Morre jornalista José Maria Mayrink

José Maria Mayrink, durante a Assembleia Geral da CNBB, em 2019 (Foto: Imprensa/CNBB)

Morreu na madrugada dessa quarta-feira, 23, o jornalista José Maria Mayrink, aos 82 anos, vítima de leucemia.

O comunicado foi feito por uma de suas filhas, Mônica Mayrink, por meio da rede social do próprio pai. “Lutou como um guerreiro. Descansa agora como um anjo. Por toda a sua generosidade, caráter e fé, temos a certeza de que hoje é dia de festa no céu!”, manifestou a filha.

Biografia

Nascido em Jequeri (MG), em 26 de julho de 1938, Mayrink era formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, em são Paulo e trabalhou em diversos jornais e revistas, especializando-se na cobertura da editoria de religião. Nos últimos 20 anos, trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo.

Foi o profissional de imprensa que mais cobriu as assembleias gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre 1967 e 2019.

Aos 13 anos entrou no Seminário de Mariana (MG) de onde se transferiu para Petrópolis (RJ) para estudar Filosofia e Teologia no Instituto Teológico Franciscano. Nessa época, escreveu o livro Pastor e Vítima (São Vicente, 1960), sob o pseudônimo de Augusto Gomes, nome de família de sua mãe.

Jornalismo

Em 1961, deixou o seminário e foi lecionar latim e português em Ponte Nova (MG), onde por cerca de um ano colaborou como repórter no semanário Jornal do Povo. No ano seguinte, mudou-se para Belo Horizonte (MG) e iniciou o curso de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que não concluiu. Na época, acumulou os estudos com a atividade de repórter no Correio de Minas (MG) e, em seguida, passou a escrever sobre temas gerais também para as revistas Três Tempos e Alterosa.

Na sequência teve uma breve passagem pelo Diário de Minas (MG) e fez nova mudança, dessa vez, para a capital do Rio de Janeiro (RJ), onde viveu por cinco anos e trabalhou nos jornais Correio da Manhã, O Globo e Jornal do Brasil, além da Rio Gráfica e Editora.

Em 1968, a convite da revista Veja, foi para São Paulo e por cerca de um ano cobriu assuntos de Internacional e Religião, entre outros temas, para o veículo. Depois, passou a atuar como repórter especial e redator do Jornal da Tarde. Permaneceu por quase nove anos na função, realizando matérias também para O Estado de S. Paulo. Durante o período, teve a oportunidade de cobrir o golpe militar do Chile, em 1973 e, três anos depois, acompanhou a viagem do presidente Ernesto Geisel (1907-1996) à França, Inglaterra e Japão. Pelo JT, ganhou os prêmios Imprensa do Governo do Estado, Rondon de Reportagem e Esso de Jornalismo, este em 1971, pela cobertura de problemas urbanos da cidade de São Paulo, realizada em parceria com jornalista Ricardo Gontijo.

Coberturas

Em 1977, decidiu retornar a Minas Gerais. Foi trabalhar na sucursal do JB, em Belo Horizonte, mas em menos de dois meses já estava de volta como editor internacional de O Estado de S.Paulo, cargo que ocupou durante mais de cinco anos. No período, viajou à Argentina, onde cobriu o conflito do Canal de Beagle; foi para a Colômbia acompanhar o sequestro de embaixadores; esteve em Cuba, de onde escreveu sobre a saída em massa de refugiados, e, por três vezes, viajou a países da América Central, sempre cobrindo golpes e guerrilhas. Foi o último repórter a entrevistar o célebre dom Oscar Romero (1917-1980), assassinado três dias depois em São Salvador e canonizado pela Igreja Católica em 2011. Em 1983, acompanhou a visita de São João Paulo II (1920-2005) à Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Haiti.

Entre 1989 e 1991, trabalhou como editor de Religião, entre outros temas, na revista Família Cristã, da Paulinas Editora, na capital paulista. Em seguida, ingressou na sucursal paulista do JB. Como repórter especial, viajou duas vezes a Cuba, em 1994 e em 1998, onde fez a cobertura da visita do papa à ilha de Fidel Castro. Na virada do século XXI, retornou ao Grupo Estado, na função de repórter especial de O Estado e, posteriormente, acumulou o cargo de editor executivo de Internacional do veículo.

Na última década, cobriu pelo jornal assuntos da CNBB e do Vaticano, viajou três vezes ao Haiti e de novo a Cuba, de onde escreveu sobre a reunião dos bispos latino-americanos. Em 2002, acompanhou a viagem de São João Paulo II à Cracóvia, na Polônia, e foi o correspondente da canonização de Santa Paulina, em Roma.

Em 2005, acompanhou o conclave que elegeu Bento XVI. Em maio de 2011, foi à Roma, de onde realizou a cobertura da beatificação de São João Paulo II.

Mayrink era autor de sete livros, como “Solidão”, “Anjos de Barro”, “Vida de Repórter” e “Pastor e Vítima”.

Funeral

O corpo de José Maria Mayrink será velado nesta tarde, no Cerimonial Pacaembu (Avenida Pacaembu, 1254), das 15h às 19h, seguindo as restrições e protocolos sanitários próprios da atual pandemia.

(Com informações de: Portal dos Jornalistas e CNBB)

Leia, a seguir, a mensagem de condolências enviada pela Arquidiocese de São Paulo:

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Álvaro Barbosa
Álvaro Barbosa
3 anos atrás

Acompanhava no Estadão sempre suas reportagens sobre à Igreja. Grande jornalista. Fará falta, pois poucos jornalistas sabiam cobrir tão bem como o Mayrink.