em 2008, ao se falar sobre a expansão dos experimentos com embriões no campo da pesquisa bioética, não há dúvidas sobre a posição contrária da Igreja  a este respeito:

“O uso de embriões ou de fetos humanos como objeto de experimentação constitui um crime contra a sua dignidade de seres humanos, que têm direito ao mesmo respeito devido à criança já nascida e a qualquer pessoa. Estas formas de experimentação constituem sempre uma desordem moral grave”, consta em um dos trechos documento.

Fontes: ACI Digital e Vatican Va

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