Legalização do aborto na Argentina: ‘lei anti-humana e anti-cristã’

Dom Marcelo Sánchez Sorondo com Papa Francisco (Reprodução da internet)

O Arcebispo argentino Dom Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais do Vaticano, lamentou a provação da legalização do aborto na Argentina, em 30 de dezembro. 

“É muito triste que com um Papa argentino e quando há um partido no governo cujos fundadores e presidentes são contra o aborto, tenham aprovado uma lei anticonstitucional, anti-humana e anticristã, permitindo-se ser colonizados ideologicamente pelo pensamento dominante”, afirmou o Prelado, em entrevista ao jornal argentino La Nacion.

Sánchez Sorondo aludiu, com sua frase, ao peronismo e aos ex-presidentes Juan Domingo Perón e Néstor Kirchner e não escondeu sua decepção. Na véspera da votação, a partir de sua conta no Twitter o Arcebispo fez um apelo aos senadores argentinos: “Senadores da Argentina, no dia 29, peço que sigam o exemplo de um grande presidente nosso: ‘não deixem suas convicções profundas nos degraus do Senado’ – saibam defender a vida como ele a defendeu”, exortou. 

Papa Francisco 

O prelado foi o único que falou publicamente sobre o tema no Vaticano, onde reinou “grande pesar” sobre a legalização do aborto “em um país com uma longa tradição católica como a Argentina”. “A Argentina não é a Holanda, é o país do Papa, é delicado… O que corresponde é que os bispos do país falem”

Francisco nunca interviu oficialmente no debate que antecedeu a legalização do aborto, por se tratar de uma ingerência em matéria de ouro Estado, o Papa Francisco permitiu que o episcopado local expressasse sua rejeição, como sempre ocorreu. 

No entanto, o Pontífice se manifestou de forma indireta, por meio de entrevistas e cartas privadas, como a que enviou em 22 de novembro à deputada Victoria Morales Gorleri, em resposta a uma carta recebida das “mujeres de las villas”, uma rede de mulheres que, desde 2018, luta pela tutela dos nascituros, especialmente nos bairros populares de Buenos Aires.

‘É justo eliminar uma vida humana?’

O Pontífice “agradece de coração” às “mujeres de las villas”, expressando admiração “por seu trabalho e seu testemunho” e encorajando-as a “seguir em frente”. “O país se orgulha de ter mulheres assim”, continua Francisco, destacando que “o problema do aborto não é principalmente uma questão de religião, mas de ética humana, antes mesmo de qualquer confissão religiosa”. Por isso, o Papa reitera que “é bom fazer-se duas perguntas: para resolver um problema, é justo eliminar uma vida humana? É correto contratar um assassino?” A carta do Papa se conclui com uma bênção para as mulheres e o pedido para “não se esquecerem de rezar” por ele.

No mesmo dia em que a votação no senado argentino chegou ao fim, o Santo Padre, durante sua Audiência Geral, na Biblioteca do Palácio Apostólico, ao refletir sobre a oração de ação de graças, disse que o mundo está dividido entre quem não agradece e quem agradece e em uma parte de seu discurso mencionou o “dom da vida”. “Os cristãos, como todos os crentes, bendigam a Deus pelo dom da vida. Viver é antes de tudo ter recebido a vida. Todos nascemos porque alguém desejou a vida para nós”, disse o Papa.

Algumas agências de notícias argentina e internacionais informam que o Pontífice chegou a telefonar para alguns deputados e senadores para que votassem contra a legalização do aborto. No entanto, o Vaticano não confirmou a informação. 

Episcopado

No dia do resultado da votação no Senado, a Conferência Episcopal Argentina emitiu um comunicado no qual manifestou que a Igreja naquele país, reafirma, com irmãos e irmãs de diferentes credos e também com muitos não crentes, que continuará a trabalhar com firmeza e paixão no cuidado e no serviço à vida”. 

De acordo com o episcopado argentino, essa lei vai aprofundar ainda mais as divisões no país. “Lamentamos profundamente o distanciamento por parte das lideranças dos sentimentos do povo, que se expressaram de várias maneiras a favor da vida em nosso país”.

“Estamos certos que o nosso povo continuará sempre a escolher toda a vida e todas as vidas. E com ele continuaremos a trabalhar por prioridades autênticas que requerem atenção urgente em nosso país”, ressaltou a Conferência que apoiou as inúmeras manifestações em defesa da vida no país, além de promover um dia de jejum e oração, na véspera da votação. 

(Com informações de La Nacion e Vatican News)

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Elizabeth
Elizabeth
3 anos atrás

Que falta faz João Paulo II nestes tempos sombrios, grande Papa evangelizador, que estaria mantendo a Igreja unida🙏🏼🕊, ao contrário do papa Francisco, uma catástrofe da religião Católica Apostólica Romana, o próprio anticristo.✝️😢
Hoje, nosso querido Santo João PauloII.🙏🏼